Cap. 19 - Vamos com calma.

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T O N I

— Oh, e o que vem ao caso?

Parei na porta do seu camarim ao ouvir sua voz. Praguejei-me por ter que adiar nossa conversa para outra hora, outra na qual ela estivesse sozinha e menos ocupada. O melhor a fazer no momento era voltar para meu posto.

— Você que está apaixonada por sua segurança.

Meus passos pararam assim como meu coração ao ouvir Betty pronunciar tais palavras.

— Eu não estou não! — Cheryl protestou em voz alta.

— Está sim! — Betty e Veronica replicaram juntas.

— Ok, eu estou. — soltei o suspiro preso no meu peito e me apoiei melhor na porta.

Por um lado, eu me sentia péssima por estar ouvindo a conversa alheia. Por outro, eu precisava ouvir, pois o assunto de certa fora, se dirigia a mim também. Cheryl havia assumido com todas as palavras que de fato sentia algo mais forte por mim...

Mas, desde quando?

— Mas não se animem. — Eu a vi erguer os ombros pela pequena abertura da porta. — Eu estava na aula de dança e ouvi ela conversar com a irmã...

Fechei os olhos com força. Ela havia ouvido tudo.

A maldita porta não se fechou por acaso, ou pelo vento.

Era ela, ouvindo tudo como eu estava fazendo nesse momento.

— E aí...? — Veronica gesticulava com a mão. Eu tentava ficar o mais escondida possível para que nenhuma das mulheres notasse minha presença.

— E aí que... — Cheryl deu uma pausa e encarou seu reflexo no espelho. — Ela acha que a gente nunca daria certo juntas e realmente, a gente é tão diferente. Toni não é como eu, ela não merece ser tão exposta. A internet está martelando em saber quem é a mulher que estava na praia comigo e eu me sinto tão burra por não ter sido tão cuidadosa o suficiente e porra... ela não merece isso. A culpa é toda minha e por mais que eu esteja realmente gostando de Toni, não vou fazer isso com a vida dela. Eu gosto demais dela pra isso. — Agora eu estava dentro do seu camarim, sem sequer lembrar em qual momento pisei com o primeiro pé.

Betty e Veronica arregalaram os olhos ao notar minha presença, e Cheryl tinha a palma das mãos sobre os olhos numa posição pensativa.

— Você gosta? — Eu perguntei, alto e claro, vendo seu corpo ficar num estado rígido sobre a poltrona roxa onde ela estava sentada. Veronica e Betty ainda tinham a mesma cara de espanto, mas agora com a boca aberta dramatizando ainda mais a situação.

— Eu fiz uma pergunta, Cheryl. — Repeti palavra por palavra quase que lentamente.

A ruiva girou o corpo, movendo junto sua poltrona e nossos olhos se conectaram. Eles estavam com um brilho desacreditado de criança que foi pega no flagra fazendo — no caso, falando — algo que ninguém deveria saber. Eu sentia meu peito subir e descer rapidamente, entregando uma respiração pesada e sôfrega na espera de uma resposta também alta e clara vinda da boca da ruiva que ainda estava fechada.

— Eu acho melhor a gente ir. — Veronica falou num tom baixo para sua namorada.

— Ah, sério? Não podemos ficar? — A loira perguntou e recebeu uma sobrancelha arqueada como resposta. — Que droga, Vee... eu queria ver isso de perto.

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