XIX

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Harry soube que estava acordado antes mesmo de abrir os olhos, uma dor quase insuportável fazendo sua cabeça pulsar. Seus membros estavam fracos e seu corpo inteiro parecia pesado como chumbo.

Ele não podia dizer onde estava. Seus olhos estavam vendados e sua boca, amordaçada.

Pelo impacto que seu corpo sofria constantemente contra algo duro, ele estava montado em um cavalo. Havia um corpo pressionado contra o seu peito e ele tinha quase certeza de que tinha cordas em seus pulsos e tronco para mantê-lo estável acima do animal.

Aquilo era um sequestro? Para onde ele estava sendo levado? Ele seria morto?

Se Louis tivesse traído o acordo de paz que eles tinham selado há algumas noites, isso significava que Lunafair teria sido corrompida pelo regente? Louis, o rei de nobreza e senso irredutível de justiça, tinha finalmente acreditado nas palavras carregadas de promessas vazias de seu tio?

Não importava.

Tudo o que importava era que Harry precisava fugir.

Ele voltou a fechar os olhos e obrigou o seu cérebro a focar em seus outros sentidos. Ele ainda sentia o pulsar incessante em sua cabeça, e a cada vez que os cascos do cavalo se chocavam contra o chão, a dor parecia piorar. Em suas costas, suas mãos estavam amarradas, mas não com nós fortes o suficiente para impedir sua circulação. O homem em sua frente cheirava a terra e roupas de couro – era definitivamente um soldado e, pelo cheiro de terra seca, eles estavam longe do palácio.

Harry tentou não pensar em quanto tempo tinha ficado apagado. Não haviam outras dores em seu corpo, então ele não tinha sido tocado enquanto desmaiado.

Por algum motivo, aquela constatação parecia ainda pior.

Se por algum acaso seu tio tinha infiltrado soldados em Lunafair para sequestrá-lo e mata-lo como se por mercenários, ele tinha a noção de que não seria uma morte rápida.

Ele precisava fugir.

Com a audição apurada, ele tentou escutar o máximo que podia – o barulho das árvores e o chirriar das corujas indicavam que ainda era noite, talvez metade da madrugada. Na frente do cavalo que o levava, haviam mais dois trotando rapidamente. Por trás, ele estava livre.

Com cautela, Harry moveu as mãos em busca da pequena adaga que guardava em suas vestes – uma herança de família que geralmente servia para cortar frutas. Ele não tinha uma espada, o que significava que ele precisava causa o mínimo de alvoroço possível.

Ele cortaria as cordas, arrancaria a própria venda e se jogaria do cavalo, torcendo para que nenhum osso fosse quebrado enquanto isso. Não demoraria nada para que o cavaleiro percebesse a falta do calor do seu corpo contra ele, então ele precisaria correr para dentro da floresta, onde se esconderia até o amanhecer.

Se existisse qualquer erro em seus cálculos, ele morreria.

Se ele continuasse onde estava, ele morreria.

Não existia escolha.

Lutando contra a sua tensão, Harry se obrigou a relaxar o corpo e começar a cortar as cordas dos seus pulsos. Com suas mãos, ele poderia pelo menos tirar a venda para ter uma noção do que tinha acontecido.

Mas o primeiro nó tinha acabado de se soltar quando o ritmo da cavalgada diminuiu até que eles parassem por completo.

Harry engoliu um grunhido frustrado e enfiou a adaga na manga do seu traje, voltando a se manter quieto para que não fosse descoberto. Se ele conseguisse pelo menos escapar antes da tortura começar, ele tinha uma chance de sair dali ileso.

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⏰ Última atualização: Sep 21, 2021 ⏰

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