Mais um dia presos nesse hospital, sem a mínima noção de quando isso tudo ia passar e se ainda existia alguma coisa lá fora, na minha cabeça agora só passava a preocupação sobre quando tudo isso passasse Teddy e eu ainda teríamos nosso trailer ou até mesmo a casa do lago, já que não eram lá estruturas propícias pra aguentar um furacão.
Novamente Teddy e eu éramos interrompidos da nossa paz pelo sinal do almoço, mas dessa vez a gente tava tão confortável ali deitados naquele chão do escritório que decidimos não ir naquele momento, mesmo sabendo que provavelmente perderíamos a única refeição do dia e foi o que aconteceu. Mais ou menos uma hora depois daquele alarme nós já não aguentávamos mais ouvir o ronco das nossas barrigas, mas uma rápida olhada pro andar de baixo deixou claro que não tinha mais a possibilidade de comermos o nosso pedaço de pão, então pra tentar ocupar nossa cabeça e esquecer um pouco da fome resolvemos andar pelo hospital, explorar o que ainda não tínhamos visto.
Até que chegamos em uma porta, eram duas portas que assemelhavam a uma dispensa ou algo parecido, sem perder mais tempo, tentamos abri-la, mas sem sucesso, ela tava trancada, era óbvio que ia tá, procurando por ali não conseguimos encontrar nenhuma chave, Teddy então sugeriu pra tentar arromba-la, já que tava tanto barulho no andar de baixo que ninguém ia ouvir nada ali.
Num golpe só a porte se abriu, pra nossa alegria era uma dispensa lotada de comida, todo tipo imaginável.
- Meu Deus, a gente tem que contar pro pessoal - Exclamei enquanto saia olhando tudo, principalmente a data de validade que pra minha surpresa ainda estavam longe de vencer.
- Você acha que a gente tem que falar amor? - Teddy me perguntou enquanto me encarava.
- É óbvio amor, eles também tão comendo só aquele pão todo dia, nada mais justo que dividir isso aqui com eles, não quero ninguém morrendo de fome, sou bandida mas não tão cruel assim - Falei depois de comer algumas bolachas que tinha encontrado.
- Perai então - Teddy saiu correndo da sala.
- Aqui, vou guardar algumas coisas pra gente ter uma garantia que a gente não vai passar fome - Teddy tinha trago uma mochila e começou a colocar alguns alimentos ali, eu não discuti por ser realmente uma ideia boa.
Depois de guardar um pouco de comida e colocar a nossa mochila no nosso cantinho, resolvemos que iríamos contar sobre isso para os policiais, já que eram eles que estavam organizando toda a comida, mas deixamos claro que era pra ser feito uma divisão igualitária, sem ficar mais pra uns ou pra outros. Assim que eles olharam tudo aquilo e organizaram o lugar, foi tocado mais uma vez o alarme de comida, o que assustou a maioria já que estavam acostumados com uma só refeição por dia, então foram todos guiados para o segundo andar.
Já ali em cima, começou a distribuição, Teddy e eu aproveitamos pra comer um pouco do que tínhamos pego ali, sem precisar esperar naquela fila imensa, o nosso segundo andar já não era mais tão silencioso quanto antes, mas fizemos os policiais prometerem que iam fazer aquela distribuição lá embaixo da próxima vez, pra que nossa paz não fosse por água abaixo.
Depois que os meninos e as meninas já tinham parte da comida que receberam, nós convidamos eles pra comer ali no nosso cantinho.- Então é aqui que o casal se isola do resto do povo, os diferentões - Falou a Renata enquanto procurava um lugar pra se sentar.
- Ai Renata, a gente só quer um pouquinho de paz, se você tivesse que lidar com tanta coisa igual a gente lida de uma vez só, você ia entender - Falei enquanto me sentava ao lado do Teddy.
- Eu até falei pra Cristal não contar da comida porquê do jeito que você é esfomeada ia comer tudo - Falou o Teddy pra Renata, era bom ver que mesmo com tudo aquilo ainda mantinham suas essências, aquela provocação de irmão que a gente já tava acostumado.
- Ai, só podiam ter achado alguma coisa melhor do que essa sopa nojenta, credo - Falou a Nasser depois de enrolar bastante pra colocar uma colher da sopa na boca.
- Não reclama, muito melhor que aquele pão velho todo dia, pelo menos agora tem alguma coisa pra mudar o gosto - Falei também comendo a minha sopa.
Depois de todos estarem alimentados e já nos dormitórios, Teddy e eu resolvemos ir dormir, assim que todos já tinham saído do segundo andar nós ajeitamos ali pra finalmente dormir, eu pedi pro Teddy deitar comigo de conchinha, queria me sentir protegida, naquele dia em específico eu não conseguia tirar o medo e a preocupação da minha cabeça, demorei pra conseguir pegar no sono, depois de lidar com tanta preocupação da cabeça, só torcia pra que não demorasse tanto pra sairmos de lá.
Continua....
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4 dias ilhados
RomanceO que aconteceu dentro daquele hospital nesses 4 dias em que a cidade ficou ali presos para se proteger do furacão que passava na cidade? - História pela visão da Cristal