O primeiro dia (O começo)

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Depois de todos nós vermos aquele vídeo em nossos celulares, finalmente entendemos a gravidade daquilo tudo, todo o desespero para que nos abrigássemos e toda aquela mobilização.
Naquele primeiro dia procuramos um lugar pra dormir, cada um ganhou um travesseiro e uma coberta, as meninas e eu escolhemos uma sala mais afastada da parte das macas, onde a maioria escolheu pra dormir, eu vi de longe que os meninos do MC tinham escolhido uma sala perto da nossa para dormirem, mas o Teddy não ficou com eles, por algum motivo ele preferiu dormir no segundo andar do hospital, ninguém tinha escolhido ali pois preferiam dormir em grupo, achei estranho a decisão do Teddy, mas como ainda estávamos brigados eu não falei nada.
Assim que nos ajeitamos ali, um policial foi chamar cada um para a hora da refeição, como as opções eram realmente escassas, o nosso cardápio se baseava em um hambúrguer e uma água, devorei aquele hambúrguer de tanta fome que eu tava, de longe vi o Teddy comendo com os meninos, minha vontade era ir até ele, mas eu não ia dar o braço a torcer, ele tinha sido muito otário comigo.
Depois da refeição todos nós fomos até nossos dormitórios, passou 20, 30, uma hora e nada de eu conseguir dormir, na minha cabeça só cabia o Teddy, pensar se ele tava bem, querer dormir juntinho dele pra sentir que isso tudo era menor do que realmente era, enquanto pensava nisso comecei a chorar, me assegurando que nenhuma das meninas ouvissem, continuei ali pensando até que decidi tomar uma atitude, já era quase 4 da manhã e eu ainda não tinha dormido, levantei com todo cuidado do mundo pra não acordar ninguém e então subi até o segundo andar, sai procurando o Teddy pelas salas do hospital, até que finalmente encontrei ele numa parte isolada do escritório. Abri a porta de leve e fiquei por um momento observando ele dormir, eu já não conseguia controlar a vontade de deitar com ele, sentir os seus braços me envolvendo, me protegendo daquela preocupação.

Cheguei perto dele, e assim que me aproximei vi que ele estava acordado.

- Amor? Ta fazendo o que aqui? - Ele me perguntou enquanto me encarava com uma expressão de surpresa

- Eu que te pergunto, não foi dormir na mesma sala que os meninos, veio pra cá que não tem ninguém, ta fazendo o que aqui? - Perguntei me aproximando mais dele

- Eu precisava de um tempo pra pensar, não ia conseguir ficar ali sabendo que você ta bem do lado, eu ia querer ir até onde você e as meninas iam dormir pra te ver, então pra não te incomodar  eu preferi vir pra cá - Eu vi o rosto dele mudar de surpresa pra tristeza em segundos enquanto falava aquilo

- Conversar comigo não passou pela sua cabeça né? - Falei já elevando meu tom de voz

- Você não queria conversar, eu não ia te forçar a falar comigo, então achei melhor deixar você descansar pra gente conversar melhor outro dia - Ele me falou enquanto se ajeitava no chão novamente

Então sem pensar mais, engoli todo tipo de orgulho e me deitei nos braços dele, assim que eu me deitei ele olhou pra mim e começou a acariciar meu rosto.

- Amor, vai ficar tudo bem, tô aqui com você - Falou ele depois de perceber as lágrimas ainda presentes nos meus olhos, eu não conseguia falar nada, só abraçar ele o mais forte possível e continua a chorar, era como se limpasse todo o medo e preocupação que eu tava sentindo.

-Desculpa por ter te tratado daquele jeito ali, mas eu fiquei bolada com essas mentiras sobre o Cosmo, de novo eu sendo a última a descobrir as coisas - Falei com a voz trêmula ainda com aquele choro preso

- Eu sei amor, desculpa também por ter gritado com você, não deu pra contar antes e eu não queria que você descobrisse assim, mas não vamo pensar nisso agora - Ele me respondeu, logo depois nós beijamos, continuei chorando enquanto sentia o carinho dele, então peguei no sono depois de muita luta, eu sabia que só o Teddy ia conseguir me acalmar.


Continua...

4 dias ilhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora