Às vezes, tenho a sensação de que os dias têm sido cada vez mais enfadonhos, encaro o céu azul e às pessoas caminhando pelas ruas, o tempo corre, sempre persistente, resoluto, e ainda assim, é como se eu estivesse presa em um ciclo eterno de monotonia, soterrando-me pouco a pouco, até findar toda minha existência. E quando desvio o olhar para o copo de café diante de mim, só consigo pensar em como quero me sentir viva, nem que seja ao menos por um momento.
Soa engraçado quando penso sobre isso, sobre essa inércia que ronda a minha existência, para ser mais exata, acredito que a palavra apatia definiria bem a minha essência. Apenas mais uma vida qualquer sendo desperdiçada por aí, ao menos assim diria a minha avó. O que eu estou buscando? Eu não sei. Mas quem sabe de alguma coisa não é mesmo?
Não é como se houvesse algum segredo em ser um adulto, ou muito menos em como viver uma vida comum, na verdade é uma ideologia muito simples: Estude o suficiente para conseguir um bom emprego e então seja bem sucedido naquilo que você faz, crie uma boa família, tenha uma vida estável, seja uma pessoa boa e empática.
Simples, não é mesmo? Talvez para pessoas que vivem em outra realidade, porque para mim não passa de uma grande besteira. Uma visão metodicamente traçada pelo sistema para nos afundar em vidas medíocres que atendem aos padrões sociais criados. Reviro os olhos pensando nos pobres coitados que caem nessa lorota do que é uma vida adulta.
A verdade é que, eu só estudei porque queria sair de casa o mais rápido possível, eu só trabalho porque preciso de dinheiro, e uma família definitivamente não é meu objetivo em nenhum momento da minha vida. E sobre ser uma pessoa boa, bem, tire suas próprias conclusões, cada um vê o que quer. Tudo isso me parece uma grande palhaçada, palhaçada está arquitetada por um grande circo administrado por inconsequentes.
Realmente, uma verdadeira merda.
Olhando para todo esse desastre não é de admirar que nada seja de fato estimulante em nossa ínfima existência. Bem, de qualquer forma, eu não me importo, ao menos não de fato. Como eu disse anteriormente, a única coisa que eu anseio é me sentir viva. E eu faço. Como? Talvez você se pergunte. Certamente não é sentada aqui.
Depósito a xícara agora vazia sobre a mesa e levanto, agarro a bolsa na cadeira ao lado e penduro no ombro me verificando se não havia esquecido nada. Deslizo um elástico do pulso e amarro meus cachos em um rabo de cavalo alto, umedecendo os lábios, ainda sentindo o gosto amargo do café. Checo a hora na tela do celular, são 7h30, isso significa que eu ainda tenho 30 minutos até meu horário de trabalho. Ótimo.
Pego na bolsa uma caneta e o dinheiro para pagar o café e deixo sob a xícara de café, me certifico de deixar uma gorjeta generosa para a garçonete simpática. Agarro um dos guardanapos e me inclino para escrever um pequeno bilhete. Nem sempre funciona, mas eu nunca deixo de arriscar. Caminho em direção à saída deixando minha mão deslizar sutilmente na mesa à minha direita. Guardo a caneta na bolsa novamente, e ao sair pela porta não deixo de olhar para o homem espantado com o papel na mão.
Respiro fundo enquanto caminho pela calçada, é uma manhã ensolarada e agitada, o fluxo de carro e pessoas é alto, afinal ainda é horário de pico e muita gente está indo começar o dia em seus empregos anódinos ou indo se trancafiar em salas de aulas buscando pela ilusão de um futuro melhor. Grande besteira.
Dobro a esquina e entro no segundo beco à minha esquerda. É uma ruela sem saída no centro da cidade, o som dos carros e das pessoas ecoa por entre o espaço, e feixes solares avançam por cima de um container de lixo cheio até a borda. Ao menos o cheiro não é tão ruim quanto será ao meio dia. Paro ao fundo do beco e encosto na parede, encarando a tela do celular novamente. 7h36 agora, mais 2 minutos e então posso seguir para o escritório.
O barulho de passos apressados chama minha atenção, e quando vejo o homem se aproximando sinto o músculo da minha face repuxar em um sorriso de vitória. Eu disse que nem sempre funciona, mas na maioria das vezes, eles sempre me seguem. A oportunidade nunca é perdida.
- Olá. – Ele parece incerto, sua voz trêmula me diz que ele ainda tem dúvidas se deveria estar aqui ou não. Acontece que eu não tenho.
- Escute moço, não preciso nem sequer saber seu nome, eu tenho que está no trabalho em 20 minutos, então se você está bem com isso, apenas diga que tenho seu consentimento. Se não podemos ir embora e fingir que nada disso aconteceu.
Ah, aí está, aquele olhar confuso e perturbado que todos eles fazem.
- Eu... Eu... – O vejo enxugar a testa com as costas das mãos e isso quase me faz gargalhar. Nem parece que é um homem crescido.
- Sim? Você quer? – Ergo a sobrancelha e cruzo os braços já me sentindo impaciente. Às vezes as pessoas não sabem agarrar uma boa oportunidade nem quando essa está bem diante de seus olhos. Um aceno de cabeça nervoso é tudo o que recebo em troca, e isso me basta como suficiente. – Ótimo.
Deixo a bolsa cair no canto da parede e sigo até ele, o empurro contra a parede no canto, mas afastado da vista, ele me olha ansioso, inacreditado com o que está prestes a acontecer. E isso me faz segurar a vontade de rir novamente, eles sempre parecem estar diante de um leão faminto, e talvez, de fato estejam. Eu caio de joelho no chão diante do estranho em minha frente, e no mesmo instante minhas mãos são ágeis sobre o cinto de couro legitimo, e então nos botões e zíper de sua calça jeans.
Puxo para baixo sua calça e cueca juntos, encarando analiticamente seu pênis semiduro. - Hum, nada mal. – Agarro-o com firmeza e passo a língua em sua glande, sentindo como ele endurece cada vez mais sobre meu toque. O gosto salgado toma conta do meu paladar e eu gemo em deleite.
Aí está, aquela sensação quente de poder, sinto o calor nascer em meu âmago e se dissipar por todo o meu corpo, e é bom, é muito bom. Sinto seu pênis pulsar em minha língua quando o levo fundo em minha garganta, ouço-o gemer enquanto uma de minhas mãos massageava suas bolas, e isso faz meu sangue ferver.
Subo minha destra pela parte interna da minha coxa direita, levando-a por baixo de minha saia, e quando meus dedos alcançam minha calcinha eu posso senti-la úmida. Afasto o tecido para o lado, e arrasto meu indicador e médio pelo meu clitóris, levando o pênis grosso ainda mais fundo em minha garganta. E quando sinto o ar me faltar e engasgo, deixo meu dedo médio penetrar em minha vagina. Fecho os olhos e deixo o tesão me queimar.
Como eu disse, tudo o que eu quero é me sentir viva.
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Scary Love
RomanceÀs vezes, tenho a sensação de que os dias têm sido cada vez mais enfadonhos, encaro o céu azul e às pessoas caminhando pelas ruas, o tempo corre, sempre persistente, resoluto, e ainda assim, é como se eu estivesse presa em um ciclo eterno de monoton...