So To This Day, I Wish We Hadn't Broke Each Others Hearts

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III

Akira não estava surpresa quando ouviu alguém batendo na sua porta às onze da noite de uma terça-feira. Principalmente naquela terça. Na verdade, ela estava esperando que isso fosse acontecer. Estranho seria se ele não vinhesse. Ela andou até a porta e foi surpreendida não pela presença de Kian, mas por quão vulnerável ele estava.

- Oi, princesa - Ele disse quase que num sussurro e com um sorriso fraco que passava a impressão que apenas aquele gesto tão e tão corriqueiro estava usando todas as suas energias.

Akira correu para abraçá-lo, para tentar dar algum conforto a ele. Tudo que Kian precisasse. Mesmo que ela soubesse a verdade e mesmo que essa verdade estava na ponta de sua língua e ela queria, queria tanto contá-lo mas não podia.

Ela queria ajudar, mas como? Como ajudar se nas gravações tinha o rosto dela, as ações dela. Como ajudar se ela tinha o poder de falar, ela poderia simplesmente entregar tudo. Mas tinha feito uma promessa. Como ajudar se ela tinha que mentir, mas em algum momento a "verdade" iria vir à tona, e ela sabia que seus dias estavam contados. Os dias deles estavam contados.

Então ela abraçou Kian como se estivesse guardando esse momento, porque o fim estava próximo, e ela não podia se dar o luxo de pensar nisso. Ela se agarrou a Kian e ao pensamento deles, e talvez tivesse sido egoísta nesse momento, mas ela não se importava.

Kian já tinha colocado como sua meta de vida abraçar Akira todos os dias. Talvez porque ele quisesse passar todos os dias de sua vida com ela. Mas dessa vez foi diferente. Ele estava exausto, caindo aos pedaços, querendo abrir um buraco no chão e quando Akira o fez ele se sentiu... acolhido?

Ele se sentiu entendido, mesmo que ela não entendesse. Como se ela realmente quisesse que ele ficasse bem, realmente bem, algo que ele não lembra da última vez que ele tinha se sentido assim. Então Kian se deixou sentir. Sentir o peso da morte da sua irmã, a responsabilidade da família nas costas, ele de quebra ele sentiu a solidão. E ele não estava com medo desses sentimentos, ele não estava tentando esconder nada porque ele estava seguro com Akira.

Akira nunca tinha visto Kian chorar tanto. Na verdade, ela nunca tinha visto Kian chorar. Ele, que normalmente tinha um sorriso de lado todos os dias o dia todo, agora estava soluçando de tanto chorar e ela não podia fazer nada, nada além de segurá-lo.

- Ki, vamos entrar - Ela pegou o rosto dele em suas mãos e juntou suas testas - Você precisa se acalmar um pouco. Que tal você ir tomar um banho enquanto eu faço um chá para você? Pode ser?

Kian só balançou a cabeça e foi para o final do corredor a caminho do quarto, enquanto Akira se dirigia para a cozinha.

Enquanto ela colocava a água na chaleira suas mãos tremiam com a culpa e com a vergonha. Será que aquilo era realmente importante? Será que ela realmente deveria ter feito isso? No final de tudo a responsabilidade ainda seria dela, mesmo que ela fosse inocente. Mas será que ela realmente era? Omitir tudo a fazia inocente?

Kian estava encarando seu reflexo no espelho. Seu cabelo ainda estava molhado já que tinha acabado de sair do banho, e normalmente ele se sentia bem depois do banho. Mas agora ele estava acabado, os olhos inchados, mas pelo menos Akira ainda estava lá. Apesar de tudo, ele se sentia mais calmo, porque quando ele via as duas escovas de dente na pia, quando ele ia pegar uma roupa na gaveta que ela tinha reservado para ele, ele se sentia em casa.

Ele lembrava do espaço reservado na geladeira que Akira reservou para as coisas classificadas como "Caras demais para não terem gosto de nada", e quando Akira ia no mercado e pegava o chá que ele gostava, e como ela falava com ele para trazer algo quando ele tivesse indo para casa, ele se sentia calmo, como se pelo menos uma coisa na sua vida ainda estivesse no lugar e isso era reconfortante.

Our Love Was So Beautiful, But We Were Meant To Be TragediesOnde histórias criam vida. Descubra agora