Capítulo Dois

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Aviso: capítulo contêm expressões coreanas que apenas as kpopers e dorameiras de plantão vão entender.

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Querendo ou não, a bronca e presença do diretor do colégio conseguiu devolver ordem àquele refeitório. E, por fim, conseguimos levar Heyoon para a enfermaria.

Sina e eu tivemos que ouvir Noah e Lamar discutindo durante todo o percurso até o local, já que ambos insistiram em nos acompanhar.

— Eu já disse que foi um acidente! – Lamar diz pela milésima vez, caminhando atrás de mim e das garotas, ao lado de Noah.

— Acidente que não teria acontecido se você não tivesse me impedido de falar com a Sina! – Noah retruca, e vejo de relance a platinada revirar os olhos.

— Pra começo de conversa, nada disso teria acontecido se você e a turminha do terror tivessem passado reto por nós. – Lamar argumenta, dando ênfase no "nada".

— Dá "pá" "ocês" dois "alaem" a "oca". – Heyoon pede com palavras confusas.

— O que foi que ela disse? – Lamar pergunta em um sussurro.

— Pediu pra vocês dois calarem a boca. – Sina traduz, ainda com o braço ao redor da cintura de Heyoon – Eu concordo com ela.

Lamar e Noah realizam o pedido da menor, provavelmente por conta do remorso, e ficamos em silêncio pelo restante do caminho.

Quando chegamos na enfermaria, somos recebidos pela enfermeira, que fica espantada com o estado de Heyoon.
A profissional parece ter menos de trinta anos. Com a pele negra clara – assim como a minha –, grandes olhos pretos e cabelos cacheados tingidos de cobre, presos em um rabo de cavalo. A mulher é gorda, alguns centímetros mais baixa que Heyoon e muito bonita.

— Entrem logo. – ela diz com um sotaque notável, dando espaço para entrarmos no cômodo.

Com Sina de prontidão para ajuda-la a qualquer instante, Heyoon sobe na maca. Quando a claridade do lugar ilumina o rosto da garota, percebo que ela está mais pálida que antes.

— Alguém pode me explicar o que aconteceu com essa menina? – a enfermeira pergunta, após alguns minutos examinando e fazendo perguntas para Heyoon, que apenas assentia como resposta.

A enfermeira nos encarou. Nós quatro encaramos uns aos outros. Começamos a falar ao mesmo tempo, e a enfermeira franziu testa, claramente não entendendo uma palavra.

— Eu "ai". – Heyoon diz, fazendo com que todos ficássemos em silêncio. A mulher volta sua atenção para ela.

— Você caiu? – a enfermeira tenta entender, desconfiada.

— Uhum. – Heyoon afirma – No meio da "onfusão" no "efeitóio", eu "abei" "aindo" e "ati" o "aiz" na mesa. – ela continua após alguns segundos.

Precisamos de alguns segundos para entender as palavras confusas da garota, e quando o fazemos, nós quatro ficamos visivelmente surpresos com a mentira que acabara de ser contada. Qual motivo ela tem para querer defender Lamar, afinal? Não era ela quem estava andando com a turma da Taylor? Mesmo que seja nova, não é difícil perceber que a filha do diretor é tão boa quanto uma serpente faminta e venenosa, pronta para dar o bote. Percebi isso na primeira aula, por exemplo.
Aliás, acho que a expressão "perceber" não se encaixa no caso. Taylor obviamente não faz questão alguma de esconder sua arrogância e complexo de superioridade.
A enfermeira, parecendo desconfiada, nos encara, em busca de confirmação. Não é idiota, seu olhar está fixo em Noah e Lamar, que já tem hematomas aparentes no rosto por conta da briga. Os uniformes amarrotados e os cabelos bagunçados não ajudam.

Detention - Fanfic AtualizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora