PEEK A BOO! Imagine Toji Fushiguro

GOTCHA! (único)

— Você disse que teria o dinheiro no réveillon, garota, já estamos em junho— a voz do velho falava impaciente do outro lado da linha.

— Eu não falei que seria o réveillon desse ano, para um agiota você não se atenta muito aos detalhes, não é?— Debochei aproveitando aquela banheira de mais um hotel de luxo que eu chamava de lar por um curto período de tempo, não podia ficar presa a apenas um lugar.

Yoshinobu Gakuganji era um velho conhecido, mesmo eu o tendo dado inúmeros calotes o mesmo sempre aliviava para mim, ele me conheceu ainda na adolescência e parecia ter alimentado algum tipo de sentimento paternal por mim.

— Eu só estou te ligando para te avisar que dessa vez é melhor você ter o maldito dinheiro, para o seu bem, querida— Seu tom se tornou mais sério agora.

— Qual é, velhote? Vai mandar alguém vir me dar uma surra? Eu posso gostar, hein!— Minhas piadas sujas que disfarçavam meu nervosismo eram frequentes, não gostei daquele tom sombrio dele— Vocês não entendem que faço tudo por uma boa causa? Já ouviu falar no Robin Hood?

— Ele roubava dos ricos para dar aos pobres, sua descarada!

— Sim, a pobre coitada sou eu mesma!

— Eu não estou cobrando o dinheiro para a minha organização, garota, isso já foi pago para mim— Ouvi seu suspiro do outro lado da linha e foi minha vez de ficar impaciente.

— Então por que você está enchendo a porra do saco? Está atrapalhando meu banho de ervas relaxante! Eu paguei uma nota nisso aqui!

— Por que foi o Fushiguro quem pagou sua dívida— Fiquei muda— E antes que me pergunte, sim, é aquele Fushiguro.

— YOSHINOBU, VOCÊ QUER ME FODER?— Levantei daquela banheira não me importando em molhar todo o piso— Sério, o que deu na sua cabeça em colocar aquele maldito cachorro louco atrás de mim???

— Eu estava sendo pressionado pelos meus sócios a conseguir o dinheiro de volta, ele apareceu bem interessado em pagar o que você devia, eu não podia negar. Não reclame, você deve dinheiro, se pagasse não estaria passando por essa situação.

— TEM UMA DIFERENÇA GRITANTE EM DEVER VOCÊ E DEVER O TOJI— Já coberta por um roupão, iniciei uma organização desesperada de minhas malas ao mesmo tempo que separava meus inúmeros passaportes falsos, deixei o celular com o velho no viva-voz em cima da cômoda.

Se aquilo era mesmo verdade, Toji já estava por aí me caçando, só de pensar naqueles olhos verdes me encarando de cima sentia meu interior tremer. Ele era apenas o maior mercenário do país, senão do continente! Ele fazia alguns trabalhos para o velho Gakuganji e foi assim que eu o conheci.

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— São muitos ienes dessa vez, pirralha, tem certeza de que vai pagar tudo dessa vez? Estou cansado de aceitar seus pagamentos pela metade, ou nem isso...— Gakuganji dizia enquanto separava uma enorme quantia de dinheiro.

— Relaxa, até o réveillon já estará tudo na sua mão— Sorri mordaz, era fácil dobrar o velho.

— Esperamos mesmo que dessa vez pague tudo, diferente do molenga do Yoshinobu, sua carinha bonita não vai me fazer ter pena, já te apresentei nosso novo sócio?— Masamichi Yaga, outro agiota, me encarava por cima de seus óculos escuros, ele era impassível, se dependesse dele eu já estaria morta jogada em uma vala há muito tempo— Esse é Toji, ele é ótimo em caçar devedores.

Apontou com a cabeça para o homem que até então eu não havia notado, e eu realmente só poderia atribuir esse fato a sua enorme discrição e habilidade de se esconder nas sombras, caralho, aquilo sim era um homem notável.