Sobre representatividade

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Estou de volta depois de tanto tempo, a maior correria, mas achei importante trazer esse tema. Vou voltar a fazer listas com famosos que você possam usar nas fanfics de vocês! Recebi um comentário aqui e me senti inspirada a voltar, então é isso.

Acho extremamente importante pontuar sobre representatividade. É importante, é um tema extremamente atual e muitas vezes não discutido da forma correta.

Representatividade não é só colocar um personagem preto, asiático, LGBTQIAP+* não.

Acho interessante já desmistificar isso de cara, porque leva a várias discussões. Colocar por exemplo uma personagem feminina preta, mas que só serve como “orelha” da protagonista branca, que não tem história, nem conflitos não é representatividade. Inserir na história uma minoria apenas por inserir não é representatividade.

Um exemplo muito claro em que vejo isso é na Taylor McKessie e no Chad Danford de High School Musical. Ambos são os melhores amigos de Gabriella Montez e Troy Bolton respectivamente, mas você não vê a casa deles, não sabe muito dos pais deles. Eles estão ali apenas pra serem secundários, os amigos dos protagonistas. Nem o romance de Taylor e Chad é aprofundado, tanto que praticamente “do nada” eles começam a ficarem juntos no terceiro e último filme.

Vale lembrar que temos um aprofundamento muito maior na história de Sharpay e Ryan Evans. Aliás, Sharpay inclusive ganhou um filme solo. Taylor mal cantava na trilogia de filmes, mostrando onde nós, mulheres pretas, estamos na sociedade: abaixo de todos.

Outra representação extremamente problemática é a da novela Salve-se Quem Puder. Na trama, colocaram várias mulheres pretas apenas para serem rivais das protagonistas, as “mocinhas”, curiosamente todas brancas. As mulheres pretas eram rivais amorosas e faziam vários planos para “estragar” a vida das mulheres brancas e a história delas se resumia a isso.

Atualmente tem ainda a novela Nos Tempos do Imperador, em que Samuel, um homem preto ex-escravizado tem um relacionamento com a Pilar, mulher branca que quer ser médica. O tempo inteiro o espectador é bombardeado com cenas de white savior – o branco salvador – , com o personagem falando coisas como “nem pretos nem brancos, humanos”, pra defender a namorada branca, com mitos da democracia racial – nós éramos super bem tratados, os brancos nos ajudavam demais! – e por aí vai.

Além desses casos já citados, ainda tem o reforço dos estereótipos. O ‘homem preto sensual’, a ‘mulher preta fogosa’. A atriz Cris Vianna infelizmente faz muito esse papel, da mulher preta extremamente sensual, de roupas curtas e que vive sambando. Sem nenhum aprofundamento na história da personagem, nenhum romance profundo; apenas uma mulher preta se lavando de mangueira na rua enquanto os homens assobiam.

Esse tipo de representação não configura representatividade e é um grande desserviço. É importante discutir essas questões tanto olhando novelas, filmes, livros, mas também fanfics; e quando formos escrever nossos personagens. Não custa nada colocar mais diversidade e representatividade no que for fazer e pra quem lê/assiste é muito importante.

Lembrem-se: mimimi é a dor que não dói em você.

Obrigada por lerem!

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