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Você é livre?
Viver em um mundo onde sua alma está destinada a encontrar sua cara metade por meio de um número, definitivamente não é sinônimo de liberdade.

Paixão: Paixão vem da palavra grega Pathos, que significa Sofrer.

Será que um número gravado no pulso seria capaz de fazer duas pessoas se apaixonarem? Não, definitivamente não.
Aos 14 anos, sempre torcia para que sua numeração aparecesse logo, acreditava que encontraria uma pessoa perfeita, completamente parecida com você e que assim que se encontrassem ia se apaixonaram perdidamente.
Aos 16 anos, sua numeração havia surgido. 193, esse era o número gravado em seu pulso, sempre quis continuar com o mesmo pensamento de quando tinha 14, mas era impossível, você havia crescido e a única coisa que passava em sua cabeça era: "e se ele for completamente diferente do que eu imaginei".
Afinal, um número qualquer gravado em seu pulso não pode provocar um sentimento, principalmente se estivermos falando do amor.

Amor, o sentimemto mais puro e verdadeiro do mundo, bom, pelo menos ele era para ser assim. Não tivera presenciado muitas experiências boas no amor, uma delas eram seus pais.
Números iguais em seus pulsos, um número que fez eles se casarem e terem uma filha, mas o número nunca havia cumprido com o seu real objetivo, transmitir o amor.
Se o número transmitia o amor entre os indivíduos, Porque seu pai traía a sua mãe? aquilo definitivamente não era amor. Com o tempo foi crescendo, e percebendo que o amor não era exatamente o que você imaginava, seus pais nunca se amaram de verdade, apenas continuaram juntos pois não tinham outra opção, o destino havia os juntado, e nada que eles fizessem mudaria isso, teriam que aprender a conviver um com o outro, e assim fizeram.
Esse era um dos motivos que lhe dava medo de encontrar sua "alma gêmea", você não queria ter que viver com uma pessoa que não amava, alguém que só está com você por pura vontade do destino. Não queria ser igual aos seus pais, então desistiu por hora de procurar sua alma gêmea, somente aproveitaria o tempo que a vida lhe deu.

E lá estava você, sentada em frente à uma parede de vidro esperando o momento de ser chamada para sua consulta com a psicóloga.

"[nome]?" Uma moça mais velha indagou em sua direção, fazendo com que rapidamente você trouxesse o olhar sobre ela. "É a sua vez, a doutora  está te esperando!" disse abrindo um sorriso de canto te acompanhando para a sala onde sua psicóloga estava.

"Bom dia [nome], por favor entre." Disse apontando em direção ao sofá, fazendo com que você entrasse na sala e sentasse no sofá em sua frente. "Então, como foi a sua semana?"

"A mesma coisa de sempre" soltou um leve suspiro. "Remédios, faculdade, sair com uns amigos e só!" falou encarando a mulher na sua frente.

"Parece que não tivemos evolução nenhuma em relação a isso." suspirou. "Vamos ver...Sua alma gêmea, alguma novidade em relação a isso?"

"Não, nenhuma novidade." terminou a frase com um suspiro se ajeitando no sofá. "Sendo sincera eu nem me importo mais, esse negócio de alma gêmea é idiotice, um número no pulso não pode fazer com que eu tenha sentimentos por uma pessoa que eu acabei de conhecer." disse desviando o olhar da mulher em sua frente.

"[nome], você é jovem, só tem 18 anos, uma garota de tão pouca idade não era para pensar coisas assim. Quando você encontrar a sua alma gêmea, tenha certeza de que vocês vão gostar um do outro, nem que leve tempo, você não pode deixar que a situação de seus pais lhe afete dessa maneira."

As palavras delas foram como facas, você sabia que no fundo ela estava certa, seus pais mudaram sua visão sobre muita coisa no mundo.

"vamos ser sinceras." você falou entre um suspiro. "Toda essa enrolação e papo de alma gêmea, é só pra não falar dele não é?" indagou com a voz baixa.

"Eu não estou te compreendendo [nome]."

"Porque você não quer tocar no nome do meu pai? sério mesmo, você me trata como se eu fosse uma criancinha, faz anos que meu pai trai a minha mãe e sinceramente, se ela não se importa isso também não me afeta mais." disse com o tom de voz um pouco alterado.

Era perceptível que aquele assunto era desconfortável para você, mas não gostava que as pessoas agissem com algum tipo de pena, isso que irritava.  Sua psicóloga movimentou os lábios para iniciar uma fala, mas você rapidamente a cortou, levantando da sala e indo em direção à porta.

"A sessão acabou, se me der licença eu preciso ir." Disse esboçando um falso sorriso em seus lábios.

As sessões te irritavam, ficar trancada em uma sala tendo que contar seus problemas para uma pessoa que você mal conhecia era extremamente ridículo em sua visão.
Em movimentos rápidos retirou o celular do bolso, discando logo em seguida um número mais que conhecido por você.

"[nome]? Aconteceu alguma coisa?" a voz do outro lado da linha demonstrava preocupação.

"Oi Hanma, você pode vir me buscar?"

Love 193 | Chifuyu Matsuno Onde histórias criam vida. Descubra agora