Capítulo 3

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Leão cinza

Um corpo esguio e magro emergiu da folhagem densa, quase o dobro do meu tamanho. Olhos verdes esmeralda refletiam medo e aflição junto com o brilho da dor, pelos marrons arrepiados e manchados de vermelho cobriam os músculos demarcados. A mandíbula enorme expondo os dentes e arfando. Ele mancava e arrastava uma pata imunda e encharcada do líquido vermelho.

Eu estremeci...a figura a minha frente era realmente intimidante. Meu coração palpitava na garganta enquanto eu recuava para trás.

A criatura foi se aproximando de mim, seu olhar gritava por ajuda.

Ele se aproximou, sua cauda tremia. Antes que pudesse encostar em mim seus olhos se fecharam e ele perdeu a consciência, caindo de lado no chão.

Paralisado, apenas fiquei olhando a figura desacordada na minha frente. Mesmo desmaiado ele resfolegava e parecia ter dificuldade para respirar. Assistir aquela cena me fazia sentir como se perfurassem minha garganta com espinhos...era de fazer o estomago embalar.

Forcei-me a acordar do transe e balancei a cabeça repelindo qualquer pensamento, eu precisava buscar ajuda.

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Nuvem sombria

Algo cutucou meu ombro, confusa eu abri meus olhos devagar e bocejei.

Mesmo com a visão ainda embaçada por causa do sono eu percebia que algo estava diferente...

Leão cinza continuou a cutucar meu ombro e chamar por mim, seus olhos estavam mais arregalados que o normal.

-algum problema?- eu me levanto e retiro a terra do meu pelo.

O gato estava completamente paralisado, a única coisa que se movimentava eram seus bigodes e sua cauda que tremiam de medo.

ele engoliu em seco e respirou fundo:

-Eu estava procurando algo pra gente comer...mas eu acabei encontrando um gato ferido, ele não tem cheiro de nenhum clã...mas fede como os monstros dos duas pernas.

Eu me espantei um pouco. Ele começou a me contar tudo enquanto entrávamos na floresta.

Alguns minutos de caminhada e o cheiro de que ele falou começou a espetar meu nariz como espinhos. No final da trilha de fedor um gato marrom arfava desacordado:

-o que fazemos...?- leão cinza parecia preocupado, seus olhos estavam marejados.

-Não podemos deixar ele aqui para morrer...-comecei a limpar um corte muito profundo na sua pata, parecia a marca de uma mordida.

-você pode buscar teias de aranha, e se possível sementes de papoula caso ele acorde?-perguntei.

-C-claro- o líder sumiu entre as folhagens escuras.

Depois de finalizar a limpeza do corte estanquei o sangue com folhas secas e passei a verificar se ele estava com algum membro quebrado, mas a única coisa possivelmente grave era o corte, era muito fundo e podia pegar uma infecção.

Logo leão cinza chegou com um tufo de teia na boca e um ramo de flores vermelhas.

-Eu achei as papoulas.- ele soltou o tufo e o ramo no chão com cuidado.

Eu peguei a teia e fiz um curativo na perna do felino, o acabamento ficou um pouco grosseiro, mas nada que prejudicasse ele.

Depois de enfaixar arranhões menores ele parou de arfar e agora seu flanco crescia e diminuía em um ritmo mais lento, provavelmente estava em um sono profundo.

-E agora?- leão cinza me olhou um pouco mais aliviado.

-Não sei, acha melhor acamparmos por aqui mesmo e amanhã continuarmos a viagem?

Ele parecia pensar um pouco na proposta:

-Sim...eu estou cansado. Vou acordar a pata de céu e explicar a situação.

Então ele foi na direção das planícies.

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Pata de céu

Eu estava deitada olhando para o por do sol...nuvem sombria não estava mais dormindo perto das pedras, na verdade eu não sabia onde ela estava nem onde leão cinza estava. Mas eu não me preocupei com eles pois eu sei que são dois guerreiros habilidosos.

Me espreguicei e alonguei um pouco meu pescoço.

Vi uma silhueta magra e familiar se aproximando, poucos segundos se passaram e leão cinza não estava mais encoberto pelas sombras de uma pedra.

-Tenho más notícias.-

Levantei as sobrancelhas de surpresa

-Venha-ele continuou e se virou para a mata.

Entramos e andamos por um tempo, até que chegamos perto de uma clareira onde nuvem sombria cuidava de um gato marrom e magro, mas muito grande. Ele estava machucado, mas sua mente parecia mergulhada em um sono profundo...

-Quem é ele?-

-Não sabemos, não tem cheiro de nenhum clã...fede como os monstros dos duas pernas.- ele me respondeu.

-Ele está bem?- respondi

Nuvem sombria cortou a conversa antes que leão cinza pudesse responder:

-Sim, mas esse corte na perna esta feio. Pode piorar.-

Suspirei e joguei a cabeça para cima, precisei de um tempo para processar tudo aquilo:

-Não podemos continuar a viagem com ele...não é?-

-Talvez seja melhor acamparmos aqui mesmo hoje e esperar ele acordar- leão cinza apontou para o gato com a cabeça.

-Certo- respondi e me deitei. Leão cinza fez o mesmo e nuvem sombria se afastou um pouco antes de deitar-se.

O chão da floresta não era tão desconfortável...A noite não estava fria, mas sim com um calor agradável.

Passei um tempo apenas pensando. Formulando teorias: de onde aquele gato tinha saído? Ele era um gatinho-de-gente?....não demorou muito para as minhas pálpebras começarem a pesar e eu adormeci.

Gatos Guerreiros- tormenta (continuação) (descontinuada)Onde histórias criam vida. Descubra agora