Despertar

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O sol entrava pela fresta entre cortinas rasgadas de uma janela quebrada, levando o raio de luz até o rosto de uma pessoa. Um jovem rapaz ruivo, seus cabelos e barba por fazer estão sujos, porém arrumados. Assim que a luz bate em sua face, ele acorda em um susto e se levanta subitamente.

- O que? Que isso?? Onde que eu tô??? - Ele diz com certo desespero na voz.

Analisando o quarto destruído onde ele lembrava um dia ter sido sua casa, o rapaz percorre pelo ambiente procurando água, comida, uma saída e respostas sobre o que era aquele lugar. Ele encontrou algumas garrafas de metal com água e comida enlatada e gelada. Além disso, a única coisa encontrada foi uma anotação rasgada e amassada de uma espécie de diário:

"Ele não está acordando, pensei que se conseguisse mantê-lo vivo, alimentado e hidratado ele acordaria em algum momento .. Mas não, Arthur não vai mais acordar, preciso aceitar isso e deixa-lo descansar em paz. Não terei coragem de matá-lo, ele é tudo que me restou, cheguei a conclusão de que apenas vou embora, para não ver o pior acontecer. Peço perdão por não ter tentado mais. Eu amo você.

                                                     - V.H."

- Como assim? Eu fui deixado pra morrer? Quem é V.H.? Como eu estou vivo ainda?

Perguntas e mais perguntas surgiam na mente de Arthur, após comer e se hidratar, ele tentou sair pela porta da frente, que por algum motivo não abria de maneira alguma apesar de aparentar fragilidade.

- Droga! droga! Eu preciso sair daqui!!

Sentado no chão ele ouve um vento forte entrar pela janela, junto com areia. Ele sente curiosidade ao ver aquilo, não lembrava de morar perto da praia ou qualquer coisa que pudesse ter solo arenoso. Assim ele levantou e caminhou lentamente até a janela, que estava tampada por tábuas, mas com um buraco quebrado aberto entre elas.

- Isso... Não é possível... - Ele sussura com espanto para si mesmo ao ver que a visão da grande de cidade que ele tinha antes, agora é um oceano de areia e ruínas do que um dia foi Dallas, no Texas. Sua janela que antes ficava na altura do décimo quarto andar, agora tinha uma grande duna de areia a menos de 2 metros de altura que descia como um grande escorregador até embaixo.

De repente, ele ouve passos, como se alguém estivesse correndo pelo lado de fora do apartamento. Arthur tenta pensar rápido e apenas se esconde embaixo da cama com um cobertor por cima.

A correria começa a chegar mais perto e ele pode ouvir o que parece um grunhido ou grito bem rouco, enquanto outra voz masculina diz:

- Me deixa em paz seu desgraçado!!

O som vai chegando cada vez mais perto, até que com um grande susto, Arthur vê a porta que antes parecia intransponível desabar com um homem caindo por cima dela. Como se isso não fosse pouco, uma espécie de criatura semelhante a um ser humano doente e apodrecido cai por cima do homem, aparentemente tentando rasgar ele de qualquer jeito, com arranhos e tentativas de mordida.

- Ah, não!! Socorro!! SOCORRO!!!

O homem parecia ter poucas chances, mas continuava segurando enquanto era atacado de maneira feroz. Apesar do medo, Arthur por impulso se levanta e joga um pedaço de madeira na cabeça do monstro, o qual apenas vira o rosto para ele e avança.
Com um grito e pelo reflexo, o ruivo se desvia da criatura, que cai no meio dos escombros, e corre em direção a saída gritando para o homem que agora se levantava:

- Corre!!! Só corre!!!!
- Não precisa falar duas vezes!!
- Você sabe como sair daqui?? Vai na frente!
- É só me seguir!

Os dois rapazes começam a ir o mais rápido que podem, a criatura dá mais um berro rouco e sai para o corredor atrás dos dois novamente

- Cara!! Não tem saída nesse corredor!! O que você tá fazendo?? - Arthur grita com medo
- Pula!!
- Quê????

Quando ele menos percebe, o homem se jogou por uma janela no fim do corredor que estava quebrada e aberta. Por instinto, Arthur simplesmente segue o comando pula.
E cai em uma duna enorme de areia, deslizando e rolando na areia até recuperar o equilíbrio e continuar correndo atrás do outro cara, que parece ter parado de correr e se abaixado para pegar algo no chão.

Arthur olha para trás e vê a criatura pulando pela janela, mas antes que ele pudesse ter qualquer reação, um tiro é ouvido e a cabeça do humanóide explode.

Ao olhar de volta para frente, ele vê o homem segurando uma escopeta, ele abaixa a arma e diz:

- Ufa! Finalmente! - Ele se aproxima de Arthur e oferece a mão para levantar - E aí cara, eu sou Howl, e você?

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