As ruas não mudam, ainda há corrupção como antes, mortes sem sentido, cobrança de viciados, estupros... A podridão do ar nas esquinas e becos, nem o perfume levemente amadeirado é capaz de me fazer não sentir isso... Acelero o carro em direção a rua Baxter, para retornar a unidade.
Ao chegar no posto policial, estaciono o carro ao lado de um Maverick preto com rodas cromadas e fedendo a cigarro barato, pego a pasta de documentos e provas do caso Brie e ao entrar na delegacia me deparo com uma cena não tão esquisita; uma prostituta gritando e toda ensanguentada, com a cabeça de um homem na mão, ela ria a cada grito de desespero e prazer:
"Você não fizeram nada... NADA! Então eu... Hahahaha eu fui e fiz, vocês são um bando de porcos inúteis pagos para serem calados enquanto fingem fazer seu bom trabalho, pensam no povo e na sua suposta segurança... Eu tenho NOJO de vocês!"
Então, o sargento Willis se aproxima lentamente; um homem alto com quase um metro e noventa e cinco, barba feita, não tão musculoso, com seu sorriso sarcástico e olhar de compaixão; dentre todos o único sem medo da situação. Ele diz enquanto chega perto:
"Senhorita Trish, honestamente, sabemos que este homem estava morto há semanas, você não fez nada além de ir até sua sepultura e arrancar a cabeça enquanto se banhou no sangue de algum outro pobre coitado que seu clube de putas assassinou. Nós fizemos o nosso trabalho sim, mas se a cada cliente que vocês tiverem for acusado de estupro, serei forçado a aprisionar todas vocês com prisioneiros de verdade para serem usadas e destruídas até que não sobre um parafuso em vocês. Pare com isto, vá embora e não iremos fazer nada com você."
Ao olhar a situação, pude notar mais alguns policiais prontos para agirem caso ela tentasse algo, como detetive, pude apenas observar a ação; pois como disse, não era algo incomum.
A senhorita Trish o olha com desdém e vergonha retrucando a ofensa:
" Eu não fiz nada?! Morto há semanas? Willis... Você é tão ridículo e mesquinho, não passa de um playboy mimado enfiado nessa unidade porque seu pai teve pena do seu baixo desempenho na academia militar, além é claro de ter traído a sua mãe com uma puta e ter tido você. Acredito ainda que ele te colocou aqui para que pudesse lidar com mulheres como a sua mãe, porém tudo que vejo é um garoto que acredita ter o mundo aos seus pés. Eu vou matar cada um que forçar as minhas meninas, não deixarei que nenhuma criatura as use sem que pague para isso."
Willis me olha surpreso e ignora quase que completamente a mulher:
"Agente Kevin, presumo que pelo sangue em suas vestimentas e a calça mal abotoada tenha se divertido bastante na caçada."
Olhei para os dois e disse em sarcasmo:
"Pois bem, deveríamos fazer o mesmo comentário à senhorita Trish então, pois pelo visto caçamos juntos esta noite."
Quando ela se virou, pude notar um corset de couro levantando seus seios e modelando sua cintura, botas cor vinho que se misturaram ao sangue da vítima, um laço tatuado na perna esquerda, os cabelos castanhos e levemente encaracolados, olhos verdes e cansados, lábios grossos e avermelhados, pele morena e com manchas de sangue da vítima.
Ela então diz:
"Você... Eu vi que você frequentou a boate da rua 57 recentemente, vi também que Brie o olhava muito, ela sabia então o que você estava fazendo lá. Onde ela está?"
Olhei ao redor e todos continuavam ali, paralisados e até murmurando algumas coisas, respondi:
"Senhorita Trish, por favor me acompanhe e... Entregue a cabeça deste homem ao sargento Willis, ele saberá o que fazer melhor com ela."
Ela reluta mas Willis usa de força para fazer com que ela solte a cabeça enquanto diz:
"Você e seu clube de putas serão dizimados desta cidade, nós iremos reconstruir esta cidade e vocês serão eliminadas com muito, muito prazer."
Então eu o interrompi:
"Sargento, já chega. Acho que a dama já entendeu o recado. Solte-a imediatamente ou serei forçado a tomar medidas severas contra o senhor."
Com sinal de deboche ele vai soltando e me responde:
"Aí Agente, vê se deixa ela inteira depois do interrogatório, adoraria provar um pouco dessa carne também."
Com um breve sorriso eu investi contra ele transformando apenas minha mão em garras lupinas e cravando-as em seu peito:
"Eu sei que você é um maldito réptil e isso não vai lhe dar problema, mas se acredita que cada fêmea é um objeto de uso coletivo ou algo do tipo, eu tenho repúdio de você, Willis."
Senti seu coração pulsar, seu sangue frio escorrer e ele me empurrou contra seu corpo, regenerando lentamente e dizendo ofegante:
"Covarde... Eu devia saber que você não passa de uma besta, uma fera puramente instintiva... Isso não vai ficar assim."
Ele se retira levando alguns policiais consigo enquanto me encaminho para a sala de interrogatório com a senhorita Trish. A sala estava com cheiro de perfume barato, bebida de má qualidade e com um lustre iluminando a mesa.
Puxei a cadeira para que ela pudesse se sentar, ela refuta e levanta a perna pisando na mesa:
"Eu sei o que você quer comigo, Agente."
Peguei um café na velha cafeteira, com o aroma não tão fresco e nem tão quente assim, parecendo ser de cedo. Tomei um gole e descobri que não era aquele de hoje, começando a dizer:
"Não. Você não sabe as informações que desejo, e por favor, não faça isso. Eu já eliminei uma, não me faça eliminar outra."
Ela olha espantada enquanto coloco os documentos na mesa ignorando sua pose, a fazendo recompor e olhar para os arquivos enquanto concluo:
"Brie, a garota raposa, que foi inúmeras vezes abusada até que o senhor prefeito a pegou para si e transformou naquela criatura... Acredite, eu adorava vê-la dançar, mas não podia deixar que ela continuasse os assassinatos."
Então ela abre as pastas e vê as imagens das cenas do crime, corpos sugados e destruídos, marcas de garras, sangue, triangulação de provas, fios de cabelo dela... A face dela chocada e em prantos quase me fez acreditar, então eu disse:
"Você vai ser presa senhorita Trish, infelizmente eu não estou acima da lei e provas são provas."
Ela me olhou com desespero nítido, porém, a voz calma junto com a transformação para uma ursa meio ciborgue tomaram a cena e ela sorriu dizendo:
"Me parar... Você não vai. Não aqui e nem agora."
Puxei a .45 e ela apenas ri e diz:
"Acha que balas param o que eu sou? Saia da frente e pouparei sua vida."
Engatilhando a arma respondo:
"Não as convencionais, Trish."
Ela avança contra minha mão, mas o movimento não é tão rápido e acabo atirando contra seu corpo, as balas saem se transformando em micro agulhas com sedativos, fazendo com ela ficasse estática e caísse no chão de forma instantânea.
Ouço barulho no corredor e vejo movimentação na fresta da persiana, vou até a janela e saio daquela sala indo em direção a escada de incêndio do prédio para entender o que está acontecendo, mas nada encontro ali, ao retornar para a sala, Trish já não estava mais lá, não havia traço de sangue nem nada no chão infelizmente, sequer havia cheiro no ambiente senão do café velho e da bebida de má qualidade; entretanto, a porta estava escancarada....#Lobo_Pala
VOCÊ ESTÁ LENDO
Wolfstran - Dias atuais
RandomAmbientado no subúrbio de uma época decadente entre cyberpunk e noire, um Agente expulso da polícia se torna detetive particular desvendando o sobrenatural enquanto faz o estudo dos casos mais variados, desde sequestradores até cultos de adorações d...