Seraphim JKK+JM

Prólogo

Tudo estava perdido.

O homem olhava a fumaça no céu, enquanto tentava inalar o menos possível em sua volta, ele odiava aquele lugar. Um barulho chato da porta rangendo ao ser aberto o chamou a atenção, olhando em direção ao barulho.

— Jeon, meu amigo. Como estás?– Ele olhou para o rapaz, aparência jovem e com uma roupa um tanto folgada, parecia um conjunto pela combinação de cores e estampas, um grande dragão dourado em um fundo vermelho, nem um pouco chamativo. Existiam alguns guardas em suas costas, de ternos e o famoso óculos preto, uma marcante característica.

— Não me venha com esse papo de amigo, Jung Hoseok. Eu escutei o choro dele e você sabe onde ele nasceu.– Jeon sibilou em um resmungo quase saindo como um rosnado.

— Ah, pelos céus, Jeon Jungkook. O prometido não nascerá agora então, é melhor que você volte para….– O homem mal pode terminar de falar quando seu pescoço foi agarrado por Jungkook, sendo colocado contra a parede gasta e quase sem tinta alguma, certamente sujando seu discreto conjunto vermelho. Outros homens vieram em sua direção, mas Hoseok deu sinal para que ficassem no mesmo lugar.

— Eu sei que vocês estão tentando escondê-lo de mim, mas eu irei achar e irei destruir cada um de vocês, não podem continuar com isso para sempre.

— É a vontade dos céus querer proteger ele de você, ou se esqueceu que quando achar ele a maldição vai ativar?– O tom sarcástico em sua voz fez Jeon trincar o maxilar enquanto afrouxava o aperto do pescoço.

— Culpem a si mesmo pela maldição que nos jogou.– Ele soltou o homem, um alfa.— Diga onde ele está, eu irei lhe deixar em paz.– Embora tentasse manter a postura, sua voz oscilou em temor.

— Acredite, eu queria muito lhe dizer, mas eu prezo minha existência e eu não teria mais ela caso contasse onde ele nasceu para você. Mas, como sou um ótimo amigo de longa data, dou-lhe uma pista: Seul. Fica algumas horas daqui..acredito que saiba onde é.–Jung riu. Dando as costas para o rapaz, Jungkook começou a caminhar.— Vai continuar com isso, Jungkook? Mesmo sabendo que ele irá morrer toda vez que se encontrarem?– O moreno parou por alguns segundos, seus cabelos voavam um pouco na escuridão da noite, perto da boate mal iluminada e desgastados com cheiro de putas e drogas. Mas, chacoalhando a cabeça, ele seguiu, sem devolver alguma resposta para o rapaz.

…

Um garoto, ômega, de cabelos tão dourados quanto o sol, abriu os olhos azuis como safira. A imensidão azul varreu todo o cômodo escuro e completamente apagado em seus tons azuis -talvez fosse sua cor favorita- até parar nas cortinas pouco abertas, ele enfim reparou nas gotas que escorregaram pela janela, formando sua trilha.

Estava chovendo, ele odiava chuva.

Esse sentimento ruim que ela lhe trazia era inexplicável, embora já tenha tentado superar, sempre o deixava para baixo, desanimado e com saudades, embora não soubesse exatamente do que. 

Pelo céu cinza do vão das cortinas azuis, não soube decifrar a hora, foi necessário olhar o display do celular para saber: seis horas, havia acordado cedo demais, de novo. Há dias ele acordava ansioso, inquieto e preocupado. Queria considerar que era seu problema com dias chuvosos pois, em Seul, os dias estavam assim; lentos, frios e cheios de água ou, então, pelo retorno da sua faculdade. Iria cursar o terceiro ano, era um formando, praticamente. 

O barulho da chuva o deixava inerte, embora frustrado por acordar cedo, ele se sentou na cama, resmungando enquanto coçava os olhos esperando, de certo, apenas o pior para aquele dia tão molhado.

Park Jimin, esse era seu nome.

A casa estava silenciosa, seus pais ainda dormiam e, então, ele notou que teria mais alguns minutos para paz. Já arrumado para a faculdade, ele estava deitado no sofá, a cabeça no braço do cômodo, pendurando para trás algumas madeixas loiras caírem, enquanto mexia no celular, ora vendo suas redes sociais, ora respondendo Taehyung, seu melhor amigo. O amigo de Park era inusitado, sempre criativo e otimista, apesar de ser, na maioria das vezes, chato demais por preocupação, Jimin acreditava que era o amor que tinham um pelo outro.