||Justin Drew Bieber.||
HIGHQuando seu cérebro é colocado à prova, seus limites são testados. Os neurônios agitam-se com a eletricidade de emoções contínuas, viajando ligeiramente entre as minúsculas ligações. O corpo sente o impacto, e então não permanece parado. Cada parte reage a sua maneira: as pernas movem-se devido a ansiedade; os braços impulsionam-se para conter a tensão dos músculos enquanto a mandíbula exige um movimento. Tudo parece incerto para o humano em questão. Os pensamentos estão complexos demais para serem avaliados e organizados, e então vem o ápice. O ponto mais alto da dor, indignação e raiva, que ocasiona o surto.
Entretanto, não sucumbi ao instinto antigo de perder todo meu auto-controle em segundos. Mesmo que meus devaneios se tornassem sólidos ao ponto de enrolar em meu pescoço e apertar até o último suspiro de vida.
Apenas as pálpebras piscavam, lentas e tediosas, diante das imagens inexistentes que minha mente progetou diante de mim: os lábios roxeados destacando-se entre as bochechas do mesmo tom; os olhos fechados e o corpo morto. Resisti ao impulso elétrico que passou por mim, pedindo que eu procurasse a carta de Claire apenas para repetir o mesmo processo de tortura emocional que senti. Meu primogênito estava morto.Os mesmos níveis altos de adrenalina contida que tomaram meu corpo ao ver aquele rosto lívido mesmo após ter entregue à mim o filho morto, subiram a minha garganta feito bile, e ainda assim, prendi a emoção distante da face. Nada além de monotonia excessiva era transmitida visualmente por mim, e calma exalava de meus músculos paralisados.
Com o tempo, ainda que não tivesse as habilidades atuais, passou a ser mais fácil controlar meus demônios internos. Porém, àquela altura, quando meus pensamentos gritavam e repassavam imagens do corpo desfigurado e sangrento de Lilly, me pareceu que tal tarefa ficava cada vez mais árdua e distante.
Justificativas de minhas ações gritavam em respostas às acusações que minha própria consciência impunhava.
Criaturas inócuas tiveram suas vidas interrompidas. Por um lado, todas as dores consequentes das decepções humanas lhes seriam poupadas; Entretanto, todas as felicidades recorrentes lhes foram privadas.
Mas uma única frase chamara minha atenção: Eu era meu pai, talvez o dobro da sua perversidade.Apertei as pálpebras na tentativa de conter cada partícula minha que se agita conforme o fato me atinge em cheio.
Imagens fragmentadas da face de Jeremy refletem em minha mente, e meus dedos são guiados pela exasperação, puxando os fios como se a dor aguda pudesse resolver.A ideia de me tornar como ele... A menção disso era quase que sufocante.
Porém meus atos não estavam sendo tão diferentes dos dele, e eu sabia disso. Sabia que, embora tenha crescido com a certeza de que jamais seria como Jeremy, eu era sua imagem e semelhança, que repetia suas manias e costumes. E atos.Um misto de emoções são fortes o bastante para que me faça gritar; a garganta doendo a medida que a voz falha. Acompanhado pela voz de Jeremy Bieber, por todas as lembranças das vezes em que me chamou de fraco, virei a mesa e todos os objetos eletrônicos ou não contra o chão. O estrondo é o que menos incomoda.
Fraco. Insignificante. Asqueroso.
Em bom tom, ele disse para a criança no passado. Eu mesmo. Antes de dar início ao ritual de agressões, me fazendo pensar que merecia.
Encarei minhas mãos, no centro de cada palma havia a marca; nada além de um emaranhado de carne que se curou com o tempo. Lembrei-me dos pregos que meu pai martelou ali, apenas para que eu mesmo pudesse puxá-lo ou arrancar minha própria mão. Entretanto, poderia ser burro e arrancar meu punho para me livrar, mas também me comprometer futuramente. Ou poderia apenas superar o acontecido e retirar o ferro de modo que não me prejudicasse, mas me desse o benefício da liberdade.
Entre as agressões físicas estavam aprendizados cruciais, jamais poderia negar a inteligência de Jeremy em relação à isso. Mas o fato de me tornar alguém similar, ou igual a sua figura, causava danos irreversíveis as minhas emoções confusas.
Minutos atrás, eu estava parado, tentando conter todos os demônios em meu próprio corpo. Agora, eu também estava parado, mas diante do caos que eu mesmo causei. Todos os papéis, prateleiras, luminárias, estavam no chão. Quebrados, rasgados e estilhaçados. Ainda que não estivesse na presença do meu pai, o seu fantasma era constante. E talvez eu não fosse superior como pensava ser, mas idêntico a tudo o que ele era.

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Why Should I Care About You? - 𝙎𝙚𝙖𝙨𝙤𝙣 2.
Fanficʷʰʸ ˢʰᵒᵘˡᵈ ᶦ ᶜᵃʳᵉ ᵃᵇᵒᵘᵗ ʸᵒᵘ? A dor é complexa e relativa simultaneamente. Alguns sentem como uma violenta tempestade dentro de si, e outros como alfinetes ilusórios, cuja aperreação é tão mínima que mal transparece na face monótona. Enquanto alguns...