Capítulo VIII

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Passaram algumas semanas desde a abertura do negócio de Thea e Lola e tudo seguia bem, Lola se sentia culpada por usar os poderes de Thea, mas sempre dava um jeito de aliviar o peso de sua consciência, considerando que a ideia inicial fora de Lola, Thea não precisava se esforçar muito.

Lola se tornou uma boa amiga de Celio e Alessia, visitava-os com frequência, com ou sem a companhia de Thea, pois como era desejo de Thea, ela tinha a sua própria vida, uma que Thea não necessariamente faria parte e Lola se sentia bem com isso, não se sentia dependente de Thea, mas mesmo depois de conviver com ela diariamente e chegarem a morar na mesma casa por duas semanas ela ainda queria a companhia de Thea e foi nessa época que Thea começou a fazer terapia, descobriu que podia sofrer de fobia social e foi estimulada por todos a procurar ajuda.

Após esse período Lola voltou a morar sozinha, financiou uma casa pequena, próxima da sede de sua empresa, cerca de meia hora de carro, mas ainda mais próxima da casa de Thea e com muita insistência de sua parte, conseguiu convencer Thea a chamar a sua empresa de "Perséfone", a sede ficava nos montes à oeste da cidade, há pouco mais de meia hora de distância do lugar para onde viajou com seus amigos e Lola.

O inverno se aproximava do fim e Thea teve uma ideia, uma que gerou relutância de Lola. Visitar a sua sogra. Lola não via sua mãe desde que saiu da casa dela, mesmo com a relutância o pedido de Thea tinha seu peso intensificado pela saudade que sentia da mãe, mas não queria voltar para a casa da mãe sendo a mesma mulher que era quando partiu.

Thea comprou um carro não muito tempo depois de abrir a empresa com Lola, um Ford Escort XR3 modelo 1989, conversível pois já planejava ver a mãe de Lola há um certo tempo.

Elas partiram pela manhã e agora estavam na estrada, a viajem está planejada para durar pouco mais de duas horas, Lola avisou sua mãe que estaria indo e que levaria alguém. Thea dirigia enquanto Lola tentava se manter calma, mas a antecipação de ver sua mãe estava a deixando nervosa desde a semana que antecedeu a viagem.

Elas chegam a cidade antes do meio dia e o que mais chama a atenção de Thea é a simplicidade das casas, diferente de Floresta branca com uma arquitetura bem planejada que fazia parecer que uma única mente havia pensado a cidade, aqui, Monte Santa Maria, uma cidade de dois mil habitantes, era como se as pessoas tivessem construído suas próprias casas, elas demoram um pouco a achar a casa da mãe de Lola.

Elas viram uma esquina e finalmente veem, ao final de uma rua sem saída, a única casa que parecia se destacar, uma casa de dois andares, construída em pedras irregulares, as janelas eram redondas e grades de ferro cercadas, elas estacionam em frente ao pátio que era cercado por um muro de tijolos expostos com uma grade de ferro e além do portão uma há uma passarela de pedras amareladas cercada por grama.

Elas saem do carro com os cachorros na coleira e para a surpresa de Lola o portão abre sozinho à medida que elas se aproximam. Elas começam a andar pela passarela e Thea, vendo que Lola está nervosa, segura a sua mão.

De dentro da casa a mãe de Lola observa sua filha vindo, seu nervosismo é obvio mas a presença daquela moça alta parece atenuar esse nervosismo, mas também parecem destoar uma da outra, Lola veste um vestido verde claro, leve até pouco acima do joelho e sapatilhas, sem acessórios, enquanto Thea veste um terno xadrez, marrom escuro com linhas creme, os sapatos combinavam com o traje e as calças de costura reta, seus cabelos castanhos ondulados escorriam até os ombros.

- Ela faz bem o seu tipo, não é, Lola – diz a mãe de Lola para si mesma antes de sair.

A porta se abre e uma senhora de pele muito escura e cabelos muito claros sai de dentro da casa, haviam poucas rugas em seu rosto, mas muitas pintas, ela não era muito alta, seu corpo era esguio e ela andava um pouco curvada na direção das duas, seus lábios eram grossos e seu nariz largo, o rosto de Lola lembrava pouco o dela. Acompanhando a senhora, uma mulher muito parecida com ambas, porém magra como a mãe.

A Flor que Desabrochou no InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora