08. Desejos

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O governador Kenny Ackerman andava de um lado para o outro dentro de seu gabinete. Ele contou ao comodoro Zeke sobre o rapto de seu filho e obteve seu apoio imediato.

— Malditos miseráveis! — Ackerman bateu na própria mesa.

— Não se preocupe senhor. — Zeke o tranquilizou, dou-lhe a minha palavra de honra que trarei seu filho de volta, são e salvo.

O governador assentiu.

— Seu filho é a única testemunha. — o Tenente da Marinha Real e amigo do Comodoro também estava na sala. — Será que ele poderia nos dar informações sobre o pirata que o levou?

— Não sei. — Ackerman respondeu pensativo. — Dirk é bastante sensível e ficou muito abalado com o sequestro do irmão. Eu não quero deixá-lo ainda pior.

— Prometo que não vou forçá-lo a reviver lembranças ruins. — o Tenente insistiu. — Seria de grande ajuda que ele nos desse qualquer informação.

— Tudo bem. — Kenny Ackerman assentiu. — Vou chamá-lo aqui.

Ambos os oficiais esperaram no gabinete e em poucos minutos, o governador retornou acompanhado de seu filho mais novo. Kenny Ackerman manteve-se ao lado do filho e fez sinal para que o Tenente Nile fizesse suas perguntas.

— Dirk, você lembra da aparência do pirata que levou o seu irmão? Pode ser qualquer coisa. Qualquer detalhe ajuda.

O Ômega puxou na memória os momentos de terror que viveu durante o ataque, não era tão fácil, ele chorou bastante. Mas de uma coisa ele nunca iria esquecer:

— Ele tinha uma cicatriz no olho esquerdo. — o menino respondeu convicto.

— Tudo bem sr. Governador. Já estou satisfeito. — Ackerman assentiu e mandou que uma criada acompanhasse seu filho de volta ao seus aposentos. — Este é Jean Kristen, um ex caçador de piratas.

Zeke e seu amigo trocaram olhares tensos.

— Agora sabemos o porque de nunca conseguirmos tê-lo encontrado. — Zeke rosnou. — O maldito juntou-se a tripulação do infame Capitão Eren Jeager.

— O que isso significa? — Ackerman perguntou temeroso.

— Significa que nós vamos precisar de todo apoio da frota naval.

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O comprador caminhou até onde Levi estava depositado, exposto para que todos o vissem. Ele abaixou o tecido da túnica cobrindo seu corpo novamente, o pegou no colo e saiu com sua "mercadoria" por uma porta à esquerda. Levi permaneceu imóvel, embora seu corpo não parasse de tremer enquanto era carregado pelo desconhecido. Ele estava com tanto pavor que não reconheceu o aroma que exalava dele.

Apenas quando o Alfa parou de andar, o colocou sentado em algo que também parecia ser uma mesa de madeira e arrancou a venda de seus olhos, foi quando ele pôde ver que o cavalheiro de preto que o havia comprado, era o Capitão Jeager. Levi suspirou aliviado, mas esse sentimento logo se esvaiu quando ele notou o modo com que o pirata estava lhe olhando.

Eren estava bravamente se segurando para não dar a surra que havia prometido a si mesmo assim que colocasse suas mãos no Ômega. Pois era assim que ele iria tratar qualquer outro prisioneiro que caísse em suas mãos e fugisse do seu domínio.

Mas não aquele Ômega. Mesmo que estivesse sentindo tanta raiva a ponto de sentir seu sangue borbulhar, ele não era capaz de levantar um dedo sequer contra ele, para usar de violência. E isso o deixava ainda mais irado.

— A sua fuga brilhante acaba de me render doze mil moedas. — Jeager afirmou com um tom extremamente irritado, enquanto se afastava do garoto, ficando de costas para ele. — E olha aonde conseguiu se meter...

Levi nada disse, ele apenas abaixou a cabeça sem saber o que falar. Estava morrendo de medo, mas ao mesmo tempo aliviado e agradecido que o Capitão tenha vindo lhe salvar. Mesmo que o resgate tenha sido por interesse próprio.

— Eu deveria... — Jeager continuou seu discurso enraivecido. Com a falta de resposta de Levi, ele virou seguindo em sua direção e bateu com os punhos em ambos os lados onde o Ômega estava sentado. Ele se assustou dando um leve pulinho. — Fala alguma coisa! — gritou, fazendo com que o choro que o mais novo estava segurando, fosse rompido de uma vez.

— Eu estava com medo. Você me tirou da minha família, me deixou preso em um lugar escuro e frio. Quase me vendeu para um bordel porque não quis fazer o que você mandou... — ele fungou entre soluços. — Eu estava desesperado e só queria ir para casa.

Jeager se condenou mentalmente por desejar abraçá-lo e consolá-lo. Ele sabia muito bem no que esse sentimento ia dar. Se apaixonar, para o pirata, seria o pior erro que ele poderia cometer. Sabia que o Ômega estava em sua razão, mas não deixava de sentir raiva. Ele estava dividido entre puni-lo ou apenas deixar passar. Com seu lobo extremamente atraído pelo do pequeno lúpus.

Levi fungava ainda de cabeça baixa, ele estava com os olhos encharcados e ambas as bochechas molhadas pelas lágrimas, trêmulo pelos acontecimentos recentes. Jeager o observava em silêncio. Estava se sentindo patético por ver toda a raiva que sentiu do Ômega no instante em que o viu fugir, ir pelo ralo naquele momento, quando seu lobo só queria consolá-lo.

— Vamos. — Eren disse, por fim, ajudando Levi a descer da mesa e o guiou para fora daquele lugar segurando-o pelo cotovelo.

Desde o dia em que o episódio ocorrido entre o Capitão Jeager e o Ômega aconteceu, naquele ambiente escuro e furnesto onde o mais novo seria vendido em um leilão, Levi foi levado para uma pousada na ilha de Nabuco e, desde então, não havia visto o Capitão durante os próximos cinco dias, no qual ele foi trancafiado em um dos quartos e cercado por uma infinidade de livros, com a finalidade de traduzir a tão antiga escrita encontrada no pergaminho.

O lado bom era que ele finalmente pôde tomar longos banhos quentes e vestir roupas limpas. Saborear refeições mais dignas e dormir em uma cama aconchegante.

Levi estava sossegado em um quarto arejado e confortável, onde havia uma pequena cômoda com um espelho, e algumas gavetas com itens nos quais ele usou para cuidar um pouco mais de sua aparência descuidada. Era bom finalmente ter um pouco de privacidade, mesmo sabendo que do lado de fora havia um Alfa castanho, carrancudo e com uma longa katana o vigiando.

Todavia, aquilo não era de todo ruim, Levi manteve-se concentrado em sua tarefa, pois esperava concluir o quanto antes para poder voltar para casa.

Na manhã seguinte, já descansado e bem alimentado com um apetitoso café da manhã provido de pão, leite, queijo, e algumas frutas frescas, Levi terminava a tradução da primeira parte do mapa, sendo assistido pelo pirata castanho.

Quando a porta do quarto foi aberta exibindo a figura do Capitão Jeager adentrando no cômodo, o lobo do Ômega novamente sentiu-se atraído pelo aroma de rosas do Alfa, e Levi ficou mais uma vez confuso e ligeiramente agitado.

— E então? — conrad perguntou.

— Terminei. — Levi respondeu entregando-lhe a tradução.

Jeager analisou o pergaminho em silêncio, satisfeito por finalmente poder ver o que aquele fragmento misterioso escondia de seus olhos.

— Esses números, acredito que são partes de uma coordenada. — Jeager afirmou analisando o pergaminho. — E essas palavras; a força da lua. — ele estudou aqueles dizeres tentando descobrir o que poderia significar, mas não conseguiu chegar a nenhuma conclusão. Ele se virou para o Ômega: — Só tinha isso?

— Sim. — Levi respondeu baixo.

Eren suspirou.

— Deve fazer parte de algum enigma. — ele entregou o pedaço de papel traduzido à Jean. — Deixe que Armin estude um pouco mais, talvez ele descubra do que se trata.

BLACK SWAN | ERERI - RIRENOnde histórias criam vida. Descubra agora