MARIE
As paredes brancas do quarto refletiam a luz que entrava sorrateiramente pela janela aberta, me deixando cega por alguns segundos antes de eu me acostumar. Olhando pelo quarto branco ainda sem conseguir distinguir as formas com clareza eu vi, ou quase vi, duas pessoas conversando no que parecia ser a porta. As vozes muito distantes para que eu pudesse ouvir, quase como se não estivéssemos no mesmo quarto. Enquanto as vozes chegavam cada vez mais perto, eu senti alguma coisa quente recostada sobre a minha mão direita. Uma cabeça loira estava deitada sobre o meu braço.
- Marie? Você está me ouvindo? - uma das vozes perguntou, parecia muito a voz de Louise, mas eu ainda não conseguia dizer com certeza.
- Ela está enxergando a gente? – mais uma voz se juntava a conversa – Hyunjin, levanta, acho que ela acordou.
Finalmente parecendo acordar por completo, eu consegui ver com clareza o quarto a minha volta. Louise e Alice estavam de pé do lado esquerdo da minha cama, enquanto Hyunjin, que era o dono da cabeça que quase imobilizara o meu braço, se levantava com os olhos inchados. Todos me olhavam com olhos preocupados, e por um momento eu me esquecera de tudo, o sonho que eu tivera antes. Será que foi mesmo um sonho? Ou o acidente que antecedeu isso.
- Marie? Você está bem? Está sentindo alguma coisa? – a voz doce de Hyunjin atingiu meus ouvidos, me virando lentamente para ele eu não pude evitar de sorrir. O peso que sentia antes quando tinha que enfrentar meus sentimentos por ele parecia ter desparecido completamente do meu peito.
- Que tipo de pessoa é atropelada duas vezes em menos de dois anos? – eu conseguira dizer com a voz fraca enquanto tentava me sentar na cama. Todos eles avançaram ao mesmo tempo numa tentativa de me fazer permanecer deitada. – Ta tudo bem, eu consigo. – eu disse calma. Louise procurou o controle da cama na cabeceira que ficava ao lado e me ajudou colocando a cama numa posição que me permitisse ficar sentada.
- Então? – eu disse enquanto olhava pra eles, todos pareciam assustados, como se eu fosse surtar a qualquer momento, ou cair morta. O que viesse primeiro. – Quanto tempo eu dormi?
- Ah, quase um dia, talvez menos. – Alice disse, se aproximando de mim ela passou os braços pelo meu pescoço com cuidado. Na mesma hora eu ouvi os soluços baixinhos que ela deixava no meu pescoço. Olhando para Louise em busca de ajuda eu levantei as sobrancelhas surpresa. Alice não era uma pessoa que gostasse muito de exibir afeto, e chorar na frente de outras pessoas com certeza era uma coisa inédita. Louise, ao invés de me ajudar, colapsou junto com Alice no meu pescoço. As duas choravam alto agora e a única coisa que eu conseguia fazer era ficar paralisada.
- NUNCA mais faça isso, você não tem ideia do quanto a gente ficou preocupado! – Alice disse entre soluços enquanto se afastava de mim, Louise ainda continuava agarrada ao meu pescoço e Hyunjin assistia tudo em silencio ao lado da cama. – Eu já passei por isso vezes demais.
- Tudo bem, tudo bem...- Louise me apertava ainda mais agora. Dando tapinhas de leve nas costas dela eu disse. – Você ta me esmagando Louise.
- Eu achei que ia perder você, achei que nunca mais ia ver você de novo! – Louise dizia com os olhos transbordando, o rosto tão vermelho que mal dava para reconhecer a pessoa por trás dele. Sem poder me conter, eu mesma comecei a me desmanchar em lágrimas naquele momento.
A choradeira continuou por mais alguns minutos até que finalmente cessou. Um médico passou para me ver um pouco mais a tarde e disse que eu estava mais do que bem, nada que algumas semanas em repouso não pudessem curar. Depois de algum tempo todos nós engajamos em uma conversa leve que fluiu até o sol cair no horizonte, o quarto antes muito branco agora começava a ficar cada vez mais escuro, até que foi necessário acender as luzes.
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The Sound Of The Dance | (Hwang Hyunjin)
Romance𝐀pós um grave acidente que a deixou com um grande trauma a obrigar a desistir da carreira de bailarina, a nova coreógrafa do grupo de mesma empresa Twice, desperta em Hyunjin novos sentimentos e o começo de uma relação conturbada, em meio de tudo i...