Quando chegaram novamente na casa de Airi, ambos me ajudaram a entrar, mas as cortesias da casa acabaram ali. Harold me empurrou para uma cadeira, e mais que rapidamente, começou a falar:
- Se isso é algum tipo de brincadeira, ela perdeu a graça no momento em que você abriu a boca. Quem quer tomar o poder? Quem te mandou aqui?
- O governante do futuro, Vrakius. Ele disse que queria se livrar de alguns insurgentes do passado para facilitar seu governo. Seu plano original era enviar as suas tropas do futuro com armas, e poderio de fogo para auxiliá-lo neste tempo. Mas seus conselheiros informaram que o envio destas tropas para o passado poderia gerar um conflito com as linhas de tempo, e recomendaram o envio de um droid com informações do futuro, para que ele pudesse antecipar ataques e vencer batalhas que ele havia perdido.
- Espera. Vencer batalhas? Mas a leis dizem que se alguém quer tomar o trono, este alguém deve derrotar o rei em uma luta limpa, os portões estão sempre abertos para aqueles que querem desafiar o rei.
- Seu pai é muito querido meu jovem. A população, a guarda, e nem mesmos os mendigos vão deixar que ele seja deposto. Muitos iram batalhar em nome de seu pai, e todos contra a vontade dele, pois ele sabe dos riscos que eles correram.
- Seu pai? Seu pai é o Rei? Você é o filho do Rei Marcelius?
- Bem... Não tivemos tanto tempo assim para conversar. Mas sim, eu sou filho do rei. - Airi pensou em falar algo para retrucar, mas se manteve quieta. Então Harold prosseguiu- Se Vrakius te enviou para lhe auxiliar, temos uma oportunidade de impedir esse acontecimento. Diga qual a data em que Vrakius derrotará meu pai?
Apesar de ser um Androide, minha tecnologia era antiga. Quase do mesmo tempo em que a guerra com os Zings havia acabado. Meus processadores eram tão rápidos quanto uma vaca correndo. Minhas memórias estavam quase cheias. Vrakius quando me mandou colocou o máximo de informação em mim, e fez questão de enviar um modelo obsoleto para que ele passasse despercebido pelos locais. O que ele não se lembrava era que nesta época, androides não existiam, e robôs sem inteligência artificial começavam a ser fabricados. Ou seja, não importava o local pelo qual eu passasse eu não passaria despercebido. Quando Harold me pediu a data abaixe minha cabeça e procurei em meus bancos de dados o arquivo com a informação que ele havia solicitado, alguns instantes depois levantei a cabeça e disse:
- 22 de Abril deste ano.
- Airi, que dia é hoje?
- 18 de Abril
- Não esperem! Foi 19 de Abril! Ou foi 18 de Agosto? 15 de Setembro?
- Você não sabe?
- Desculpe! Meus bancos de dados estão parcialmente corrompidos, acho que algo deve ter aceitados meus HD's quando cheguei aqui. Minhas informações não estão muito consistentes, e minhas leituras sobre elas não são muito claras.
Não entendi muito bem, mas quando disse isso Airi, perdeu o tom amarelado da pele, e ficou praticamente branca, enquanto Harold a encarava com um rosto que nitidamente era de reprovação.
- É... Eu tenho um amigo que pode te consertar, para que possamos pegar a informação.
- Não temos tempo a perder com isso, Airi. Precisamos encontrar o rei e dar a noticia a ele. Precisamos partir imediatamente.
- Posso te levar até lá, mas os guardas nunca vão me permitir entrar. Sou uma Zing se lembra?
- Tenho uma maneira para entrarmos no castelo. Não se preocupe com isso. Em quanto tempo chegamos à cidade central?
- Se formos à mesma velocidade em que fomos para as ruinas, dois dias. Mas precisamos descansar. Você mais do que eu.
Era visível que Harold estava agindo por seus impulsos. Seu rosto mostrava a dor que sentia, e que quando dormisse iria desmaiar. A única coisa que o mantinha de pé era o desejo de pelo menos uma vez em sua vida fazer algo certo. Enfim ajudar alguém que precisava de ajuda e quem sabe até mesmo recuperar a confiança de seu pai e sua mãe.
- Você tem razão. Partiremos então amanhã pela manhã. - Harold soltou um grande suspiro enquanto tomava essa decisão.
Em questão de alguns minutos, Harold havia ido para o seu quarto, deitou e dormiu. Airi arrumou algumas coisas em sua casa, enquanto eu continuei sentado em uma das cadeiras da mesa da cozinha. Depois de ter colocado sua casa em ordem, sentou-se no sofá e olhou para algo que eu não conseguia enxergar. Depois de olhar algum tempo para essa coisa, lágrimas escorreram de seus olhos escarlates, ela então se levantou e foi para o seu quarto. Daquele momento em diante o silencio estava instaurado na casa. Do lado de fora era possível ouvir os grilos a cricrilar, coiotes uivando e latindo, corujas e morcegos batendo asas enquanto davam rasantes em busca de suas próximas vitimas. Preferi enquanto eles dormiam desligar parcialmente meus sistemas para poupar energia da minha célula.
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O Raiar da Escuridão
Science FictionEm um futuro distante, uma nova sociedade é erguida. E ela respeita apenas aquele que é mais forte. Nesta nova sociedade de humanos com super poderes, o mal pode se espalhar facilmente. Caberá a um jovem, uma alienígena,e um viajante do tempo tentar...