Fantasy

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Dizer que estava surpreso teria sido uma ridícula declaração parcial. Levi observou os olhos de Eren se abrirem. Teve a impressão de que estavam vendo um fantasma. Eren não se moveu, simplesmente o encarou com as mãos levemente colocadas sobre os joelhos. Com os pensamentos voando em direções diferentes, tentou se acalmar e ordená-los novamente.

A notícia inesperada, Fantasia ou Fantasy. O livro que conquistara o coração da América. Um romance que liderara a lista de best-sellers por mais de 50 semanas. Ia ser um musical. O musical dos anos 1990. Por meses se especulara, em ambas as costas, para se saber quem iria assinar a trilha sonora.

–Acho que, se isso é uma oferta legítima, Gabriel deve tomar conhecimento.

–Isso é uma oferta. Pedi a ele para me deixar falar com você.

–Oh! –o cabelo dele havia caído um pouco para frente, e ele o jogou para trás. –Por quê?

–Se você imaginasse sobre oque trabalharemos juntos não aceitaria.

–Sim –concordou ele. –Tem razão.

–O que seria uma grande estupidez –disse Levi sem pensar. –Gabriel sabe disso tão bem quanto eu.

–Oh, ele sabe? –ele perguntou, furioso. –Não é maravilhoso o modo como certas pessoas determinam minha vida? Acham que tenho uma cabeça muito fraca para tomar minhas próprias decisões.

–Não é bem assim. –a voz soou fria. –Nós dois concordamos que você tem uma tendência a ser mais emocional do que sensato.

–Impressionante. Não quer ajudar o Gabriel a me comprar uma coleira e um guia de presente de Natal?

–Não seja idiota.

–Ah, agora eu sou idiota? –Eren se virou e começou a caminhar pela sala. –Não sei como sobrevivi durante todo esse tempo sem seus bonitos elogios, Levi. –ele se virou para encará-lo. –Por que quer um idiota emotivo como colaborador?

–Porque é um excelente artista e compositor –disse ele, erguendo-se do sofá. –Agora, fica quieto.

–Ah, mas é claro. –ele se sentou na banqueta do piano. –Com esse pedido tão educado...

Deliberadamente, Levi pegou um cigarro do maço, acendeu-o e soltou uma baforada de fumaça, sem deixar de fitá-lo.

–É um projeto importante, Eren. Não vamos desperdiçá-lo. Pelo fato de termos um passado, quis falar com você pessoalmente, não por meio de um telefone. Não consegue entender?

Ele esperou um longo momento antes de responder.

–Talvez.

Levi sorriu e caminhou até ele.

–Acrescentaremos teimosia a esses adjetivos depois, não quero vê-lo furioso novamente.

–Então, vou perguntar algo antes que você me deixe aborrecido. –Eren inclinou a cabeça e observou a face dele. –Em primeiro lugar, por que quer um colaborador? De tantos artistas, por quê eu?

–É apenas uma questão de compartilhar o trabalho, Eren. São 15 canções.

Eren assentiu com a cabeça.

Estaria sacrificando sua sanidade mental em troca de lucros profissionais? Mas não o amava mais, lembrou a si mesmo. Ele prendeu o lábio inferior entre os dentes numa atitude de indecisão. Levi reparou.

–Eren, pense na música.

–Estou pensando –admitiu. –Também estou pensando em você… em nós. –o olhar que lhe lançou era claro e sincero. –Não estou certo se seria saudável para mim.

Velvet (2 temporada de Hurt) Onde histórias criam vida. Descubra agora