Confusão.

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A sensação do corpo embriagado era a mesma de sobrevoar balões, sem medo da queda, porque estava seguro.

Ou nem tão seguro assim.

Mas naquele momento, sentia-se o rei do mundo, sem preocupações. Estava longe de casa, e estava bem.

Sorriu, a nuca recostada no sofa macio e confortável, os olhos quase se fechando, aproveitando os efeitos colaterais de toda droga que tinha ingerido naquela noite. Ou madrugada, era mais de duas da manhã.

A sensação era maravilhosa, até sentir enjôos o perturbando e a vontade súbita de vomitar, o atacar de supetão. Levantou do aconchegante sofá e correu para o banheiro mais próximo.

Conseguia ouvir de longe as pessoas que tinha ido consigo na festa e algumas que tinha conhecido alí mesmo, o perguntando para onde estava indo, se precisava de ajuda, mas nenhuma realmente foi ajudá-lo. Talvez porque estavam tão loucas quanto si para ajudar alguém, ou apenas não se importavam.

Mas Jeongguk não ligava. Já tinha se acostumado com indiferença ou falsidade de alheios. Chegou em uma fase que mal se importava com o que o pai falava, por que daria atenção a pessoas tão insignificantes para si? Ele não se importava com nada.

Abriu a porta do banheiro, correndo para uma das cabines, se escorando na lateral do vaso para jogar toda porcaria que tinha colocado para dentro.

Aquela sensação diferente da outra, era péssima.

A mente lutava, tentando processar o que estava acontecendo, o raciocínio lento tendo que capturar todos os sinais de que o corpo estava mal e tentando se auto-ajudar. O enjôo na garganta piorando, querendo tirar todo álcool a força. A garganta não suportava mais, ardia e o gosto que sentia na boca não era um dos melhores.

Ficou naquela situação por bons instantes, até sentir que tinha deixado até a alma naquele vaso antes limpo. Agradecia que a boate era de luxo e a limpeza que davam naquele lugar era quase surreal.

O corpo tremia pela adrenalina. Aquela não era a primeira vez, porém, mesmo assim, era ruim e não conseguia se acostumar. Escorou o tronco das costas contra a parede, tentando acalmar o corpo, respirando fundo e pesado.

— Caralho. – pôs a mão sobre a testa, tirando os fios úmidos pelo suor. — Droga. – nos lábios criou-se um sorriso, que ao passar dos segundos virou uma gargalhada, que se estivesse em outra situação, poderia considerar até adorável.

Sentia vontade de rir, e riu. A risada era alta, banhada de algo ainda desconhecido. A música que estava em alto e bom som, impossibilitava que outras pessoas que estavam fora do banheiro pudesse ouvir o que estava acontecendo dentro dele.

Juntou os joelhos contra o peito, as mãos nas curtos fios pretos, os puxando, a raiva que sentia brotando cada vez mais dentro do peito. Sentia vontade de fazer alguma coisa, só não sabia o quê.

Então apenas gritou.

Toda aquela sensação boa que estava tendo, sumiu. E agora só restava gargalhadas e gritos que mal sabia o porquê de tê-los. Era tão estranho. Ele entendia.

Deixou o ar quente sair pela boca e as pernas escorregaram pelo chão, as mãos jogadas ao lado do corpo, a cabeça inclinada para cima. O pulmão trabalhando a todo vapor, puxando as para dentro com toda vontade.

Aos poucos foi se acalmando, o corpo parando de tremer e o estômago bem mais aliviado que outrora.

Se levantou do chão limpo. Caminhando até a pia do grande banheiro. Pôs as mãos sobre o mármore, os olhos fixos na imagem refletida no espelhos.

Declínio. [Taekook - Kookv]Onde histórias criam vida. Descubra agora