Parte 7

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13.

      Acordei decidida a conversar com Félix. Precisava dizer tudo que eu sentia. Magoei ele por muito tempo e isso era muito egoísta. Apesar de estar morrendo de medo de me machucar, essa situação toda acabou fazendo os dois sofrerem.

      Voltei para casa e ele já tinha ido para aula. Sempre achei declarações de amor em público a coisa mais ridícula, entretanto, não podia esperar mais um segundo. Entrei na sala dele. A professora que explicava algo sobre present perfect continuous, ficou extremamente surpresa.

— Félix. Desculpa. Eu preciso falar com você.

— Pode falar. — Desgraçado. Ele realmente ia me obrigar a fazer isso em público.

— Ok. I will say this in English then. Since you want me to face this embarrassment. (Ok. Vou dizer isso em inglês então. Já que você quer que eu passe essa vergonha) — Ele riu. — I love you. I've always had. It was never because I don't love you. But because I'm scared. I'm scared to get hurt as it happened in the past and the reason is that I never loved anyone like this in my life. Never. (Eu te amo. Sempre amei. Nunca foi porque eu não te amo. Mas porque tenho medo. Estou com medo de me machucar como aconteceu no passado e a razão é porque nunca amei ninguém assim na minha vida. Nunca.) — Pude ver seu rosto acender de felicidade. — I know a few words is not enough. I made you suffer a lot. But if you take me, I promise I'll spend the rest of my life trying to make it up to you and to make you happy. So, Félix Muller, do you love me? (Sei que algumas palavras não são o suficiente. Te fiz sofrer muito. Mas se você me aceitar, prometo que vou passar o resto da minha vida tentando te compensar e te fazer feliz. Então, Félix Muller, você me ama?)

— Yes, I do. (Sim, eu amo) — Ele correu em minha direção e me beijou. A turma obviamente riu, aplaudiu, jogou papel na gente, mas nada importava. Eu finalmente tinha o amor da minha vida nos meus braços. Nos beijamos delicadamente, bem diferente das outras vezes. Eu tinha a certeza de que daríamos um jeito. Só queria estar com ele. Para sempre.


14.

      O dia chegou, de Félix ir embora. Eu sentia um frio na barriga. Fomos até o aeroporto, juntos.

— Você colocou o pão de queijo na mala? — Perguntei

— Sim.

— Tem certeza que não esqueceu nada?

— Tenho. Relaxa, amor.

— Desculpa. Eu tô nervosa.

— Percebi.

      Apesar daquele ser o fim de uma história que vivemos, parecia o novo capítulo de uma nova, em que não sabia o que esperar, por isso, meu coração batia descompassadamente. Nos abraçamos e beijamos chorando.

      Ele olhou para mim com seus olhos azuis, um mar em que queria mergulhar e me afogar. Era incrível como havíamos desenvolvido a habilidade de entender um ao outro sem precisar de palavras.

— Vai dar tudo certo, amor.

— Você não tem como saber isso.

— Vai sim. Vou te ensinar alemão e você vai adorar a comida.

— E os seus pais não vão achar estranho você voltar com uma namorada?

— Não. Eles sabem tudo sobre você. E a minha mãe já te adora. O fato de você ser brasileira ajudou muito.

— Tá bom então. Vamos dar um jeito.

      Entramos no avião e eu sabia que seria uma grande aventura, ou até mesmo loucura. Largar tudo assim, por alguém. Definitivamente não estava nos meus planos, contudo, era o que eu mais queria.


You know that my train could take you home

Anywhere else is hollow

I'm begging for you to take my hand

Wreck my plans

That's my man

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[conto hot] Nunca pegue o seu flatmateOnde histórias criam vida. Descubra agora