Capítulo Dois

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Esra

-- Çinar - entro em sua sala de uma vez. Ele me olha espantado. 

-- Esra, o que foi? - não quero me explicar.

-- Eu vim assinar os papéis - Çinar sorri. -- Quero ser a coordenadora de projetos.

-- O que fez você mudar de ideia tão rápido? - questiona enquanto me entrega os documentos com pressa. Respiro fundo. 

-- Nada, apenas pensei melhor. - Ele me sorri, ciente de que não vou falar sobre isso. -- Agora, Çinar se você me permite, posso tirar o dia de folga e amanhã começamos? 

-- Claro! - Responde, pega minha mão e beija o dorso. Retiro rápido não querendo ser indelicada, mas por ficar desconfortável. 

Saio da sala sem pensar muito e sigo para o elevador, preciso pegar minha bolsa e sumir daqui o mais rápido possível.  

-- Eu já estou indo embora pessoal, até amanhã! - Aviso pegando minha bolsa.

-- Você avisou a... - Gaye tenta falar daquele jeito dela.

-- Avisei ao meu patrão e colega de trabalho. - Saio feito um furacão. 

Você precisa se recompor Esra Erten, você precisa se recompor Esra Erten, você precisa se recompor Esra Erten... fico repetindo esse mantra enquanto caminho para o ponto de ônibus. Meu telefone toca, é a Zeyno.

-- Alô - atendo e minha voz embarga.

-- Esra? O que houve? - ela me conhece melhor que todos. -- Aconteceu algo com o Ozan? - só a menção do nome dele faz meu estômago revirar, porém ao mesmo tempo meu coração aperta.

-- Zeyno... zey... - tento dizer, mas não consigo. 

-- Calma, você está em qual lugar? - 

-- Zeyno, Ozan vai se casar com a Çagla! - disparo de uma só vez. Dizer isso me dói muito. 

-- Como? - ela grita!

-- Zey... Zeyno... - Não consigo falar, perdi minha luta para o choro novamente.

-- Fica calma, eu vou até você Esra! - eu só quero chorar ainda mais. -- Me manda a localização já estou saindo de casa. Fica calma, eu já chego. - e desliga.

Mando minha localização e sento em um dos bancos da calçada próximo ao ponto de ônibus.  Relembro cada toque, cada declaração, beijo e momentos que tivemos nessa última semana. A maneira como ele me olhava? Como tudo aquilo pode ser mentira? 

Consegui ter meu coração e meus sonhos destruídos pelo amor novamente. Como alguém pode dizer que amar é bom? Se tornar vulnerável a alguém é pior erro da vida.  Preciso transformar esse amor em indiferença, Ozan Korfali não pode mais me afetar, não posso e não vou mais permitir ser um brinquedo em suas mãos e sofrer. 

-- Esra? - Ouço a voz de Zeyno. Ela se ajoelha em minha frente. Apenas abraço-a. -- Calma, vamos pra casa. Zeyno me ajuda a se levantar e entrar dentro do táxi. 

Encosto em seu ombro enquanto o carro começa a deslizar pela estrada. 

-- Ele só queria me humilhar, Zeyno! - Falo de repente. -- Ele só queria me fazer sofrer de novo, Zeyno... - não tenho mais lágrimas, não tenho mais esperanças, não tenho mais sonhos, ele me tirou tudo. -- Ao menos eu estou sozinha agora e não carrego a culpa por não ter conseguido segurar nosso bebê comigo. 

-- Esra, jamais fale assim! - ouço Zeyno ralhar comigo. Todavia estou muito concentrada nos meus próprios pensamentos para rebater.  Vamos o resto do caminho em silêncio com a minha Zeyno fazendo carinho em meu cabelo enquanto faço do seu ombro meu travesseiro de consolo. -- Vem, chegamos. - Zeyno paga o táxi e reparo que ela me trouxe até sua casa. 

-- É uma boa escolha vir para cá, não conseguiria ficar bem na frente da mamãe nesse momento. 

-- Você não tem que ficar bem na frente da sua mãe, você tem que viver esses sentimentos, Esra. Agora vamos entrar e vou te fazer um chá enquanto você lava o rosto, se limpa e coloca alguma roupa confortável minha. 

Sigo direto para o quarto da minha melhor amiga. Procuro rapidamente um conjunto confortável e vou para o banheiro. Estar na casa de Zeyno é como estar em casa de certa forma, pois a Zeyno também representa a minha família. 

Enquanto limpo meu rosto as palavras de Ozan volta a minha cabeça "como é se apaixonar e ser abandonada? Dói, né Esra?" Ozan sempre foi o único capaz de me tirar a razão e me entregar as emoções, e novamente fui deixada e magoada. Fui tão negligenciada por ele, fui tão ofendida, fui tão enganada por ele. 

-- Ah, Ozan... - seu nome me dá náuseas, meu estômago dói e me sinto fraca! -- Eu não vou te esquecer, mas eu te juro que vou te fazer se arrepender de tudo que me fez sentir! 



Após a VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora