- Carla?
- Desculpa! Desculpe Helen, estava distraída. Você e a Clarice são casadas?
- Sim, nos casamos a pouco tempo, mas no início foi bem complicado, depois te conto com mais tempo.
Saí da empresa direto para o hotel. Não sei por que, mas senti vontade de chorar. Nunca fui de chorar de tristeza ou até mesmo de alegria, minha felicidade sempre era perceptível a quem olhasse dentro dos meus olhos, mas ELA é a única razão pela qual eu já chorei de verdade um dia, e hoje, por obra do destino estou chorando pela mesma pessoa. Quando tudo veio abaixo alguns anos antes, me senti bastante culpada, levou muito tempo para superar tudo o que havia acontecido.
Decidi esperar a hora de sair novamente, mesmo com a cabeça estourando comi algumas frutas. Não saberia se estaria pronta, mas a hora de falar, de ganhar algum respeito estava chegando.
18h, coloquei meu melhor vestido, salto alto, cabelo solto arrumado, a maquiagem disfarçava a choradeira, estava vestida para matar.
Peguei um taxi a caminho do restaurante e cheguei lá antes da Clarice, como sempre ela sempre se atrasa. Sentei-me numa mesa afastada, com a vista da janela para a praia.
- Carla! Desculpe o atraso. Apenas dez minutinhos, você não se importa né?
- Claro que não Clarice.
Pedimos um vinho acompanhado por um Pad Thai e permanecemos em silêncio por longos minutos que me fizeram sentir frio na barriga. Estava ali na minha frente, só eu e ela, novamente frente a frente depois de tanto tempo.
- Eu te disse Carla.
- Me disse?
- Eu te disse que a gente não tinha nada pra conversar! Se você tiver algo, por favor seja rápida. – Ela falou me encarando.
Num surto de coragem e um pouco de vinho na cabeça, tomei a iniciativa para falar.
- Clarice, eu nunca deixei de te amar.