Sétima Carta

81 16 15
                                    




"Amado Wooyoung,



Temo ser a última vez que lhe escrevo.

Ouvi em algum lugar algo sobre se permitir sentir e demonstrar ao outro como se sente, para que ela tenha o direito de se sentir amada e saber que foi real. Pois somente assim a outra parte vai sentir a dor quando acabar e poder se sentir livre no mais tardar.

Porém também creio não ser saudável prolongar tanto tais sentimentos.

Infelizmente sinto que minhas cartas já não trazem bem algum para ambos nós.

Sempre me senti mais inspirado quando estava bravo. É o momento em que extravaso. Nesse exato momento estou quase sendo preso dentro da própria prisão por tanto estresse. Me ferve o sangue esperar, ainda mais esperar por algo que talvez nunca chegará.

Assim, para passar o tempo, compartilharei uma última lembrança. Quando te levei pela primeira vez para andar de moto. Você ficou se achando o bad boy, exibindo o capacete que lhe dei por toda a universidade. Suas mãozinhas nervosas fizeram um furo em minha camisa de tanto que me apertou quando comecei a acelerar a moto.

Busquei seu olhar pelo retrovisor muitas vezes, mas todas as tentativas falharam por seus olhos fechados. Tentando ser carinhoso, coloquei minha mão sobre as suas, mas você gritou e me mandou pilotar direito.

Era tão fofo, você era completamente desesperado no começo. Depois só passou a subir e nem segurar mais em mim. Senti falta, admito. Adorava sentir o calor de seus braços envoltos em minha cintura e seu capacete batendo no meu, de tão colados. Realmente não fiquei feliz de você perder o medo, até chegou a me pedir para ir mais rápido.

Tivemos tantas memórias naquela moto, fomos a tantos lugares debaixo de chuva ou do sol escaldante.

Merda de moto.

Foi destruída naquela noite. Quando atiraram nela e caí, as faíscas junto ao vazamento de combustível iniciaram o fogo.

Tentarei comprar outra quando sair.

Falta pouco tempo para eu ser liberado, claro que comparado a quanto tempo já estou aqui. Cada segundo parecem horas, diferente de quando estávamos juntos que horas pareciam milésimos.

É como se fosse o clichê do 'me perdi em seu olhar', pois realmente. Seus olhos eram pequenos, delicado e adornados pela bela pintinha. Se tornavam risquinhos engraçados. Seria um absurdo tentar te comparar com qualquer objeto ou misticidade, pois a insignificância de tais jamais fariam jus a verdadeira cintilância contida em seu olhar.

Wooyoung, nem estrelas ou sequer supernovas poderiam jamais se comparar ao brilho que encontrei em você.

Por me doer tanto escrever, julgo doer tanto em você ler. Não acho justo mantermo-nos nessa prisão emocional quando eu já estou nessa física.

Por te amar demais, despeço-me.

Não encherei mais sua caixa postal com meus devaneios, é o melhor para nós. Talvez seja o melhor para mim e eu apenas esteja sendo egoísta por talvez privar você de algo, mas por hora não tenho como saber de seus sentimentos.

Peço-lhe que viva bem.

Que ame.

Que sorria.

Que seja feliz.

Que seja Wooyoung.

Viva o melhor que a vida pode te proporcionar e jamais, jamais, se permita sofrer por algo que já passou.

Que de hoje em diante esqueça de mim, como em Matrix. Sei que apagar memórias não é fácil, mas tente.

Brilhe, pois você é o artefato mais precioso de todos.

Permitindo-me sofrer por um último milésimo, acredito ser justo te dizer por uma última vez, te amo.

O te amo mais sincero de todos.

Te amo

Te amo

Te amo

Mas te amo.

Não só te amo

Como também te amo.

Injustamente, mas te amo.

Dolorido, mas te amo.

Pois é justo te amar.

Uma vez que se ama Wooyoung, é impossível desama-lo.

Por isso te amo.

Permita que outrem te ame. Mais intensamente do que eu. Mais certo do que eu. Que te ame plenamente.

Tentarei não sentir tanta falta, pois se sentir talvez não seja capaz de aguentar e irei parar em sua porta.

Oficialmente, assino e dato. Oficialmente pela última vez:

Eu te amei, Jung Wooyoung.



Com todo o meu coração,

Para nem todo sempre,

San. "

Eu te amei, Wooyoung [WOOSAN]Onde histórias criam vida. Descubra agora