A Profecia do Dragão [wyf+hzt]

A doçura em sua voz é como um veneno

As ruas de Haitang nunca foram tão silenciosas como nos dois dias que sucederam após o anúncio feito pelo conselheiro real, informando o prelúdio da guerra contra Temeris. O povo demonstrava apoio à família Huang, embora fosse nítido a surpresa e angústia geral, mesmo que estes sentimentos não superassem o rancor pela tentativa de assassinato para com a rainha.

Era ainda mais inquietante a calmaria instalada no palácio. Os membros da família Huang evitavam comentar o assunto mais do que o necessário, contudo, não era preciso mais que algumas trocas de olhares para que evidenciassem a apreensão quanto à situação que se encontravam. O futuro da dinastia estava ameaçado, todos sabiam.

No entanto, o príncipe dos dragões parecia ser o único a não se importar em demonstrar sua insatisfação abertamente. Zitao não era sútil em deixar seu desagrado se manifestar em meio aos outros. O ômega sempre fora ensinado a pensar racionalmente e naquela altura, ainda não havia encontrado um motivo plausível o suficiente para que Temeris declarasse guerra contra Haitang.

O olhar reprovador de Taiyang era o bastante para que o príncipe se mantivesse contido e não declarasse em voz alta suas dúvidas, mas seu pai jamais havia comentado sobre demonstrar fisicamente sempre que o assunto era trazido à tona, principalmente por Zhoumi. Huang Zitao era expressivo demais para o seu próprio bem.

A lua já brilhava quando os membros da família real se reuniram na sala de jantar. O clima ameno que pairava sobre o cômodo era comum durante a refeição. O único som que reverberava pelas paredes pertenciam aos talheres sendo utilizados. Os olhos do rei percorriam pelos rostos concentrados dos outros enquanto mastigavam.

Começou por Qian, sentada à sua direita. A ômega já aparentava estar recuperada do ataque que sofreu, embora ainda fosse possível ver os hematomas deixados em seu corpo, que logo sumiriam de acordo com o meistre. No entanto, havia um brilho nos olhos da mulher que sempre o intrigaram, este que parecia ainda mais vívido nos últimos dias e estranhamente o deixavam alarmado. Havia se acostumado a se surpreender com sua esposa.

Em seguida, observou Zhoumi ao lado do filho, Baekhyun. O alfa mantinha a expressão séria e postura ereta como sempre se lembrava. Era levemente cômico como Baekhyun possuía tantas características do pai e ao mesmo tempo tão pouco. Mesmo que o ômega carregasse os traços físicos semelhantes ao alfa, sua personalidade distinta era semelhante a de sua mãe, assim como o sorriso estonteante.

Por fim, seus olhos foram até Zitao. Um suspiro baixo escapou dos lábios do alfa ao admirar o filho. Havia o criado bem, mesmo com a ausência da figura materna, e uma das provas disso era que, mesmo com a decisão já tomada, o ômega continuava o questionando sobre suas escolhas. Tao havia sido criado para governar no seu lugar, não esperava menos, no entanto, também se preocupava que a personalidade altiva do garoto pudesse ser um problema no futuro.

Continuou observando o ômega, atento a reação do mesmo quando partiu o silêncio após pigarrear, unindo as mãos sobre a mesa:

— Os lordes responderam o chamado nesta manhã. — Taiyang iniciou, assistindo Zitao interromper o que fazia para o olhar, sendo acompanhado pelos outros. — As casas nobres deverão chegar até o pôr do sol amanhã. Iremos nos reunir para recebê-los como manda a tradição; todos, sem excessão. — finalizou. O tom de voz dando ênfase em suas últimas palavras não passou despercebido pelo príncipe, que arqueou as sobrancelhas.

— Irei solicitar que preparem os aposentos da ala leste. — Qian sorriu brevemente.

— É bom nos reunirmos logo, devemos traçar qual será a estratégia contra Temeris. — Zhoumi murmurou, impassível. — O que nos leva a mais uma questão: como iremos explicar a presença de um lúpus no castelo?