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  Seus olhos brilhavam à luz da lua e seus lábios estavam trêmulos,ele se levantou lentamente e respirou fundo.
   Senti na intensidade e profundidade de seus olhos de corvo que estava nervoso e assustado,sabia que poderia o perder para sempre ou o assustar por repugnância,e meu medo nunca pôde estar maior.
   Sempre me fingi ser tão forte,mas chorava lágrimas de sangue ao lembrar quantas vezes lhe perdi,e que posso ver que vou o perder logo,de forma tão rápida e dolorosa,como sempre foi,o mar de dor da minha vida me afunda a todo momento,todos os dias em que transborda.
   Me levantei junto a ele e tentei pegar  em sua mão gelada.
   -E-eu não sei se acredito...Está brincando não é?-ele me olhava lacrimejando,e em seus lábios vermelhos havia um bico trêmulo.
   -Tirou meu pai de mim...E-eu sou tão novo,por quê? -Ele agora deixava socos em meu peito.
   -Arrancou de mim a minha mãe também!Já basta!
  -Eu estou sozinho a tão pouco tempo,e-eu sofro sozinho e não tenho em quem me apoiar,porque você os tirou de mim!!
   -Gaivota,eu não posso mudar isso,quando se chega o momento não adianta ações.-Toco em seus cabelos,estes tão macios e brilhantes como sempre fora.
   -Isso me machuca tanto.
   -Isso me destrói tanto.
   -Eu sei,mas escute.-Sorri,mesmo sem nenhuma pitada de felicidade.-Eles foram para um lugar tão bonito.
  -Alguns anjos passam pela terra para fazer morada no coração daqueles de precisam,mas se tu amas mesmo aquele que te cativou,vai entender que seu lugar é no céu,onde é tudo lindo e puro loge desse mundo ruim.
  -E-eu queria que esse sentimento passasse.-Com suas mãozinhas,tocava seu peito com força,apertando o tecido.
   -O luto é algo indispensável,sentimos falta daqueles que se foram,mas você os verá um dia.-Toco em seu rosto pequeno e molhado.
   -Me prometa!Me-me prometa que me levará até eles um dia!
     -Eu prometo.
   Sua cabeça foi ao meu peito.
  Eu o pego no colo e o sinto chiar,mas mesmo assim o levo ao meu quarto,e o deito em minha cama,não daria um banho nele,apesar de muita vontade pois o menino estava sujo de terra,mas não o quero pressionar num momento tão frágil.
   A perda é um sentimento muitas vezes difícil de aceitar.
   Mas ele sofria pela solidão e não pela perda.
  A solidão é muito difícil de aceitar.
   Mas por ti posso me chamar solidão,se for para ficar ao teu lado  o tempo todo.
   Ele olhava para o teto,e suspirava.
   -Você...sofre muito sendo assim?-Ele me olha.
  -Sim,acha que me sinto bem tirando as crianças dos braços de suas mães,tomando uma mãe de um filho ou levando idosos solitários?-O olho e tocou seus cabelos num carinho.
   -Não sabe o quanto sofro.
   -A morte é a mais justa não é ?
  -Hum,não imporá classe,cor ou crença,levarei a todos,quando seus relógios zerarem.
   -Relógios?-Assinto.
  -Todo ser vivo tem um,os animais e os peixes,quando os relógios zerarem,não importa o lugar,minha presença será indiscutível.
   -Quando irei morrer?
   -Não sei.
  -Não posso ver o seu,e não sabe o quanto isso me frustra.
  -Tenho medo de me apegar a você e depois você sumir de minha vida,como em todas as outras.
   Ele se perde enquanto me olha,mas me olhava profundamente.  
   -Não vou.
   -Como sabe?
   -Eu sinto.
   Ele fecha os olhos e sorri contando uma música de igreja simples.
    -Me sinto próximo dos meus pais quando vou a igreja e ouço essa música.-Ele continua a cantarolar porém seu sorriso ainda era fraco.
   -Vocês iam muito a igreja?-Ele nega.
   -Não podíamos entrar.-Ele dá  de ombros.
   -Por que?
    -Meus pais chegaram aqui,quando eu ainda era muito pequeno,e bem,sempre foram muito diferentes,minha mãe adorava arte e pintava e desenhava muito bem,ela costurava também,além de saber fazer coisas legais como pipas  e ser muito inteligente.-Ele parou ao se pegar chorando,limpando sua lágrimas.
   -Eram um casal de esquisitos,meu pai era muito bom em jardinagem e fazer móveis,não sabia ler nem escrever muito bem,mas era muito esperto.Eles não foram...Muito bem recepcionados quando chegaram aqui,todos da comunidade o chamavam de "o casal  debilóide".
   -Não gostavam da gente na verdade,então...Não nos deixavam entrar na igreja,por que os outros que estavam lá reclamavam,entao ficava - mos do lado de fora.
    -Caso alguém não nos expulsassem.-Terminou.
   -Íamos todos os domingos,mas nem sempre podíamos ver a missa em paz.
   -Sinto muito Gaivota.-ele nega.
   -Eram os domingos mais felizes da minha vida se quer saber,brincávamos no parque e comíamos algo gostoso.-Ele sorriu.
   -Obrigado por te-los levado a um lugar melhor,aqui não é o lugar deles.-Mas seu olhar volta a dor.
   -Mas eu ainda tenho certa mágoa de meu pai por ter me deixado aqui.-Ele segurava minha mão.
  -Ele pode escolher ficar,mas cegou quando perdeu minha mãe.
    -Tenho certeza que ele lhe amava,eu também ceguei quando você partiu dos meus braços,não foi uma,não foi duas nem três,fora seis vezes.
    Ele se senta e me olha.
   -Eu sou seu prometido?
Assinto.
  -Isso te assusta ou lhe dá êxtase.
   -Não sei...Mas é bom.-Sorriu sincero.
   -Não importa o tempo Gaivota,vou lhe fazer se apaixonar por mim.
   Selo nosos lábios novamente e o sinto derreter,ele timidamente segurava um lado se meu rosto enquanto suas pernas se juntavam em timidez,num carinho gostoso o toco na cintura aprofundando todo aquele contato.
   Não tinha malícia ali,eu apenas o quero apoiar.
   Seus cabelos eram o meu novo alvo,eu os tocava e sua mão solta tocava meu peito,após separar o ósculo ele timidamente deita a cabeça em meu peito,envergonhado  como sempre,e por segundos esqueceu aquilo que tanto lhe doía,falar sobre perdas e luto é uma  coisa difícil,não é difícil imaginar o que se passava na cabeça do menino.
     -Quantos anos você tem?-Ele me olha.
   Levanto uma sobrancelha e aperto os meus lábios em seria dúvida.
   -Oh eu sou bem velho.
   -Velho do tipo milhões ou mil?
   -Mil.-ele arregala os olhinhos.
   -Você não descasca não é?-Solto um riso.
   -Você é cheio de idéias não é gaivota?-Seguro se queixo o dando um selar.
   -Eu tenho muitas perguntas.-Ele se senta corretamente e eu o puxo para meu colo,ele deita a cabeça em um dos meus braços e olha minhas mãos apoiando em suas coxas,o segurado firmemente.
   -Como conheceu Jimin? Vocês são bem próximos.
  -Ele é como um companheiro de trabalho,Deus e o Demônio o deram de presente a mim...basicamente.
   -Você já namorou com ele?-O olho surpreendido.
   -Como sabe?-Ele fecha a cara.
  -Vocês usam anéis iguais.-Ele pega em meu dedo médio e me mostra,como se achasse aquilo um crime.
   -Não deu certo,eu amo flores e Jimin as odeia,e entre flores e o Jimin eu prefiro as flores.-Ele dá uma risadinha atrevida.
  -E entre mim e as flores?O que escolhe?
   -Você é a minha flor gaivota.-Ele cora e da pequenos tapas em meu peito,não sabia como agir e isso o deixava adorável.
   Era uma grande mentira,não terminei com Jimin por dar errado,a realidade é que eu não sabia ser fiel e amar somente a ele,o enchia de mentiras e falsas promessas.
   Sempre que meu prometido voltava a terra eu o esquecia como se nunca houvesse existido e isso o chateava de mais,acredito que seja por isso que ele tirava Jeon de mim,era uma punição então acabei com isso o mais rápido possível e por causa de meus casos fora do relacionamento e a mania ridícula de o tratar como objeto e segunda opção,que ele se tornara obsessivo,matou muitas pessoas por fúria e capricho e mais tarde descobri que ele me escondia muitas  coisas,mas é claro que as coisas não são tão simples,mas ele não precisa saber disso.
   Esse lado ruim meu é uma coisa que quero esquecer.
   Mas não mentirei que é por culpa de minhas atitudes que hoje em dia Jimin não se aproxima de Jungkook.
    Jungkook me conquistou e conquistou aquele que mais odeio com facilidade,acredito que conquistará Jimin este que é dono de um coração peludo.
  
    -Acabamos ficando com o anel como uma parceria,nada muito importante.
   Ele se deita novamente e estava prestes a fechar os olhos,seu coração batia rápido e eu podia ouvir facilmente,mas antes que ele dormisse o levei para o banheiro.
   -Nãoo,prometo que tomarei banho de manhã!-Ele fala se debatendo em meu colo enquanto a banheira enchia.
   -já é quatro horas da manhã gaivota,tem certeza?-O olho provocativo - A não ser que queira ser acordado as sete.
   -Não me importo,me deixe dormir.-Ele ralha.
  -Quero ver se realmente não se importa quando eu o acordar no frio.
   -Tomara banho agora mesmo e dormirá quentinho em minhas cobertas ouviu?
   -Quanta falácia parece Yoona.
  Ele a contra gosto toma um banho rápido na banheira e se seca rapidamente após por meu famoso roupão verde musgo,este ia até seus pés pela diferença de altura e com muito mal humor ele se joga entre as cobertas se cobrindo totalmente.
   -Não dormirá com ele hoje,dormirá sem roupão.-Ele debocha. 
   -Não me importo em dormir nu.-provoco tirando minhas roupas em sua frente,este se perderá momentaneamente e quando percebe me olhar ele olha para o teto.
   -P-pare de ser criança.
   -Oh não,crianças não fazem as coisas que faço.-Dou uma risadinha pegando outro roupão porém este era roxo.
   Ele me joga uma das almofadas e vira de costas.
   Eu colo meu peito em suas costas como numa concha e seguro em suas mãos,mesmo com o menino reclamando falta de espaço.
   -Não me culpe por você ter ido para o canto.
   -Não será confortável para você dormir assim.-Ele baixo envergonhado.
   -Ao seu lado eu tenho as melhores noites,não se preocupe.
   E assim ele dormiu,eu não consegui pregar os olhos pois olhar seu corpo se mover enquanto dormia serenamente era perfeito,seu rosto corado e os lábios em bico,completamente perfeito.
     Os poucos momentos que temos são sempre históricos,naquela mesma noite,cortei as pontas de uma mecha de seu cabelo e guardei comigo,eu sem sombra de dúvidas iria guardar para sempre,caso algo desse errado,caso algo der errado,será minha memória mais importante,minha gaivota estará sempre ao meu lado.

O Deus Da Morte KTH&JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora