Horizonte Ermo

Lembrança

Howl estava sentado em seu quarto, se preparava para sair em missão de volta a cidade e recuperar a carta que inocentaria Arthur. Ele sentia medo, medo de não encontrar a carta, medo de encontrar Errantes e perder pessoas, medo de não voltar... Medo de falhar. Por um momento, sozinho naquele ambiente, ele sentiu seu coração apertar, um desconforto na barriga, suas mãos trêmulas e um leve suor frio, não saber o que estava por vir o causava uma aflição sem tamanho, mas era melhor do que permitir a condenação injusta de alguém que, em sua cabeça, era inocente.

Ele passou alguns minutos andando de um lado para o outro, tentando respirar fundo e organizar seus pensamentos, mas a inquietação era grande, a preocupação com a imprevisibilidade dessa jornada não saía de sua cabeça, ainda mais lembrando-se do que aconteceu com ela...

Foi em meio a essa tensão, que ele foi interrompido com alguém batendo e logo em seguida abrindo sua porta:

– Howl? Tá pronto? - Disse Thea, sua amiga.
– Ah, Thea... Sim, claro! Eu... já tô saindo - Ele diz forçando um sorriso e uma risadinha falsa enquanto finge estar arrumando uma mochila já pronta.
– Tá... - Ela diz olhando para ele com certa desconfiança - Eles estão te esperando no portão, só ir lá.
– Tá bem, tá bem, pode ir, eu... Já tô saindo, só terminando de conferir umas coisas, sabe como é - Ele diz ainda forçando uma risadinha falsa
– Ok... - ela estava saindo e fechando a porta, mas antes de fechar por completo... - Você precisa parar de pensar nela Howl, não foi sua culpa.

Novamente ele se viu na solidão da penumbra de seu quarto e lembrou-se de dias em que ali houve mais alegria... E do dia em que sua alegria se foi para sempre.

...

Alguns minutos depois, Howl se encontra com os outros homens que iriam o acompanhar até a cidade, haviam cerca de sete pessoas, dentre elas estavam Sam e Donna, um casal de soldados. Howl então se aproxima de Bill, que estava conversando com alguns homens e era o responsável por escolher quem iria para aquela excursão:

– Bill! Ei Bill!! - Ele diz se aproximando.
– Entendeu o que eu disse? Certo, vai lá. - Bill diz a um soldado e o dispensa, se virando para Howl em seguida - O que você quer?
– O Sam e a Donna, por que você convocou eles?
– Porque eles são bons soldados?
– Disso eu sei, mas... O Hunter...
– Você não confia nas habilidades deles? É o que você quer dizer?
– Não, eu sei que eles tem experiência, mas se algo der errado? Ele vai ficar sem os pais, ele é só uma criança Bill.
– Howl, não vai acontecer merda nenhuma e SE acontecer, ele vai ter que lidar com isso! - Ele diz em tom mais alto de voz
– Ele é só uma criança Bill!!
– Uma criança que vai crescer na porra de um mundo que mais parece as profundezas do inferno!! - Ele grita agressivamente e logo em seguida diz mais baixo - Agora vai se juntar com os outros, vocês já estão atrasados, e não me estressa. - Ele se vira e vai embora.

Howl se mantém em silêncio observando Sam e Donna rindo enquanto arrumam suas roupas e proteções, ele sente um aperto no peito novamente, mas obedece as ordens e se junta aos outros.

– Muito bem, homens. - Bill aparece em uma espécie de palco pequeno - Todos já chegaram e estão prontos, vocês só vão ouvir uma última explicação do que estão indo fazer e já podem ir, entendido?
– Sim! - todos dizem em coro.
– Então, vocês vão ir até a antiga cidade de Dallas e o nosso companheiro Howl vai guiar a todos até o local onde o suspeito conhecido como "Arthur" diz ter deixado uma carta comprovando sua inacreditável história e sua inocência, depois vocês vão voltar e entregar essa carta diretamente ao Lincoln ou a mim, capisce?
– Sim! - Todos dizem em coro novamente.
– Muito bem, isso é tudo, podem ir e boa sorte a todos.

Todos os soldados caminham até a saída da cidadela, Howl fica um pouco pra trás e olha uma última vez para trás antes de ir, ele vê Hunter, filho de Sam e Donna, sendo segurado por um guarda e observando com lágrimas nos olhos, seus pais se distanciando. Mais uma vez, o coração de Howl aperta e ele sente um arrepio na espinha

"Tudo aquilo vai acontecer de novo?"

Essa pergunta martelava e latejava na mente dele... E seria respondida tão rápido quanto gostaria.