As faces de todos os jovens no Salão Principal ao dia seguinte estavam um tanto cansadas, como se ninguém no castelo tivesse conseguido ter uma noite de sono decente. Os olhos pareciam fundos, envoltos de bolsas arroxeadas logo abaixo das íris de variados tons; olheiras recentes, lábios ressecados e rosto amassado e pálido. O café da manhã estava sendo estranhamente silencioso, os estudantes que conversavam basicamente eram os do primeiro ano e poucos mais corajosos de outras turmas.
Na mesa dos professores, entretanto, era visível alguns sussurros e conversas paralelas mesmo que a maioria já tivesse se retirado. Os bruxos não pareciam diferentes do habitual, mas hoje havia uma pessoa a mais perante a grande mesa: Wei Wuxian, que com certeza era o responsável pela frequência dos diálogos e também pelo estado deplorável dos estudantes. Ele vestia um manto negro com detalhes rubro sangue, a sobreposição sobre sua pele leitosa sendo gritante, mas ainda assim mantendo aquela elegância do primeiro dia no castelo. Os cabelos negros soltos fluíam dos seus ombros até abaixo da cintura, uma cascata negra cintilante, a parte superior amarrada por uma longa fita de seda vermelha, impedindo essas mechas de mesclarem-se aos demais fios e se misturar à franja que adornava a face sorridente, sorriso esse que não mostrava os dentes, só fazia os cantos dos lábios erguerem-se sutilmente para demonstrar que estava contente; um homem muito bonito, era inevitável pensar isso ao olhar-lo.
Wei Wuxian estava logo ao lado do muitissimo calado Lan Wangji, um bruxo tão visualmente sereno que era comparado à um lago calmo e pacífico, uma figura etérea e um tanto divina, mas que neste momento apertava com força a colher em mãos como se a qualquer segundo fosse destroça-la em sua destra enquanto era continuamente importunado pelo outro homem que parecia bastante satisfeito com as reações alheias.
Os alunos olhavam a cena em completo silêncio, tendo visto a mesma coisa na noite anterior durante o jantar, mas a reação sobre permanecia a mesma: espanto e descrença.
Jiang Yanli deu algumas palmadinhas sobre o ombro de Wei Wuxian, chamando a atenção do homem e aliviando parcialmente o estresse de Hanguang Jun, que suavizou o aperto no talher ao finalmente não ter mais o Ying falando besteira ao pé de seu ouvido.
— A-Xian está animado hoje? Seu rosto está tão pálido — Conseguiram ouvir a voz doce de Yanli indagar.
— Estou sim, JieJie. Consegui uma coisinha que virá a calhar bastante em minhas aulas — respondeu contente, cruzando os braços sobre o peito. — Obrigado pela ajuda, a propósito.
A mulher sorriu docilmente, acariciando o ombro onde sua mão ainda estava pousada. Wuxian pegou a canhota alheia, segurando-a delicadamente e pediu licença ao se levantar, sussurrando que precisava ir para sua classe um pouco mais cedo e a soltou, acenando parcialmente ao se retirar espontaneamente.
JingYi que estava assistindo o desenrolar da situação voltou a prestar atenção em Sizhui ao esquivar o olhar da figura negra, vendo o colega mexer em pergaminhos sem muita animação e bebeu um pouco mais de suco, pensando como o dia parecia fadado a dar errado.
***
O primeiro horário dos corvinos e grifinórios coincidiu de ser a mesma aula: Defesa Contra as Artes das Trevas, na sala de aula 3C logo no terceiro andar do castelo, portanto, era visível uma grande comoção de alunos subindo lances de escadas para chegar ao local desejado. Ainda que estivessem em um número considerável, era fácil notar que faltava alguns jovens, estes que tinham saído em disparada a ala hospitalar alegando não se sentirem bem ou outros que simplesmente fugiram para algum canto matar aula; entre estes jovens, JingYi e Sizhui não eram um deles— espantosamente, já que JingYi sempre foi caçoado pela sua falta de coragem.
Mesmo que estivesse indo tranquilamente, JingYi sentia-se um tanto receoso e mentalmente jogava toda a culpa para aqueles que ficaram aumentando as histórias e botando medo neles. Tipo, sério, para quê ficar o café da manhã inteiro encarando os alunos do terceiro ano como se já estivessem mortos bem em frente a todos? Não precisava desse alarde, poxa! E não era o único que se sentia assim, mas é claro que ninguém estava disposto a assumir. Apenas Sizhui permanecia tranquilo como sempre, andando calmamente logo atrás de si como qualquer outro dia no castelo.
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O professor de Defesa Contra as Artes das Trevas
FanfictionUma notícia incendiou o mundo bruxo em murmúrios frequentes; uma fofoca tão deleitosamente assustadora que afobava os ouvintes em receio e excitação. Hogwarts havia encontrado um novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas terrivelmente assu...