02. Mudança de Planos

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Um longo tempo após embarcarem no navio pirata, Levi se encontrava no porão do Black Swan, com frio e morrendo de medo. Ele estava preso por correntes que o ligava ao teto e suas pernas estavam cansadas do tempo que ficou em pé. O fato de estar em uma parte do navio que ficava submersa na água, deixava o espaço confinado ainda mais frio, e o restrito ar presente surgia através da pequena escotilha engradeada que se encontrava no teto amadeirado na parte de trás do porão.

Diferente do camarote arejado e bem iluminado em que costumava ficar no galeão, o porão do Black Swan continha apenas algumas lamparinas com uma luminescência mínima, mas que permitiu ao Ômega concluir que as únicas companhias que ele tinha eram alguns barris velhos e objetos quebrados, além das muitas cargas roubadas e baús cheios de prata.

Levi estava se perguntando o que aqueles piratas iriam fazer consigo. Se realmente pretendiam pedir um resgate, ou se apenas iriam abusar dele, matá-lo quando já não tivesse mais nenhuma serventia e depois jogar seu corpo ao mar.

Mesmo temendo por sua vida, Levi não se arrependeu nem por um segundo de ter se entregado no lugar de seu irmão, e daria a sua vida por ele quantas vezes fossem necessárias.

Assustou-se saindo de seus pensamentos quando a porta do porão foi aberta. Um outro pirata surgiu, ele se aproximou com um molho de chaves nas mãos e abriu as correntes libertando-o. Levi sentiu suas pernas fraquejarem, mas conseguiu se manter de pé com ajuda do Alfa que logo agarrou seu braço, levando-o para fora daquele porão. Ele foi conduzido por meio a alguns Alfas e Betas curiosos quanto à ele. Todos já sabiam sobre o motivo dele estar ali, mas um Ômega a bordo era muito raro e ainda chamava a atenção.

A porta da cabine do Capitão foi aberta diante de si e logo ele se viu dentro de um cômodo iluminado com lamparinas e algumas janelas. Havia uma cama de casal no canto, algumas prateleiras com diversos livros e muitos pergaminhos enrolados dentro de baús abertos. Em cima de uma grande mesa que se encontrava mais a fundo e entre duas janelas, havia uma esfera armilar, dispositivo astronômico utilizado para traçar coordenadas, que brilhava envernizado ao lado de um sextante, um instrumento indispensável para se medir o ângulo entre o horizonte e o sol.

Na mesa ainda tinham mais alguns pergaminhos e atlas marítimos. No centro dela, um grande livro no qual eram registrados e datados todos os acontecimentos e descobertas, estava aberto diante do Alfa Capitão do navio, cujas mãos descansavam ao lado do diário de bordo e um tinteiro com uma pena dentro. Ele estava vestido inteiramente com roupas em tons escuros, desde as calças e as botas, ao longo casaco preto que o deixava com uma aparência ainda mais sombria do que era comentado entre os vilarejos.

O Alfa que havia trazido ele saiu, deixando-os a sós. Temeroso, Levi permaneceu parado junto à porta, mas o Alfa vestido de preto fez um movimento com a mão, para que ele se aproximasse. Levi engoliu em seco e obedeceu, se aproximando a passos lentos.

— Sente-se. — o Alfa indicou a cadeira de frente à mesa e Levi se sentou. — Quantos bens e riqueza o seu pai possui exatamente?

— E-eu não sei, senhor. — Levi respondeu baixo, massageando os pulsos que estavam avermelhados e bastante doloridos. O Capitão notou isto, mas ignorou.

— Ele o ama?

Levi arregalou os olhos. Tudo bem que aquele Alfa era um pirata, mas até mesmo ele possuía um pai, e mesmo atualmente sendo um bandido salteador, em alguma parte de sua vida o Capitão deve ter recebido no mínimo, um pouco de amor dele.

— Está mesmo perguntando isso? — o Capitão Jeager ergueu uma sobrancelha e ficou esperando pela resposta: — Se o que quer saber é se ele irá pagar o resgate, sim senhor, ele irá pagar qualquer quantia que pedir.

BLACK SWAN | ERERI - RIRENOnde histórias criam vida. Descubra agora