CAPÍTULO 02: TUDO PODE PIORAR

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A madrugada passou rapidamente, com policiais entrando e saindo o tempo inteiro da casa dos gêmeos. Os vizinhos acabaram por acordar, observando a cena de suas janelas e se perguntando o que tinha acontecido ali.

Joyce, quando viu seus pais comentando e percebendo que era a casa de seus amigos, saiu correndo de sua casa, tentando em vão se aproximar da dos vizinhos e sendo barrada por policiais.

— São meus amigos, moço! — Ela berrava com os seguranças.

— Volte para sua casa, mocinha. Onde estão seus pais? — E então um dos policiais a levou de volta para casa, enquanto uma Joyce chorosa assistia a casa dos amigos ficando para trás.

Foi se formando um alvoroço nas ruas. Logo os policiais não puderam mais conter as fofocas e todos ao redor ficaram sabendo que havia acontecido dois assassinatos na casa.

"Pobres garotos... o que serão deles agora?"

"Nossa, eles eram tão bons! E as crianças?"

"Só sobraram os filhos? Será que não foram essas crianças? Hoje em dia não dá para se confiar nem mesmo nos filhos."

"Tiveram o que mereciam, eles eram sinistros."

Dentro da casa, Alex velava a irmã, esperando a menina acordar do desmaio. Não estava com cabeça para pensar em nada, muito menos em depoimento.

— Garoto, eu sei que esse momento é terrível para você. E lamentamos muito o que aconteceu. Eu sou Osvald, serei o policial responsável pelo caso de vocês. Infelizmente, como rotina, terei que tomar o depoimento de vocês dois, o mais rápido possível. — Um homem de trinta e cinco anos encarava Alex, seu semblante sério e preocupado. A morte foi muito violenta e nem mesmo ele, com seus dez anos de carreira, já havia visto algo assim. Imagine aquelas pobres crianças como deveriam estar.

Alex se manteve em silêncio, sentado no chão e acariciando os cabelos de sua irmã. Ela era tudo o que restou. Ali mesmo jurou dar sua vida para protegê-la de todo e qualquer mal.

O policial estava desconfortável. Não sabia como deveria lidar naquela situação. Tinha trabalho a fazer, mas jamais poderia ser desumano. Eram crianças, afinal. E as mortes eram chocantes. Eles teriam que encobrir o crime, se não a população entraria em choque e passariam a se questionar sobre tudo.

— Menino, vocês têm algum outro parente? — Osvald sabia que precisava a qualquer custo tirar uma reação de Alex. Conhecia choque quando via um e se deixasse o menino assim, não dormiria a noite. Não que fosse conseguir, a cena que viu assombraria até mesmo a noite de sono do policial.

Alex deu de ombros. Não tinha forças para mais nada além de observar sua irmã. Só queria que ela ficasse bem e aí ele poderia voltar a dormir e tentar fingir que isso nunca aconteceu. Não... essa seria a forma fácil. Agora ele era o homem da casa e teria que assumir o lugar de seu pai. Velaria por sua irmã até que ela fosse forte o suficiente para se proteger sozinha. E mesmo após isso. Ela era sangue de seu sangue. Jamais a abandonaria.

— Osvald, achamos um parente. — Uma policial loira, aparentando ter trinta anos, entregou o celular ao colega. — Tente conversar com ele e veja se ele vem até aqui.

Osvald aceitou o celular e se afastou junto com a parceira.

Enquanto o tempo passava, Evelyn foi recobrando a consciência. Piscou devagar os olhos, como se estivesse acabando de acordar de um sonho ruim. A primeira coisa que viu ao abrir os olhos foi Alex, encarando-a com um semblante neutro. Ele não aparentava nenhuma reação, a apatia em pessoa. A única coisa que pôde perceber foi o alívio em seus olhos quando ele a encarou e viu que ela havia acordado.

Quando Histórias se Colidem: Vieram para CausarOnde histórias criam vida. Descubra agora