Verde é minha cor favorita agora

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Acordei em um sobressalto. Sanji ainda estava sentado lá, agora deitado sobre minhas pernas, devia estar dormindo antes do meu pulo acordá-lo. Me olhou com olhos atentos e rosto sonolento, esperando eu dizer algo.

Me sentei na cama e olhei para o quarto. A tripulação toda estava dormindo lá. Zoro encostado na parede, com os braços cruzados de forma bamba, enquanto Nami e Luffy usavam seus braços de travesseiro.

Usopp, de forma sonâmbula tentava agarrar Chopper, como se o pequeno fosse um bichinho de pelúcia, o mesmo tentava fugir sem acordar ninguém. Robin, Brook, Franky e Jinbe dormiam esparramados em um tapete.

- Por que estão todos aqui?

- Estamos esperando você acordar... Tá tudo bem?

- Sim... Eu acho - Chopper, que conseguiu escapar do Usopp, veio até mim e checou meus batimentos com o estetoscópio.

- Parece que está tudo bem. Agora é só repousar e evitar usar o poder por um tempinho...

- Obrigada, você é um médico muito bom.

- Para, não gosto de receber elogios de humanos, sua bobinha. Nem sou tão bom assim... - Ficou resmungando coisas do tipo, com uma expressão fofa, tentando disfarçar a felicidade de receber elogios.

- Estão todos bem? Alguém se feriu? - Perguntei a Sanji

- Todos aqui, todos bem. O capitão Smoker já não é uma ameaça para nós, mesmo sendo da marinha.

- Quanto tempo eu fiquei apagada?

- Três dias. Você parecia estar tendo pesadelos, falava dormindo, mas mesmo que alguém te chamasse, nada acontecia.

Quando Sanji falou dos pesadelos constantes, tive um estalo. Havia um homem sentado comigo à mesa, o arredor estava embaçado, só conseguia ver com dificuldade parte do rosto do homem e sua camisa. O homem, claramente era o mesmo que eu tinha encontrado morto na praia, era o mesmo homem que saqueei. Ele estava muito feliz e sorria para mim com paixão.

- S/N, você tá be- o interrompi, fazendo ''shiu'' e ele imediatamente se calou.

Olhei para baixo e a camisa do homem do meu sonho era a que eu estava usando. Será que era um sonho ou uma memória voltando para mim disfarçada? Me levantei e fui até as jóias que carregava comigo esse tempo todo, na esperança de que elas me lembrassem mais algo. As olhei, toquei, cheirei e nada. Tudo que eu tinha na minha memória era a camisa e aquele homem minimamente familiar. Sanji, que havia me seguido todo esse tempo, me olhava confuso.

- Eu.. Eu acho que me lembrei de algo. - Sanji arrancou um caderninho de seu bolso.

- Sei que pode parecer estranho, mas comprei para você na última ilha. Sabe... Porque se você perder a memória novamente... Não se esquecerá de nós... - o loiro falou com os braços esticados, me entregando o caderno.

O caderno era  azul clarinho, tinha um barbante que o mantinha fechado e possuía uma pena da mesma cor que ele pregada ao lado. Peguei o caderno de suas mãos, me sentei e comecei a escrever. Escrevi tudo o que eu lembrava, deu duas linhas.

- É pouco. Mas é melhor que nada, não? -disse se aproximando por trás para ler.

- É... Eu acho. É estranho, porque eu posso ter saqueado o cadáver do meu marido. Ou pior, do meu irmão. Será que eu tenho irmãos? Será que eles acham que eu morri e estão chorando num funeral meu agora? - Sanji relou em meu ombro tentando me acalmar.

- Talvez não seja tão ruim assim... Não pense nele como alguém que você possivelmente ame, pense como alguém que você não gosta, assim não dói tanto. - Disse sorrindo, num tom meio brincalhão.

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