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Cruzei as pernas em cima do banco, desafivelando o cinto de segurança que Daryl insistiu para eu usar.

- Daryl, na escuta? - a voz de Rick no rádio nos chamou a atenção.

Peguei o rádio na mão e apertei o botão antes de responder, deixando-o no meio, de modo que Daryl também conseguisse falar.

- Na escuta - confirmei.

- Você acha que conseguimos chegar no asilo?

- Talvez precisemos de mais gasolina - Daryl respondeu.

- Acho que tem um posto ali na frente - apontei. - Lembro de quando viajei com Miguelito uma vez.

- Então vamos parar no posto e ver se conseguimos gasolina. E quanto ao asilo? - Rick perguntou novamente, me fazendo pensar por alguns segundos.

- Bev... - Daryl me olhou levantando as sobrancelhas, para eu responder. 

- Eles vão aceitar. Pelo menos eu posso tentar convencê-los a deixar vocês ficarem. Seriam boas adições.

- Tudo bem, câmbio final.

Coloquei o rádio no lugar e voltei a olhar pela janela, vendo a paisagem de destruição pintada em tons vermelhos. A cidade estava completamente destruída e abandonada, a não ser por alguns mortos que andavam por ali. Era de se arrepiar até o cabelo do cu.



Finalmente tínhamos chegado no asilo. Mostrei-lhes onde ficava a entrada lateral, que seria mais fácil de entrar com todos. Comecei a conduzi-los até a porta, estranhando que os vigias não estavam em suas posições. Segurei o machado com mais força, mas logo o soltei, caindo de joelhos no chão ao virar e olhar depois de umas paredes.

Lágrimas quentes começaram a escorrer pelos meus olhos, enquanto um choro alto escapava dos meus lábios. Um walker comia o corpo de Felipe, que exibia um pequeno buraco na cabeça. Mais atrás, os corpos de outros xicanos estavam do mesmo jeito, também sendo devorados por walkers. Coloquei a mão na frente da boca quando vi o corpo de Miguelito, tentando abafar os soluços.

Senti as mão de Lori - ou de Carol, não consegui diferenciar -, segurando o meu braço, me levantando. Eu ainda estava em choque e muito abalada, mas tinha que ajudá-los. Eu conhecia esse lugar como a palma da minha mão, e tinha algumas coisas que poderiam nos ajudar.

Enxuguei as lágrimas e engoli o choro, assim como já fiz várias vezes. Limpei as lágrimas e peguei o machado do chão, determinada a entrar no asilo. Os walkers finalmente nos notaram, começando a avançar na carne fresca. Apoiei o machado na perna para poder usar o estilingue, enquanto os homens que tinha armas atiravam com elas.

- Venham, comigo! - Rick gritou, começando a entrar no prédio. 

Todos estavam mortos. Os idosos, os cuidadores. Minha família. Os corpos estavam espalhados por quase todos cômodos, como se tivessem tentado fugir e não conseguissem. Mas era o que aconteceu. Mataram minha família. Sem dó nem piedade.

Abaixei a cabeça para não olhar para os corpos, me concentrando no machado em minhas mãos. Meus ouvidos zumbiam, e eu não escutava nada a minha volta. Funguei. Por alguns minutos, eles começaram a conversar, mas eu não os ouvia. Percebi Daryl tirando Andrea, que fechou a cara e seguiu para o outro lado.

- Beverly - a voz de Rick me tirou do transe. - Acha que pode ter algo que possamos aproveitar?

Concordei com a cabeça.

- Tem... - pigarreei. - Tem uma pequena reserva de enlatados escondidas. Só. O resto eles levaram - olhei em volta. - Eu te levo até lá.

Comecei a andar em direção ao meu quarto, com o coração doendo pelas lembranças que vieram a minha mente. Abri a porta do meu quarto hesitante, sem saber o que poderia ter ali dentro. Estava revirado, mas vazio. Eles não procuraram no lugar que estava. Agachei perto do tapete e o afastei da madeira que eu ia tirar do chão, sentindo o olhar de Rick e Shane em mim.

RED LINGERIE - Sophia Peletier (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora