Reencontro

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Eu não sei muito bem de onde surgiu o desejo de me matricular nas aulas de patinação. Só sei que eu já tinha tentado praticamente de tudo ao longo da minha vida. Do piano até o violino e do basquete até o futebol, e agora iria investir na patinação sobre o gelo.

Nos meus vinte anos de idade eu me aventurei a ponto de experimentar de tudo, mas não sabia que quando chegasse à casa dos trinta, encontraria com o meu primeiro amor em uma dessas aventuras. Tudo começou com um anúncio no jornal, quando eu tomava o meu café da manhã.

— Jimin, eu vou cancelar a assinatura do jornal da manhã. Não tenho tempo para lê-lo — Taehyung disse. Ele era o meu único amigo e dividimos o apartamento.

— Eu também moro nessa casa, esqueceu? - enfatizei com ironia. — Me passa o jornal, por favor, alguém desta casa tem que ler.

Sorrindo, Taehyung me passou o noticioso e saiu logo em seguida da cozinha, me deixando sozinho. Abri as folhas e passei meus olhos por ali, lendo as notícias trágicas daquela manhã. O mundo estava mesmo uma loucura, onde vamos parar com tanta violência? Tenho até medo do futuro.
Quando cheguei à última página, me deparei com um anúncio interessante. Um professor de patinação estava dando aula quase de graça pelos próximos dias. Fechei o jornal pensativo e olhei através da janela a neve e o vento frio que batia contra o vidro.

Eu nunca havia patinado e não sabia como era deslizar sobre o gelo usando apenas uma lâmina como apoio. Rapidamente, abri os classificados novamente e li o que estava ali com mais atenção. Não custaria nada eu me inscrever nas aulas e ajudar outra pessoa, né.

Peguei então o celular, liguei para aquele número e fui atendido no primeiro toque. Fiquei surpreso ao saber que eu começaria a primeira aula naquela manhã mesmo. O cara estava mesmo desesperado.

Desliguei a chamada e corri para o banheiro. Provavelmente chegaria atrasado à minha primeira aula, mas não liguei, eu tinha me inscrito de última hora. Então eu possuía alguns respaldos.

Agora arrumado e de cabelos penteados, peguei o celular, a chave do carro e corri para a garagem, mas antes, olhei o endereço que foi me mandado por mensagem. Memorizei a rota, liguei o carro e dirigi até lá.

O lugar das aulas era em uma residência comum. A propriedade era grande, coberta com árvores em volta, que estavam cobertas de neve. Os muros eram altos e o portão cheio de grades finas e resistentes. Estacionei o carro na calçada, desci e bati no portão de ferro. Não demorou e fui atendido por um homem alto de cabelos pretos, que usava uma blusa de frio grossa até o pescoço.

— Você é o Jimin? — me perguntou.

— Sou sim! — confirmei.

— Entre. O professor já começou a aula.

Revirei meus olhos levemente. Como se eu não soubesse que estava atrasado, né.

Passei pelo portão e seguimos por um caminho de pedras que passava pelo jardim congelado e levava até a casa. A porta foi aberta pelo homem e entramos em uma sala completamente vazia. Ali, as paredes eram cobertas por espelhos que iam do chão até o teto, mas acabei percebendo uma porta no canto direito do cômodo.

— Aqui é uma das salas de prática, mas só para os alunos do nível dois. Os avançados estão na pista de gelo e os iniciantes, como você, ficam bem ali, entrando naquela porta. — O homem apontou para a madeira. — Pode seguir até lá. Quer que eu te acompanhe?

— Não, obrigado! — Não sou mais uma criança, cara. Eu tenho 30 anos. Reclamei em pensamentos.

— Tudo bem. No próximo encontro, vamos precisar de alguns documentos seus. Não se esqueça de trazê-los. A propósito, sou Kim Namjoon.

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