Scorpius ainda era iniciante no amor, e não tinha expectativas de um dia ser mais do que isso. No entanto, Rose era especialmente complicada nesse aspecto; talvez por estar numa fase difícil, talvez por ter o sol em sagitário ou, apenas, por não gostar dele na mesma medida.
— Ela não te respondeu? — esse já tinha se tornado o bordão de Albus há quatro meses. Scorpius nem precisava dizer nada, afinal, era evidente pelo seu desânimo monstruoso que não, Rose não tinha se dado ao trabalho de digitar pelo menos uma frase monossilábica na dm do Instagram.
Porém, nem mesmo assim Scorpius conseguia sentir algo a menos por ela. Não sabia a razão, há tempos tinha desistido de pensar sobre ela e seus efeitos colaterais estúpidos justamente por serem irrelevantes. Rose era a heroína e a vilã, o sol e a chuva, o veneno e o antídoto; não havia uma Rose boa e uma Rose má, não havia uma parte dela que ele gostava e outra que queria se ver longe. Além de enxergá-la como uma só, aceitava-a e, ainda, encantava-se conforme percebia como ela era, no fim das contas, humana.
A busca incansável de Scorpius por compreensão, ironicamente, lhe levou a uma grande incógnita insolúvel que se arrastava pelo quarto ano consecutivo. Ainda estava na faculdade quando a conheceu num dos corredores, andando distraída e com um olhar que revezava entre o lado esquerdo e direito. Era fácil lembrar como seu coração acelerou ao passar do lado dela, porque até o presente momento ele fraquejava da mesma forma apenas pela menção de seu nome. O começo de tudo havia sido, em essência, violento. Primeiro porque Scorpius era um romântico incorrigível, corrompido pela encantadora história de amor de seus pais, insatisfeito com um relacionamento sem sentido; segundo porque, àquela altura, levar um baque tão forte do acaso não parecia ser apenas um caso qualquer. Por meses, ela se vestiu no traje da garota bonita do corredor e isso foi o suficiente para que Scorpius percebesse que estava vivendo da forma errada, já que, a cada semana, seu coração apertava um pouco mais forte.
— Eu sou um covarde — disse para si mesmo, embora ciente que Albus estava lhe ouvindo. O Potter tirou os olhos do celular para encará-lo. — Mas Penelope é a pessoa certa para mim, não é?
— Depende da sua percepção de certo ou errado.
Scorpius gostava de Penelope, estava com ela há cinco anos e, apesar das decepções, pensava que iriam acabar se casando. Como em qualquer relacionamento, alguns trincos se tornaram evidentes; caso não tivessem contribuindo para outros ainda maiores, Scorpius não teria se sentido tão próximo de tantos estilhaços. Apesar de ser uma questão de tempo, ele não queria que o vaso se quebrasse em suas mãos, mas Penelope sequer o olhava para poder ter alguma responsabilidade pelo fim. E não teve. Scorpius precisou de mais dois anos para, com todo o impulso que continha, conseguir findar algo que já estava condenado.
Sentiu-se terrível por desprender-se das amarras de anos e mergulhar de cabeça num oceano tenebroso, saltando de um grande precipício.
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You And I
FanfictionNão nascemos prontos para o amor. Não nascemos prontos para amar, nem para sermos amados. [SHORT-FIC] • [SCOROSE] • [JUNHOSCOROSE2021]