(15%) As três da madrugada

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A atmosfera é quase glacial, e penso que nada casa para a exposição apresentada

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A atmosfera é quase glacial, e penso que nada casa para a exposição apresentada.

— Com frio? — Ele questiona ao ver me envolvendo ainda mais na estola.

— Sim, aqui está mais gelado que os demais cômodos. — digo apertando levemente os dedos. 

Ele se aproxima, e sinto que seu grande corpo deve impedir a corrente de ar, que deve sair de algum lugar desse cubo de vidro. A não ser que ele seja a fonte forte de calor, mas isso parece estúpido.

— Melhor? — sua expressão é ocultada pela máscara, mas acho que ele está querendo dizer que a mudança de posição foi proposital.

— Obrigada. — minha voz sai encabulada. 

Decido ser um pouco mais ousada, e olho ao redor antes de falar.

— Você acredita em inferno? — pergunto, minha voz hesitante, mas curiosa.

Ele vira levemente seu rosto de lado, e me encara formando um sorriso faceiro em seus lábios.

Ele virou levemente o rosto, e um sorriso enigmático se formou em seus lábios, como se minha pergunta fosse quase ingênua.

— Claro. — Sua resposta foi simples, direta, mas carregada de uma certeza que me faz questionar se ele realmente acredita ou se há algo mais por trás dessas palavras.

— Claro? — repeti, surpresa pela convicção. Meus lábios apertam, tentando conter mais perguntas, mas a resposta dele me puxa para mais perto, quase como uma maré irresistível.

— Claro. — Ele repete, com uma intensidade que me faz encará-lo mais de perto, como se suas palavras fossem uma verdade incontestável.

Ele, então, de maneira natural e ao mesmo tempo intrigante, pega minha mão e a coloca em seu antebraço, como se fôssemos dois personagens de um tempo antigo, caminhando por entre as obras com uma leveza quase etérea. O toque dele é firme, mas confortável, e a proximidade não me incomoda. Ao contrário, parece me atrair ainda mais.

— As pessoas subestimam o inferno, e isso limita sua percepção. O inferno é forjado pela fúria — uma emoção com poder imenso sobre a existência. Já presenciou o que a fúria faz com as pessoas? — Ele me lança um olhar penetrante, e sua voz, embora baixa, reverbera como um segredo antigo, compartilhado apenas comigo.

Sinto os olhares furtivos ao nosso redor. Alguns poucos presentes na galeria nos observam de soslaio, como se soubessem algo que eu ainda não compreendo. Então ele ri, um som suave, encantador e quase musical, que me prende de forma inesperada.

— Você é músico? — A pergunta escapa dos meus lábios antes que eu possa me conter, um desvio repentino, como se por um instante eu tivesse perdido o fio da conversa. — Desculpe, eu...

Ele sorri de novo, e desta vez há uma leveza nostálgica em seu olhar.

— Não precisa se desculpar. Você é muito perceptiva. Gosto disso.

BONECA ELEITA (DARK +18)Onde histórias criam vida. Descubra agora