Capítulo 9

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Saí da sala e continuei meu trabalho, só imaginava a hora de ir pra casa. As horas passavam tão lentamente que por um momento achei que o tempo parou. Tudo o que eu queria era sentir novamente que Clarice seria minha e dessa vez não deixar escapar o amor da minha vida.

Fui de imediato para casa quando finalmente a hora de sair chegou. Tomei uma ducha assim que cheguei em casa. Gostava de ficar sozinha, lendo meus livros, observado as pessoas na rua e assistindo tv. Depois de tudo o que passei, qualquer coisa me distraia, eu procurava os mínimos detalhes que fizessem a minha rotina menos rotina.

Olhei no chão perto da porta e avistei um anúncio de uma pousada e essa era uma oportunidade de ficar sozinha e um lugar perto da natureza. Amanhã será sábado e não terei que trabalhar. Resolvi que amanhã irei nesta pousada.

Como de costume, tive dificuldades pra dormir, liguei a playlist da Lana Del Rey e comecei a cantarolar Born To Die até pegar no sono.

Acordei meio esperançosa para aproveitar o dia lindo e cheio de planos que tracei para hoje. Tomei uma ducha e um café amargo bem forte e me arrumei.

Peguei o taxi e indiquei o endereço da pousada que ficava afastada da cidade, numa zona que parecia floresta.

Antes de entrar já percebi o ar puro e quão grande era o espaço. Me perdi ao tentar olhar até onde ia todo aquele verde das árvores.

Reservei um quarto e tentei relaxar o máximo que pude durante a manhã e no almoço, nada de trabalho, nada de problemas, nada de Clarice, mas infelizmente tudo o que eu queria era estar ali com ela. Resolvi sair do quarto, pois os pensamentos só me levavam a uma única pessoa, mas quando abri a porta dei de cara com ela.

- Está me seguindo Carla? Nem aqui você me deixa. - Falou virando-se.

- Desde ontem que planejei vim pra cá, nem sabia que você estaria aqui, tanto lugar pra ir e você vem logo aqui? - Cheguei mais perto.

- Eu sou livre assim como você! Me dá licença, preciso ir caminhar.

- Também estava saindo para caminhar, posso te acompanhar?

- Desde que não fale nada, nem abra a boca!

Andar em silêncio ao lado de alguém que conhecia tanto sem poder perguntar o que mudou em sua vida desde que nos separamos era complicado, mas pelo menos estava ao lado dela, sentindo o mesmo cheiro meio amadeirado que tanto exalou anos atrás e que me deixava mais curiosa.

Andamos por volta de uma hora e meia em silêncio e notei que já havíamos passado pelo mesmo caminho umas três vezes. Fiquei preocupada, pois não conhecia o caminho e Clarice era minha única esperança para voltar.

- Clarice, estamos passando por esse lugar a alguns minutos... por acaso estamos perdidas?

Não ouvi resposta dela, apenas um olhar frio que estava sempre direcionado ao chão. Era como se eu não estivesse lá, como se nada tivesse acontecido durante esses dias e Clarice tinha essa habilidade de fingir e convencer muito bem.

- Clarice, nós estamos perdidas, fala comigo, vamos precisar uma da outra se quisermos voltar a pousada.

Como ela só me ignorava decidi pular em cima dela. Caímos em meio ao gramado e finalmente o seu olhar encontrou o meu. Não resistimos ao desejo que tomou conta do momento e nos beijamos ali mesmo, perdidas e caladas. Eu me perguntava se aquela Clarice de antes se tornou mais fria do que já era.

Fomos interrompidas por uma nuvem de chuva que se formou no céu que agora estava preto. Em alguns instantes, antes da noite chegar a chuva caiu demasiadamente forte. Estávamos perdidas, no escuro, só eu e ela.

Instinto do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora