EU VOLTARIA PARA CASA DE A PÉ e não seria uma loira de topete que me convenceria do contrário. Nem o seu carro esportivo ridículo, suas roupas caras ou o seu sorriso doce.
Trabalho no mesmo fast-food desde os doze anos, e ninguém nunca me disse nada sobre ser jovem demais. Ninguém ofereceu carona quando eu era pequena demais para voltar à meia-noite. Ninguém me ajudou antes.
E não seria agora que ajudariam.
Não tinha porque aceitar a carona de Adora, ou sua gentileza mais do que falsa.
Porque Adora era assim, gostava de ser adorada pelas pessoas, que reconhecessem a sua bondade em cada gestão. Não havia um ser vivo que não gostasse da jovem e promissora Isadora Grayskull.
E eu deveria estar incluída nesse grupo, talvez em algum momento liderei esse sentimento na frente de todos.
Mas ao ver aquele pedido, batatinhas fritas e um copo de refrigerante e encarar o grupo que ria no canto mais afastado da lanchonete, não segurei a raiva ao ver Adora entre eles.
E nem fui discreta ao jogar a comida sem qualquer cerimônia na mesa. Recebendo um olhar assustado da loira.
E uma cara feia de todos os novos amigos dela, que não gostaram muito da minha grosseria.
— Mais alguma coisa? — perguntei irônica, ignorando uma Scorpia me chamando no balcão. E um chefe encarando com mais mau-humor do que o normal. Talvez fosse uma ruga crescendo em sua testa, não saberia dizer.
— Não sei, talvez uma atendente mais educada? — sugeriu Adora, ainda que estivesse pálida como neve.
— Bom, então faça uma reclamação, dizem por aí que os clientes têm sempre razão — debochei com meu habitual sorriso, e de longe Scopia revirava os olhos inconformada.
Uma garota vestida como um unicórnio vomitando arco-íris estava prestes a se levantar, e eu não saberia dizer se ela realmente se vestia assim por querer. Mas me segurei para não rir, um gnomo irritado preste a voar no meu pescoço, que meigo.
— Glim, calma, não vale a pena — Adora falou acariciando o braço da amiga, enquanto sorria.
Sempre a tão altruísta Adora Grayskull, babaca de merda.
Ela é tão adorável, tocando a menina assim, devem ser realmente muito íntimas.
No fim, Scorpia correu às pressas para atender o grupo, quando saí furiosa saiu pela porta. Com uniforme e tudo. Mas fode-se.
Foda-se esse emprego de merda.
Foda-se o chefe babaca e velho.
E foda-se Scorpia….ok, talvez não ela.
Mas o resto, o resto pode se foder!
— Mas que inferno, Catra! Entra logo, tá tarde demais pra ficar andando sozinha por aí. —Adora berrou perdendo a paciência, o que acontece quando se insiste em algo que não vale a pena.
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Carona | Catradora.
RomanceOnde Adora queria dar apenas uma carona. Ou Onde Catra não gosta de uma certa loira em sua vida.