What Is Love - MX ver. | HyungKyun

04 • desenhos

•『 ♡ 』•

Voltei para casa no fim da tarde, ainda pensando em Hoseok e me lembrando da época em que descobrimos um sentimento diferente um pelo outro. As ruas daquele caminho eram repletas de detalhes que me faziam recordar de coisas engraçadas, como quando fugíamos de Kihyun para que ele não desse com a língua nos dentes e contasse tudo à nossa mãe.

Sangah nunca foi o tipo de mulher que controlava os filhos a rédeas curtas, mas eu tinha medo da reação dela quando soubesse que eu estava me envolvendo com outro garoto. Naquela época, eu nunca havia tido um namorado, apenas tinha trocado alguns beijos com uma ou duas meninas no colégio e ficava feliz por minha mãe nunca ter desconfiado sobre aquilo que aconteceu com Minhyuk quando ela não estava em casa.

Percorrer os arredores sozinho me fez sentir um pouco mal de início, mas essa sensação foi passando conforme me aproximava de casa. De repente, comecei a imaginar se Hyungwon tinha deixado alguém em Gwangju, uma namorada ou um namorado que estaria morrendo de saudades, afinal, meu primo era um cara muito bonito e as pessoas tendiam a gostar de rapazes misteriosos como ele.

Ri comigo mesmo, sem entender porque meus pensamentos sempre acabavam indo naquela direção, obrigando-me a lidar com uma curiosidade incomum com relação a Hyungwon. Nunca havia me sentido daquela maneira antes, nem mesmo quando éramos mais jovens e ainda estávamos nos acostumando à ideia de sermos parte da mesma família ou quando eu não conseguia parar de pensar nele naquele verão há anos atrás. Talvez o estivesse apenas usando como um escape para não imaginar besteiras com relação ao afastamento de Hoseok. Ou talvez...

Sem querer dar corda a essa hipótese absurda, balancei a cabeça e voltei a prestar atenção às casas do entorno, buscando uma música qualquer na memória que pudesse grudar feito chiclete em minha mente e me distrair o suficiente.

Quando cheguei, viu Hyungwon brincando com Dutch na frente da casa. O cachorro abanou o rabo e correu em minha direção, como se me cumprimentasse, e então reparei que meu primo já tinha se trocado e vestia roupas confortáveis das quais parecia gostar muito, uma calça de moletom e uma camiseta branca larga. Isso serviu de desculpa para eu apenas dizer um olá e emendar que subiria para tirar as roupas formais que usava. Assim que alcancei a porta da frente, porém, dei uma breve espiada para trás e vi que Hyungwon tinha me seguido com o olhar.

O que me deixou ainda mais confuso foi o fato de Hyungwon não ter desviado o rosto ou disfarçado o ato quando nossos olhares se encontraram, simplesmente esboçando um sorriso com os lábios cerrados que me fizeram subir correndo as escadas até meu quarto.

Não sabia o motivo, mas me senti estremecido. Olhar para Hyungwon me fazia lembrar da cena na escadaria, de nossos corpos muito próximos um do outro, no escuro. Talvez eu estivesse ficando maluco, foi o que disse a mim mesmo e balancei a cabeça tentando espantar tais pensamentos.

Passei o restante da tarde enfurnado no cômodo, rolando de um lado para o outro na cama enquanto mantinha os fones nos ouvidos, sem realmente prestar atenção a nenhuma das canções na playlist aleatória. Durante o jantar, tentei não prestar atenção a Hyungwon e escutei pacientemente enquanto meu irmão reclamava sobre algum trabalho do colégio, ajudando-o com a louça e subindo assim que o último copo foi devolvido às prateleiras.

Minhas indagações, porém, não duraram por muito tempo, pois acabei adormecendo rapidamente naquela noite. Logo estava de volta à sala de estar e tive a certeza de que sonhava quando vi meu pai descendo as escadas, sorrindo com um livro em suas mãos. Mirei o sofá e o cobertor estava lá, pronto para ser usado.

Meu pai não disse nada, apenas estendeu a mão como se eu ainda fosse um garotinho de dez anos para quem ele lia alguma história naquela hora da noite. Corri o olhar para o relógio e ele indicava que já havia passado das nove. Senti uma vontade imensa de gritar e pedir para que meu pai chamasse a polícia, mas não tinha controle sobre a minha própria figura.