girl problems - Rafe Cameron

Capítulo 26

Mergulhei na água gelada do mar com roupas e tudo.

Senti minha alma se esquentar conforme meu corpo gelava por inteiro, como se aquilo trouxesse minha alma de volta ao corpo.

A areia sugando meus pés, a água batendo com força contra meu corpo e finalmente eu me encontrando totalmente submersa.

Mas eu não podia ficar o quanto desejava ali, porque uma parte de mim ainda temia deixar JJ junto ao nosso pai sozinho em casa.

Uma parte de mim ainda temia por tudo de ruim que poderia ser levado ao seu irmão se ele não estivesse ali para segurar a metade da barra que lhes foi entregue.

Essa parte não suportava a ideia se deixá-lo passar por mais do que ele já era obrigado a passar por toda a vida.

Como quando tranquei meu irmão em um armário e assumi a culpa pela bagunça feita pelo mais novo, eu precisava estar ali.

Assim como eu sempre minto que ele não precisa estar, eu sempre estou esperando ele precisar de mim.

Tentando protegê-lo com o meu próprio eu, como a irmã mais velha que não suporta ver o mais novo se machucar.

Senti as gotas de chuva molharem ainda mais minha pele, olhei para o céu deixando minhas lágrimas se misturarem com a água que caia do céu.

Deixei um grito agudo e desesperado escapar por minha garganta como um pedido de socorro que se ouvido seria negado.

Quem está pedindo socorro, não é mesmo?

Sai do mar sentindo a areia grudar nos meus pés, os pés descalços que me levaram até a casa de John B onde aliviada respirei em ver meu irmão ali.

Bebendo e sorrindo com os amigos.

Talvez eu não precisasse volta para casa, mas para onde eu iria se não para lá?

Chloe é a única pessoa que poderia me "ajudar" mas ela está em sua busca interminável para se tornar uma kook.

Talvez Abby me deixasse usar um dos quartos da boate, mas eu me sentiria imunda me deitando sobre aqueles lençóis.

Gien me passou o seu contato, mas eu odiaria precisar me explicar ou mentir sobre isso.

Eu não suportaria contar metade das coisas que já passei mesmo que fosse algo que me ajudasse.

Não é como se eu tivesse escolhas além de voltar para casa, eu estava sozinha.

Como a pessoa descartável e substituível que meu pai disse tantas vezes que sou.

Como eu poderia ir até a casa de John B e pedir para ficar também por essa noite? Eu pareceria tão fraca.

Seria digna de pena, as pessoas teriam pena de mim se me vissem pedindo ajuda.

Passei em frente de casa, ainda com a chuva caindo não tive coragem de entrar.

Então eu continuei andando.

Andando sem rumo como se um anjo fosse cair do céu e segurar a minha mão para me tirar do buraco que me envolveu por completo.

— Eu adoro chuva, mas sempre espero que o sol de suas graças pela manhã — Percebi que as gotas pararam de cair sobre mim — Sou a Sarah.

Pisquei longamente tentando recuperar minha capacidade de falar.

— Jade.

Olhei para a garota que sorriu abertamente.

— Eu sei. Vi você da minha janela, achei que precisasse de ajuda.

— Não preciso — Respondi de uma vez.

— Bom, mas eu preciso — A garota balançou os cabelos loiros — Fiz chocolate quente e a minha irmãzinha dormiu, o que acha de me acompanhar?

— Por que eu faria isso? Você pode estar tentando me matar ou algo desse tipo.

A verdade é que eu sei quem é Sarah de vista, a nova namorada de Topper sempre pareceu gente boa além de atraente.

— Eu provavelmente escolheria o seu lado da ilha, na porta da minha casa daria muito na cara.

Olhei para a mansão diante de nós.

— Não precisa me contar nada, só me deixe indiretamente ajudar você. Sem dizermos que se trata de ajuda, vão ser apenas amigas tomando chocolate quente.

— O que Topper te disse para convencer a fazer isso?

Perguntei me lembrando do quanto ele é insistente.

— Que você é uma das garotas mais especiais que ele já conheceu, acho que ele não gosta muito de falar sobre vocês.

Olhei para o rosto sereno da garota que esticou a mão deixando a chuva molhar sua mão.

Sarah Cameron me parece exatamente o tipo de garota que Topper se apaixonaria.