01. Invasão

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No Oceano Pacífico, ao lado da costa alemã, um galeão seguia conduzindo em seu porão, toneladas de moedas destinadas ao Reino da Alemanha. Além da riqueza em prata, o navio também transportava um governador e seus dois filhos. Alguns oficiais da Marinha Real participaram da jornada de volta para casa, para garantir a segurança de uma das famílias mais importantes da Alemanha.

A viagem estava em seu quadragésimo dia e todos estavam cansados e entediados, por estarem cercados apenas por água, sem nada para fazer. Mas dentre eles havia um Ômega que estava apreciando a viagem, pois ao contrário de todos a bordo, ele adorava histórias que envolviam o mar, em especial, sobre piratas. Debruçado sobre a proa, Dirk Ackerman observava o navio diminuir velocidade conforme a noite chegava.

O comandante da embarcação achou mais seguro diminuir a velocidade durante a noite, devido a pouco visibilidade que se teria, e assim seria mais fácil impedir que o galeão colidisse com qualquer outra embarcação.

— Você já pensou em como seria viver em alto mar? — Dirk questionou ao seu irmão mais velho, que Ihe fazia companhia em todos os momentos durante a viagem.

Levi, o irmão mais velho, que estava um pouco mais longe da proa, observou o pavimento do convés com repulsa. A madeira úmida e ligeiramente mofada, o cheiro da ferrugem causada pela maresia, eram coisas que o deixavam desconfortável. Sem falar nos ratos que ele teve a infelicidade de encontrar em seu camarote, embora o cômodo fosse um dos mais limpos do navio.

— Desconfortável, insalubre e perigoso. — o mais velho respondeu, um pouco mais longe da proa. — Por favor, Dirk, desça daí e afaste-se para não cair.

Dirk suspirou descontente com a resposta que obteve de seu irmão. O mais novo tinha outra perspectiva do modo que Levi enxergava a situação. Sim, talvez as condições de viagens marítimas não fossem tão confortáveis e seguras, mas apenas o contraste entre o azul do céu e o do mar, e o brilho do sol nas ondas que despontava do horizonte em todas as manhãs, já eram motivos suficientes para considerar fazer de um navio o seu lar. Ele se afastou da proa e virou-se de frente para o seu irmão

— Seria fascinante. — ele suspirou. — Muitas são as histórias contadas sobre Alfas valentes, que levam a vida desbravando os mares em busca de tesouros.

— Você quis dizer, bandidos. — o irmão mais velho corrigiu, fazendo Dirk bufar revirando os olhos. — A pirataria não é como contam nos seus livros de romance, Dirk. Os piratas são Alfas e Betas, bárbaros e cruéis...

— Mal interpretados. — Dirk o interrompeu. — É óbvio que os oficiais da Marinha espalham histórias exageradas à respeito desses Alfas. — ele ficou um tempo em silêncio, enquanto seu irmão o encarava ainda incrédulo. — Eu gostaria muito de conhecer um navio pirata e me juntar a tripulação.

A revelação pegou o mais velho de surpresa. Levi sabia sobre os livros que seu irmão costumava ler, mas não imaginava que ele desejava se tornar um criminoso. Aquilo já estava fugindo do controle.

— Você está louco? Se papai te escuta falando isso, te deixa de castigo até que se case.

— Eu não quero me casar, Levi. — ele lamentou, cruzando os braços. — Quero ser pirata.

— Não fale coisas bobas! — Levi o repreendeu com voz baixa, para não chamar atenção dos marinheiros que trabalhavam pelo convés. — Um bom Ômega deve se casar e dar filhos ao seu Alfa. Formar uma família e levar uma vida calma e pacata.

— Fale a verdade, irmão. Você está satisfeito com esse noivado? Quer mesmo se casar e levar uma vida planejada pelos outros? Casar sem amor?

Levi suspirou olhando a volta à sua esquerda. Haviam alguns engradados próximos ao mastro dianteiro, onde continham instrumentos para manutenção do navio, simples objetos que eram manuseados pelos Alfas para consertar alguns mastros danificados. Ele observou quando um desses marinheiros pegou uma ferramenta e se colocou a utilizá-la ao seu favor.

BLACK SWAN | ERERI - RIRENOnde histórias criam vida. Descubra agora