Capítulo 4

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Pata de céu

Acordei com um barulho de silvo alto, rapidamente me levantei e escondi a barriga, ficando menos vulnerável a qualquer ataque.

Estiquei as orelhas e fiquei atenta a todos os ruídos, uma conversa distante chamou a minha atenção. Rodei a cabeça e apurei os sentidos, só consegui distinguir a voz de leão cinza.

Demorei um pouco para entender que o sem-clã tinha acordado e agora estava avançando para cima do gato cinzento.

Deslizei em silêncio até um trecho de grama alta, e lá no meio estavam eles.

O líder respirou fundo e acalmou os pelos arrepiados da sua coluna:

-Se acalme, não queremos brigar-

O gato marrom não o escutou, nem hesitou, se jogou para cima do oponente. Felizmente sua perna prejudicada fez com que ele se desequilibra-se, o salto foi torto e leão cinza desviou facilmente.

Quando voltou ao chão, o isolado não conseguiu cair ereto por causa da dor na pata, ele deitado e leão cinza se aproveitou da situação para imobilizá-lo.

O líder se jogou em cima do sem-clã, batendo as patas com força no inimigo.

Leão cinza pressionou o pescoço do maior, diminuindo o ritmo da sua respiração e se debruçou sobre ele, prendendo o gato no chão com o próprio peso. A cauda do inimigo chicoteava furiosa.

-Não queremos nada de você, se acalme. É melhor não tentar pular assim de novo ou pode acabar se machucando mais. – o cinzento respirou fundo retomando o folego.

O gato marrom escuro se debateu tentando sair da imobilização, mas falhou. Ele fitou leão cinza, seus olhos faiscaram de raiva. O mesmo animal remexeu os bigodes, parecia estar pensando.

-Como eu vim parar aqui?- ele miou fechando os olhos. Sua voz era suave e grossa, soava como os pingos da chuva. Seus olhos esmeralda se abriram de novo.

Leão cinza se aproximou.

-Você não se lembra, mas eu te encontrei na floresta. Você desmaiou e então eu te levei para nuvem sombria, ela fez esse curativo na sua perna. -ele direcionou os olhos para as teias de aranha na pata do gato marrom- Não queremos te machucar.

Os pelos arrepiados do gato marrom colaram novamente em sua nuca e sua cauda sossegou ao lado do corpo.

-Por que me salvar?-

-Você só precisava de ajuda, nada de mais. Leão cinza respondeu afrouxando o aperto na garganta do gato marrom.

-Fala logo, vocês querem o que? Independentemente da resposta...eu não tenho nada pra dar.- o isolado fechou os olhos com desgosto, torcendo todos os músculos do rosto.

-Nada, não queremos nada.- leão cinza retrucou imparcialmente, erguendo a coluna.

-Isso é um truque ou coisa do tipo?- o gato marrom pigarreou de raiva franzindo as duas sobrancelhas.

-Acredite se quiser, não vamos te machucar.-

Leão cinza se arrependeu de ter afrouxado, o isolado jogou seu corpo para cima se livrando das patas pesadas do líder e se encolheu próximo a uma das pedras pontiagudas, escondendo os ferimentos.

Leão cinza ameaçou um passo, mas o escuro cortou seu movimento.

-não se aproxime.- o marrom silvou, suas pupilas se afinaram como duas lâminas.

Um silêncio invadiu o campo, a única coisa que pinicava as minhas orelhas eram os murmúrios do vento. Eu engoli em seco e esperei a próxima escolha de leão cinza.

Gatos Guerreiros- tormenta (continuação) (descontinuada)Onde histórias criam vida. Descubra agora