capítulo 1

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Herica, 24 anos, mora na Rocinha

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Herica, 24 anos, mora na Rocinha.

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Fecho a porta da casa onde eu moro, caminhando rapidamente em direção a rua.

De longe escuto minha mãe gritando e me xingando, tento não ligar, pegando meu fone de ouvido conectando no celular, escolho uma música em minha playlist deixando o volume no máximo.

Vexame, vergonha, humilhação

É isso que eu sinto, toda vez que minha mãe passa a noite fora de casa enchendo a cara de bebidas alcoólicas e ingerindo drogas.

Eu moro com a minha mãe, sustento a casa sozinha com o pouco salário que ganho. As vezes eu me sinto a mãezona, por cuidar mais da minha mãe do que ela de mim.  E a causa dela ter se tornado essa mulher que ela é hoje em dia é culpa do meu pai, bom, eu acho que é minha culpa, já que a minha mãe vive me culpando por isso.

Carlos, era o nome do meu pai, (era porque não considero mais ele como meu pai), Ele era um ótimo pai, até eu me tornar uma adolescente e virar mocinha, e sofrer o meu primeiro abuso sexual dentro da minha própria casa.

Tinha meus 14 anos quando isso aconteceu, era madrugada, estava dormindo quando senti alguém em cima de mim arrancando minhas roupas, queria tanto gritar para o meu pai pedindo por ajuda, mas ele estava ali.

Desde então minha vida nunca mais foi a mesma. Carlos vivia ameaçando em matar minha mãe caso eu abrisse a boca, eu tinha medo disso acontecer, medo desse dia chegar.

Guardei isso comigo por umas semanas, até ele fazer a mesma coisa, eu não aguentava mais, tinha me tornado depressiva, tentava várias vezes tirar a minha vida mas sempre  fracassava.

Até que eu resolvi contar pra ela, a mulher que me deu a vida, a que eu sentia tanto orgulho de chamar de mãe, mas isso acabou quando ela não acreditou na minha palavra, me insultava dizendo que eu andava pela casa feito uma puta, quase pelada, vivia me esfregando pra cima de Carlos, e o que mais me doeu foi escutar ela me falando que eu "merecia" ter sido abusada pelo meu próprio  pai. Meu mundo literalmente acabou.

Me mudei para a casa da minha avó Maria, que me acolheu e me ajudou a superar isso, obviamente não superei totalmente, mas o que mais me deixou aliviada foi saber que Carlos pegou cadeia por alguns anos. Agradeço eternamente a minha vó que o colocou na cadeia e o mais importante foi ter acreditado em mim.

Hoje em dia moro com a Valéria (minha mãe), já que minha avó faleceu por câncer, era menor de idade, 17 anos tinha na época, e além da Valéria,não tinha mais nem um outro parentesco por perto, o jeito era voltar a morar na mesma casa que ela.

Drogas e drogas por todo lado, bebidas alcoólicas, camisinhas então nem se fale, ela fedia, não escovava os dentes, cabelos vivia despenteado, era difícil quando tomava banho, e mal parava em casa pra dormir, a Casa era toda porca, até ratos e baratas tinha pela casa Toda.

Não aguentava mais morar nesse chiqueirão que ela chamava de casa. Fui atrás de um emprego até conseguir um. Trabalhava dia Todo, quando chegava a noite eu ia lavar pratos em restaurante onde ganhava uns trocados a mais.

Aluguei uma casa melhor, casa de material, com 5 cômodos, 2 quartos, sala, cozinha,banheiro e uma lavanderia, nem se falava no quintal que tinha atrás, pé de manga grande que tinha uma sombra maravilhosa, e na frente de casa uma área média, mas gostosa de se passar a tarde toda lá.

Eu aprendi a me bancar sozinha, virei uma grande mulher, que banca seus próprios mimos,que vai atrás dos seus sonhos e o mais importante é que não abaixa a bola pra homem nenhum!

Trabalho em uma loja de bijouterias, que fica dentro do Shopping, sou gerente e hoje em dia ganho um ótimo salário. 

Entro no meu local de trabalho, logo cumprimento Pedro com um selinho na boca e os demais funcionários.

Pedro é meu namorado, estamos juntos faz 7 meses e alguns dias, ele trabalha comigo, é um ótimo namorado. O único defeito dele, é ser muito grudento e meloso, sei lá, eu não gosto muito de grude, de estar com a pessoa 24h por dia, ficar de beijinhos e apelidos como "benzinho,mozinho " e outros melosos. Isso me dá dor de barriga.

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