Ipê amarelo

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sentia muita mágoa por tudo que havia (sobre)vivido durante minha vida.
decidi fazer poemas e contar histórias, mas de uma forma mais divertida
tentei levar às pessoas um pouquinho da alegria que me faltou, sentia em seus olhos 
o pouco da compaixão que o mundo ainda nos deixou.
vez ou outra toco no ventre de minha mãe, tentando relembrar a sensação de estar em casa,
ser acolhido por seus órgãos e sentir incansavelmente seu coração bater no meu corpo.
admiro os ipês amarelos que fazem meu coração se sentir preenchido e meu olfato surpreendentemente satisfeito. 
hoje me sinto feliz e inconfessavelmente apaixonada por cores vibrantes e aromas que se expandem num piscar de olhos e nos lembram de um lugar que desejamos estar quando estamos exaustos.
debaixo da castanheira que me acolhe do sol, não paro de pensar em como o mundo dá voltas,
o que ontem me era tão frustrante, hoje faz com que me sinta grata e estranhamente com a sensação de viver a vida perfeita

- podendo ver os ipês amarelos todos os dias.
 

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