Primeira Carta

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"Amado Wooyoung,

Esta é a primeira carta que te escrevo na minha longa estadia.

Percebi que não somente eu, mas muitos dos que compartilham este lugar comigo possuem este estranho 'costume' de escrever cartas.

Inicialmente isso é passado como um exercício, apenas devemos escrever textos para aqueles que nos magoaram e dizer que os perdoamos ou alguma coisa assim. Porém com o tempo, se torna um tipo de terapia que nos mantém sãos no cubículo.

Após passar dias escrevendo palavras de ódio, pensava que estava 'descarregando', mas durante todas as cartas, só conseguia pensar em como queria te contar tudo. Em toda as merdas que fiz e as enrascadas que te meti. Então tenho escrito algumas para você, apenas como um desabafo... mas eu ainda me lembro do seu endereço. De repente, me peguei perguntando para a psicóloga se eu poderia enviar as cartas ela me pediu para escrevê-las todas novamente, mas dessa vez com mais sinceridade e polidez pois ela vai ler tudo antes de enviar (Como tem passado, July?), então cá estou! Cuspindo meus sentimentos em um pedaço de papel enquanto rezo para que ainda more na casa amarela no fim da rua.

Vamos voltar ao inicio de tudo? Ainda me lembro de te ver sorrindo pelos corredores da faculdade com seus colegas. E aqui já esclareço a minha primeira mentira: eu nunca fui aluno daquela faculdade, com certeza não estava no terceiro semestre de jornalismo e, na verdade, eu nunca terminei o ensino médio.

Aquele trabalho nunca existiu, foi apenas uma desculpa. Eu só te deixava na sua sala e saía. Eu voltava para lá perto do seu horário de saída para te buscar.

A primeira vez que te vi foi em uma sexta a noite, você estava com o Yeosang do lado e estavam gargalhando. Depois você me contou que o professor de vocês era meio esquisito e falava embolado, o que fez vocês rirem a aula toda, mas eu apenas estava admirando como você estava lindo naquela jaqueta amarela.

Você foi com o Yeo e uns colegas de sala para um barzinho depois e eu te segui de longe e observava calado o garoto que tinha me encantado.

Como eu disse, era sexta-feira então você não teria aula ate segunda e essa foi a maior tortura da minha vida. Tive que esperar o final de semana inteiro para poder te ver de novo.

Na segunda, rodei aquele prédio inteiro tentando esbarrar com você em algum corredor. Obviamente não funcionou e tive que ficar de plantão na porta da sala que te vi pela primeira vez. Até que você saiu e eu travei. Fiquei como um idiota te encarando e até o Yeo percebeu.

Eu já tinha bolado um plano, mas estava desestabilizado e seu amigo quase acabou com tudo apontando para mim. Respirei fundo e fui em sua direção, fiz a pergunta de um milhão de dólares:

"Você é calouro, né?"

Era um chute no escuro, mas eu precisava arriscar. Se você não fosse calouro, eu iria ter que inventar alguma outra coisa, porém você parecia feliz demais para um veterano. Então veio a confirmação e 10% do meu plano já tinha dado certo. Me lembro de tropeçar nas palavras fugindo do seu olhar.

"Eu sou estudante de jornalismo e preciso entrevistar um calouro. Você pode me ajudar?"

Com os olhos confusos e um sorriso ladino, você aceitou. Acho que era óbvio para todos que era uma mentira e mesmo assim você aceitou sair com um estranho. Não sei se por inocência ou porque gostou de mim logo de cara.

No dia seguinte, na cafeteria, eu comecei com as perguntas e você respondia com longos monólogos. Eu ficava ali te ouvindo e admirando como o completo bobo que fui durante todo o nosso tempo juntos.

Tomamos juntos 9 cafés e inúmeros bolinhos, acho que nenhum dos dois queria realmente ir embora. Desliguei o gravador e agradeci por sua paciência, também já pedindo seu número para futuras dúvidas.

Com um sorriso já sacando meu plano, você me deu seu número. Eu nem tinha um celular.

Ah, tudo que eu fiz para poder te ter em meu braços, pequeno Wooyo.

Hoje eu só ganhei uma mísera sulfite e meus sentimentos jamais caberiam somente em uma folha A4! Meu espaço está quase acabando aqui.

Caso essa carta realmente chegue até você, peço por favor que leia ela com carinho e relembre de nossos bons momentos juntos.

Sei que sumi de repente, mas aguarde minhas próximas cartas... nelas explicarei exatamente o que aconteceu e prometo ser sincero. Por favor, não me odeie conforme revelarei os ocorridos, pois apesar de todos os meus erros... eu te amei, Wooyoung.

Na verdade, eu ainda te amo, meu pequeno Wooyo.

Para sempre seu,

San."

Eu te amei, Wooyoung [WOOSAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora