Prólogo

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Desejo de Inverno é uma história de empatia e aprendizado, onde o amor se transforma e a amizade se torna ainda mais forte. E que te faz refletir que "existe tempo para todas as coisas". 

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ABRIL DE 2021

(...) Porque o sabor pode sim se transformar

E a estrada talvez desviar

A gente sabe, não dá pra prever

E o futuro engana até Deus (...)

Abril — ANAVITÓRIA

FERNANDA

Eu queria gritar, mas gritar com toda a força que meus pulmões fossem capazes de suportar. Eu não sabia muito bem explicar, mas era um misto de sentimentos que me consumia da cabeça aos pés. Meu coração batucava em meu peito, como uma bateria de escola de samba, e as lágrimas desenfreadas marcavam o meu rosto — uma a uma —, anunciando a realização de um sonho. Nunca desejei e pedi tanto por algo, como pelo resultado positivo na tela do meu notebook, gritando em alto e bom som que eu seria... mãe. SIM, MÃE!

Eu sempre fui muito correta com o meu anticoncepcional, tomando todos os dias sem falhas. Porém, de uns tempos para cá, quando Henrique e eu decidimos que estávamos prontos e estabilizados para dar um passo tão grande e único, pedi orientações à minha médica e logo parei de tomar o remédio. Eu sabia e tinha plena consciência de que não seria de uma hora para outra, nem do dia para a noite, eram mais de dez anos tomando sem parar o medicamento. Mesmo assim, respirei fundo e entreguei à sorte.

Tentei controlar a ansiedade e levei minha vida normalmente, tentando não focar ou pensar demais no assunto — ansiedade descontrolada ou demais, poderia acabar prejudicando. Uns três meses se passaram, até que no mês de março atrasou. No oitavo dia de atraso, me animei com a possibilidade de estar grávida e fiz um beta.

Resultado: 3,9 mIU/ml, indefinido.

Minha médica havia me explicado que para dar positivo, era necessário estar acima de 25 mUI/ml. Pediu que eu esperasse mais uns dias e fizesse um novo exame. Esperei ansiosa e no décimo sexto dia fiz um novo beta e, para a minha surpresa e alegria: positivo!

Resultado: 216,9 mIU/ml, positivo.

Deveria ser mentira! Afinal de contas, era primeiro de abril. O famoso Dia da Mentira, mas que no meu caso, estava se tornando o dia mais verdadeiro e incrível da minha vida. Corri pelo apartamento feito uma louca rindo e pulando, até chegar à sala. As lágrimas não paravam e o sorriso de felicidade estampava o meu rosto como um quadro renascentista. Único, verdadeiro e cheio de significados.

Com as mãos tremendo, peguei meu celular e ponderei se ligava ou não para Henrique. Ele merecia saber dessa notícia, merecia ter a alegria de saber que seria pai. Ao mesmo tempo em que eu queria compartilhar, meu coração doía pela indiferença com que ele vinha me tratando nos últimos dias.

Henrique e eu estávamos juntos há oito anos, contando com o tempo de namoro e casamento. Sempre fomos muito parceiros e excelentes amantes, porém, um relacionamento que era como água quente, se tornou frio. Distante e doloroso. Deixamos de ser marido e mulher e nos tornamos amigos compartilhando do mesmo teto. O problema não era a parceria, porque a nossa fluía muito bem. E, sim, a falta do desejo entre homem e mulher. Esse se perdeu em algum lugar, que por mais que eu tentasse, não conseguia encontrar.

Realizar o sonho de construir uma família, sempre foi algo que imaginávamos e queríamos desde o início do nosso namoro, e por mais que eu estivesse nas nuvens com a minha gravidez, uma parte de mim me chamava para a realidade, lembrando-me de que não era um bom momento para algo tão grandioso.

Desejo de Inverno (Série Quatro Estações Livro 1) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora