Prefácio

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A inveja é uma fera sorrateira, espreitando nas sombras, pronta para devorar aqueles que se deleitam com a felicidade alheia. É uma emoção universal, um veneno que se infiltra em todos, seja de forma suave ou brutal. Para alguns, é uma chama breve, rapidamente extinta. Para outros, porém, é um incêndio devastador, consumindo tudo em seu caminho.

Este é o caso de Hector Weyne.

Desde a tenra idade de dez anos, quando conheceu aquele que se tornaria seu suposto melhor amigo, ele já era marcado pela ausência de amor familiar. Cresceu no seio de uma das maiores organizações criminosas do mundo, uma teia de poder e violência onde a bondade não tinha lugar. Ao contrário de Victor Scott, o filho do advogado que servia sua família, Hector não conheceu o riso despreocupado ou o calor do carinho. Victor tinha tudo o que ele desejava em segredo: o amor dos pais, a liberdade de brincar, a leveza de viver. Mas, para Hector, essas coisas eram meros acessórios à sua superioridade. Ele era o predador; os outros, meras presas.

Quando Grace Lee entrou em cena, uma pequena e doce menina com olhos negros e cabelos dourados, Hector sentiu uma obsessão florescer dentro de si. Não era apenas uma paixão de infância; era uma necessidade ardente de possuir. Quando ela recusou suas investidas e, pior, parecia inclinar-se para Victor, a ira de Hector se acendeu como um inferno pessoal. Ele não via Victor como um amigo, mas como um servo destinado a servi-lo. E Grace, por rejeitar sua soberania, selou seu destino trágico.

Certa tarde, no parque, Hector sentou-se no banco, mergulhado em pensamentos sombrios. Uma presença enigmática surgiu ao seu lado, um homem de olhos azuis cortantes e uma aura sinistra. O menino sabia, instintivamente, que este não era um homem comum. Ele tinha visto aquele rosto antes, uma sombra persistente na periferia de sua vida. O homem falou, sua voz uma mistura de sedução e ameaça:

— O que está esperando para reivindicar o que é seu?

Hector, com a faca já envolvida em seus dedos, respondeu com uma calma mortal:

— Quem disse que eu quero algo?

O riso do homem era como o som de um caixão se fechando, e suas palavras perfuraram o coração sombrio de Hector:

— Falou bem, Weyne. Você não deseja realmente, mas um dia desejará algo tão intensamente que nada poderá impedir sua conquista. E, nesse dia, essa pequena faca será o instrumento de sua vontade.

Hector sentiu uma conexão maligna com aquele homem. Ele o desafiou, pressionando a lâmina contra o pescoço do estranho, apenas para vê-lo se livrar com uma facilidade desconcertante. O homem ajeitou seu terno, imperturbável, como se a tentativa de Hector fosse a de uma criança. Ele continuou, sua voz um murmúrio de destino:

— Você é um Weyne, mas não apenas um Weyne qualquer. Você será lendário, um rei em seu domínio. O que não pode ser seu deve ser destruído ou remodelado. Grace não pode ser remodelada, rapaz. Você é uma fera, então abrace sua verdadeira natureza.

Com essas palavras, o homem desapareceu nas sombras, deixando Hector com uma decisão sombria e inevitável. Ele sabia o que tinha que fazer. A obsessão por sangue, a necessidade de purificar sua alma de qualquer fraqueza, era incontrolável. A ideia de matar o excitava, como uma sinfonia sombria que só ele podia ouvir. E então, ele agiu.

O corpo de Grace Lee foi encontrado na manhã seguinte, em uma cena tão horripilante que fez o país inteiro parar. A doce menina estava em uma casinha de brinquedo no parque, onde costumava brincar nos fins de semana. O local, que antes era um refúgio de inocência, havia se tornado um cenário de pesadelo. A garotinha estava estendida no chão, sua garganta cortada de orelha a orelha, a cabeça pendurada por um fio de carne. Seu cabelo loiro, uma vez radiante, estava embebido em sangue, tingido de vermelho como se em um ritual profano. As vísceras da garota haviam sido removidas e dispostas ao redor do corpo em um padrão grotesco, uma obra de arte macabra que só a mente mais distorcida poderia conceber.

BONECA ELEITA (DARK +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora