Suas ações o levam até seu destino

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As pálpebras aos poucos se abriram, demorando-se a acostumar com a claridade do local desconhecido. Engoliu em seco sentindo dificuldade para respirar, notando como seu corpo parecia fraco demais para realizar quaisquer movimentos. Estava descansando sobre algo macio e havia um leve cheiro de alecrim que ocupava grande parte do ambiente.

Franziu o cenho, grunhindo rouco no momento em que tentou erguer seu próprio corpo. Seus olhos foram até sua barriga, analisando o ferimento que já começava a cicatrizar em seu abdômen. Lentamente seus dedos tocaram a mistura estranha que estava no corte, torcendo o nariz no momento em que captou o aroma desagradável.

— Finalmente você despertou! — a atenção do alfa foi atraída para o homem do outro lado do cômodo.

Yifan observou com cautela. O homem estava de costas para si, dificultando seu reconhecimento, embora a fragrância de alecrim não deixasse dúvidas de que era um beta. Tentou novamente se erguer, desta vez obtendo sucesso em sua tarefa. Se arrastou preguiçosamente até a borda da cama em que estava, levando mais tempo do que o necessário para enfim quebrar o silêncio.

— Quem é você? — questionou, arqueando uma sobrancelha ao escutar um riso abafado.

— Alguns me chamam de Minseok. — o homem murmurou, impassível.

O assunto pareceu morrer, mesmo que o silêncio fosse impedido pelo beta, que cantarolava uma melodia baixa, embora agradável, enquanto amassava algumas ervas em um recipiente feito de carvalho. Os olhos vazios do lúpus percorreram por todo o ambiente enquanto se levantava devagar, pegando suas roupas escuras para se vestir.

— Você é um feiticeiro. — Yifan apontou. Minseok tencionou, parando brevemente com o que fazia antes de voltar novamente a executar sua tarefa, dessa vez sem a cantoria, optando por não respondê-lo mesmo sabendo que aquela não era uma pergunta. — Por que me salvou?

— A adaga que usaram para lhe ferir estava envenenada. — Minseok disse, ignorando a pergunta do alfa. — Se fosse uma pessoa comum, estaria morto. Felizmente, os lúpus são mais resistentes... Tem sorte por ser um. — comentou. Yifan arqueou as sobrancelhas pela escolha de palavras; era a primeira vez que o julgavam como sortudo.

— Eu lhe perguntei o porquê, não como. — rebateu rudemente, finalizando de colocar suas vestes e tomando um maior cuidado quanto ao corte em seu corpo, que ainda o incomodava embora fosse suportável.

Minseok soltou um riso soprado.

— É a primeira vez que vejo um lúpus responder alguém com palavras que não sejam "sim, senhor". — comentou, bem-humorado.

— Feiticeiros não ajudam pessoas a menos que elas tenham algo a oferecer. — Yifan recitou, dessa vez com um pouco mais de cortesia. — Diga o seu preço, Minseok. — solicitou.

O feiticeiro estreitou as pálpebras, se virando pela primeira vez para encarar o alfa que o observava atento, pronto para acatar suas ordens. Minseok deixou o recipiente em cima do balcão ao seu lado, endireitando a postura e dando devida atenção ao lúpus. Ao contrário de alguns segundos atrás, sua feição estava séria e não havia indícios de humor em seu tom de voz:

— Você não pode morrer ainda. — proferiu. — Seu futuro está entrelaçado com o de uma pessoa importante, e você, lúpus, é a peça que falta para a profecia se concretizar. — uniu suas mãos em sua frente, atento às reações que recebia. Yifan mantinha-se calmo, entretanto havia um formigamento em suas mãos que o deixava intrigado.

— Eu não compreendo... — murmurou, estreitando os lábios em uma linha reta.

— Laços de sangue e alma unem você ao herdeiro dos dragões. Você está destinado a salvá-lo ou arruiná-lo. — o feiticeiro anunciou.

A Profecia do Dragão [wyf+hzt]Onde histórias criam vida. Descubra agora