A CHUVA - EM HIATOS

CAPÍTULO DEZ:

"Depois que arde o corte sempre alivia
Enquanto os meses vão passando anestesia"

É estranho pensar que depois de dois meses do meu "acidente" tudo já esteja normal, claro que dentro das circunstancias possíveis, minha conversa com a Tsunade ou mãe como a chamo as vezes foi dolorosa, acho que foi a vez que mais me abri e fui venerável para alguém, não é algo que eu goste, mas o fato de ter sido com ela torna melhor.

Depois de toda a confusão e eu ter acordado, fui mais paparicada que sei lá o que, mas acho que entendo o que eles sentiram, não é todo dia que uma pessoa que você ama tenta se matar, só o fato deu admitir o que verdadeiramente fiz prova que devo estar melhor, passei vários dias falando que foi um acidente, até me tocar que tal ato era impossível de ser isso.

Não foi só eu que melhorei nos últimos tempos, em meio a rotina caótica de troca de acampamento e tudo mais a Tsunade resolveu criar um dia para terapia em grupo, todo mundo no fundo do seu ser interior revirou os olhos, mas ninguém foi capaz de desafiar a vontade da mesma, geralmente os participantes variam, os únicos frequentadores dignos de carteirinha seria: eu, Temari e o Hatake.

Seria cômico se não fosse triste, é um bando de adulto no meio de um galpão vazio, todos sentados no chão estilo borboleta e se você tentar ficar de um jeito diferente cuidado pro salto da Tsuna não acertar sua cabeça.

Tem cada história pior que a outra, mas ajuda ver que todos estamos quebrados e eu não sou um bicho estranho no meio de uma manada feliz e perfeita. A melhor parte é quando alguém solta uma piada depreciativa e temos que engolir o riso, afinal o que a de errado em brincar com a situação merda da sua vida.

Tirando as seções de terapia conjunta estive muito focada em analisar o braço do Kakashi, pelo menos a parte que teve de ser amputada. Falando nele, ele escolheu ter uma prótese como o Naruto, foi um grande trabalho recolher os materiais necessários, porém a gente conseguiu, ele está no processo de recuperação, espero que dê certo, mas ainda tem chance do corpo dele recusar o implante o que me deixa bastante preocupada.

A verdade é que acho que nunca me preocupei tanto com algo na vida, tenho plena certeza que ele deve ter jogado um feitiço em mim porque fica até difícil de respirar se passo o dia ser ver ou falar com ele, nunca senti algo do tipo, por isso nem sei dizer o que é. Tirando a oportunidade de depois de eu ter acordado do "acidente" para ele me beijar, tiveram outras enquanto eu cuidava do braço dele, só que de um jeito alguém sempre entrava na sala bem na hora, ele deve ter se conformado e por isso parou de tentar.

E junto da ansiedade dele quase me beijar, eu fico ainda mais nervosa sabendo que vou ter a chance de ver o rosto dele, se curiosidade matasse eu já era farofa de Sakura, claro que eu já tentei imaginar, mas nada que vem na minha mente parece ser o certo. Pra piorar tudo ou melhorar, depende da perspectiva, meus sonhos pervertidos tem vindo com cada vez mais frequência, é só um pregar os olhos que já estou vendo o Kakashi me prender numa cadeira e fazendo todo tipo de indecências possíveis para o ser humano. Me pergunto se aquele livrinho dele tem umas dicas uteis, porém vindo do sábio tarado é difícil dizer, pode ser só uma grande carta aberta para o amor dele a mestre, quem sabe...

Nesse momento eu estou na beira de um rio, mais precisamente colhendo amostras para analisar os componentes da chuva, claro que a concentração dos elementos fica menor deu pegando de um rio, mas eu queria comparar com os resultados que tive com pouco de chuva no braço do Kakashi. A verdade é que ela parece até com um vírus se é que é possível, cada hora ela muda e tem efeitos diferentes pelo que notei analisando os ambientes pelos quais viajamos, então acho que deve ser útil. Não que eu esteja tentando arrumar um jeito de acabar com isso, deve ser no mínimo impossível, a verdade é que eu só quero algo para ocupar minha mente e tempo.