𝑵𝒐𝒊𝒗𝒂 𝑪𝒂𝒅𝒂𝒗𝒆𝒓 - 𝑹𝒂𝒇𝒆 𝑪𝒂𝒎𝒆𝒓𝒐𝒏

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Todo  mundo procurando a minha menina, minha casa rodeada de polícia, todo mundo procurando a minha menina, a sirene da ambulância no exterior da casa chama atenção dos turistas e moradores que passavam na rua da nossa casa.

As paredes pintadas de cinza agora já manchadas de vermelho vinho que escorria do meio comprimento até o chão formando pequenas poças daquilo que um dia foi sua alma.

Minha camisa que agora não é possível identificar a cor original pois é tomada completamente pelo líquido de sua cor favorita, e você posta em meus braços como a peça mais linda e rara já vista em toda galáxia, Deus...você é linda demais.

Vestia seu blusão favorito dos Beatles e um short cinza de moletom, as peças eram sua pele, você nunca as tirava.

- Cameron...eu tive um sonho, eu tinha tudo que eu queria. Eu estava sozinha, sem ninguém ao meu lado, nem você. Mas eu era feliz! Ninguém chorava, ninguém nem existia, e quando eu acordei durante a madrugada, você estava ao meu lado, e você dizia, ninguém vai te machucar. Você fez durar, você me fez durar, mas eu preciso ir...você não consegue me escutar? Eu não vou voltar 'pra casa.

- Não diz isso por favor, você é tudo que eu tenho...

- Não consegue entender? Eu mudei meus planos! Porque eu...eu estou apaixonada pela morte, não posso esperar para conhece-la, eu estou apaixonada por algo e quero que você saia que eu te escolhi para me guiar até lá, me dê essa dádiva, por favor, meu amor, me deixe ir.

- Me perdoa amor, me perdoa por não te fazer feliz o suficiente pra ficar, eu te amo mais que a mim mesmo.

- Não se culpe, eu sou assim. Anjos como você não podem voar até o inferno comigo, nem você nem ninguém é capaz de mudar uma decisão que já foi tomada e Rafe, acredite, a parte miserável que eu achava que já estava morta, morre agora sabendo que não fui forte o suficiente e não consigo fica por você, eu me odeio por isso, me perdoa meu amor, por favor me perdoa.

Eu vi sua boca se encher de sangue e o ar sumir de seus pulmões, o amor da minha vida estava morrendo em meus braços me pedindo perdão por me amar, mas não o suficiente para continuar.

- Eu já te perdoei, não percebe? Abro mão do meu maior tesouro, da minha felicidade, abro mão de você, se isso te faz feliz. Eu te amo linda.

- Me perdoe de novo por te pedir isso, de novo,  mas eu preciso que seja rápido. Faça você mesmo, mas dessa vez mire no coração, aquele que bateu e sempre vai bater, mesmo que em alma, por você, Rafe Cameron.

Senti minhas pernas bambearem no exato segundo em que fiquem em pé, minha mulher acabara de me pedir para fazer algo que o Rafe adolescente apaixonado e egoísta nunca faria, eu fiz minha outra metade feliz, mesmo que isso resulte em um agora não mais um adolescente perdido e sem rumo, mas sim um homem que acabou de perder aquilo que o mantinha firme. Ela era o meu tudo, e eu a sua luz em meio escuridão.

O problema é que ela adorava escuridão.

- Te vejo do outro lado bobão... – deu seu último suspiro de vida.

O som da bala saindo em meu ponto de vista em câmera lenta da arma faz com que minha mão trema, minha testa sue, minha visão escureça, meus joelhos dobrem, lágrimas escorram, um grito ardido saia de minha garganta em harmonia com o barulho da porta sendo arrombada.

O som do primeiro tiro que a mesma tinha se dado chamou atenção dos vizinhos e obviamente da polícia, mas sinceramente, que se foda.

Arranco com força do bolso de minha calça jeans a caixa preta aveludada com mínimos detalhes dourados e retiro de lá o anel de noivado que um dia seria seu, um dia seria da minha noiva.

Com os dedos trémulos posiciono o anel de prata com uma pedrinha de brilhante no topo em seu dedo anelar, na mão esquerda. Minha mulher.

Eu fui feliz ao seu lado durante todos esse anos, acredito que você também, até onde deu. Mas o mais importante...

Eu devolvi meu anjo pro céu.

- Cameron